Pagode do Didi e Afoxé Omô Nilê Ogunjá podem virar patrimônio imaterial do Recife

A vereadora Elaine Cristina (PSOL) discutiu dois projetos de lei de sua autoria que considerou serem “de extrema importância para a cultura do Recife”. Um deles foi o projeto de lei Ordinária (PLO) número 106/2024, que considera Patrimônio Cultural Imaterial do Recife o “Pagode do Didi”. O segundo, o PLO número 108/2024, que considera como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife o “Afoxé Omô Nilê Ogunjá”. Após a votação, ambos foram aprovados, na reunião plenária realizada pela Câmara Municipal do Recife, na manhã desta segunda-feira (1º).

Os dois projetos de lei foram aprovados em primeira votação e ainda precisam passar por segunda análise do plenário. Mas, o passo mais importante já foi dado. Depois, seguirão para sanção do prefeito João Campos. Em relação ao primeiro projeto, o PLO 106/2024, Elaine Cristina lembrou que “diversas gerações de músicos, compositores e grupos iniciaram suas carreiras no Pagode do Didi, o qual se tornou, inclusive, um ponto de encontro de nomes nacionais do ritmo: Arlindo Cruz, Almir Guineto, Negritude Jr., Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva, Nelson Rufino, Noca da Portela, Délcio Luiz foram alguns dos nomes que prestigiaram o local”.

Elaine Cristina observou que, desde a sua criação, o Pagode do Didi tem atraído sambistas da região, e tornou-se o primeiro pagode ao ar livre da cidade. Ao longo da sua existência, o pagode foi palco para a “Terça Negra”, Evento criado com o objetivo de promover o encontro de expressões do povo negro. Em 2021, após a Pandemia da covid-19, o bar vivenciou uma renovação de público, atraindo jovens todas as sextas-feiras.

“Destaco também que, em virtude de sua relação com a militância do Movimento Negro, Didi foi destaque da Cultura Negra, Homenagem feita pela Prefeitura do Recife, recebendo o Troféu Terça Negra, em 2009. Além disso, foi o homenageado do 1º Grande Encontro de Samba Autoral de Pernambuco e, em 2010, recebeu o Título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco”.

O segundo projeto de lei, debatido e também aprovado, o PLO número 108/2024,   considera como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife o “Afoxé Omô Nilê Ogunjá. “Este é um grupo cultural e artístico fundado em 4 de outubro de 2004, na comunidade do Ibura. Esse afoxé tem como missão fomentar ações que valorizem a cultura afrobrasileira com o intuito de promover políticas afirmativas e fortalecer a identidade étnico-racial por meio da arte do afoxé nos âmbitos nacional e internacional”.

A vereadora explicou que, em iorubá, “afoxé” significa “a força da palavra”, “o enunciado que faz acontecer” e disse que o Omô Nilê Ogunjá nasceu com o propósito de levar a alegria, a religiosidade e a arte do povo negro para as ruas, unindo dança, música e percussão “ao compromisso de ocupar a comunidade e a cidade, com entusiasmo, beleza e narrativas das tradições de matriz africana”. Segundo ela, ocupar os espaços públicos é ação política e sair em cortejo é agregar o povo negro, fortalecer a comunidade e gerar pertencimento.

Elaine Cristina observou que “pelas ruas do Recife, mas também do mundo à fora, paramentados em azul e branco, os caminhos do Omô Nilê são guiados pelos orixás Ogum, Oxalá e minha mãe Oxum, que seguem trilhando vários caminhos na cidade e no mundo. Não à toa, o Grupo foi batizado, em 2011, pelo Afoxé Filhos de Gandhy – que detém o título de um dos mais tradicionais afoxés do país –, tendo feito apresentações em vários lugares do Brasil”.

O grupo, disse ainda a vereadora, também fez cortejos e apresentações em palcos descentralizados no Carnaval do Recife; shows na Terça Negra participou do Festival de Inverno de Garanhuns; apresentações no Décimo Quarto Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros-GO; Festival Rec-Beat; São João de Arcoverde, entre outros. “Podemos concluir que toda a trajetória deste afoxé e suas ações, estão alicerçadas nos pilares da ancestralidade, da educação social e política, da corporalidade, da exaltação da estética negra e do fortalecimento das culturas africanas, razões pelas quais entendemos merecido o status de Patrimônio Cultural Imaterial do Recife”.

 

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 Em 01.07.2024.