Câmara do Recife presta homenagem ao Dia da Consciência Negra

Para fortalecer e encorajar as ações afirmativas, relembrar as lutas do movimentos negro e destacar a história de pessoas e instituições que contribuem para a promoção da igualdade e equidade racial, a Câmara do Recife promoveu, na tarde desta segunda-feira (25), uma reunião solene, por iniciativa do vereador Marco Aurélio Filho (PV). O plenário da Casa ficou lotado de pessoas que comemoraram o Dia da Consciência Negra em meio a pronunciamentos na tribuna e apresentações culturais do Coco Fulô da Mata, da artista clássica Anita Ramalho, e da cantora Cíntia Barros. A solenidade foi presidida pelo vereador Osmar Ricardo (PT).

Autor da homenagem, o vereador Marco Aurélio Filho salientou que a realização da solenidade em referência ao Dia da Consciência Negra é histórico para a Câmara do Recife. “Não só pela representatividade das pessoas e das instituições que aqui estão, mas porque, pela primeira vez, tivemos o bom discernimento e a ousadia de um presidente da República que sancionou, com muita verdade, o Dia Nacional da Consciência Negra. E é por isso que estamos aqui reunidos. Este foi o primeiro ano em que tivemos um feriado nacional, e reunir todos vocês aqui hoje tem um significado histórico”, afirmou. 

O parlamentar pontuou que José Mariano, patrono da Câmara Municipal do Recife, representou “um instrumento combativo” na história abolicionista. “José Mariano, o patrono desta Casa, fundou o jornal A Província, que representava, naquela época, um instrumento combativo de tudo o que a gente conhece da nossa história. Junto a sua esposa, Olegária da Costa Gama, foi um casal que assertivamente e acirradamente lutou pela libertação dos escravizados, e que muito influenciou naquela época através desse jornal, para que pudéssemos ter um movimento tão necessário e abolicionista”, detalhou. 

Segundo Marco Aurélio Filho, ser representante em um cargo do Legislativo é “procurar pelo menos entender ou ter a empatia” da dor e da vivência do outro, por isso ele foi autor da homenagem. Ele finalizou o seu discurso exaltando a filosofia Ubuntu. “Ubuntu é uma palavra de origem africana, que significa ‘uma pessoa só se torna alguém com auxílio de outra’, ou, na tradução literal, ‘eu sou porque nós somos", destacou. " Nós temos a obrigação de compreender, de abrir esta Casa do povo, para que a gente possa construir uma política antirracista e antidiscriminatória, para todos e todas”. 

A presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil  (OAB-PE), Débora Vanessa, pediu um minuto de silêncio em respeito à tragédia que aconteceu na Serra da Barriga, localizada em União dos Palmares, no interior de Alagoas, em que um ônibus capotou e deixou 18 mortos. Ela destacou, ainda, que a OAB tem se movimentado para incluir as diversidades da sociedade. “A gente entendeu que não podemos mais pedir que falem por nós. A gente tem que falar pela gente, representar a gente em todos os espaços, mas a gente também não pode deixar de saudar e agradecer aos nossos aliados. Ter um ambiente diverso não é um favor que as pessoas brancas fazem para as pessoas negras, pelo contrário. É importante a diversidade, porque vivemos em um país diverso. Eu gostaria apenas de deixar uma reflexão e um grito para que a gente apenas não desista”, disse. 

Por sua vez, a pesquisadora e chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Ana Karla da Silva Pereira, parafraseou o texto “Todas as manhãs acoito sonhos”, da escritora Conceição Evaristo. “Que esse reconhecimento que a gente carrega hoje seja só mais um dia de luta, mas que nos faça acreditar que tudo isso é possível graças aos que vieram antes de nós e aos que virão, que olham para a gente hoje para dizer que é possível. A gente não vai viver só de dores, a gente vai viver de conquistas, com as nossas crianças no colo, vivas, a gente vai viver em um país que, de fato, seja democrático”. 

Já a secretária Executiva e Direitos Humanos do Recife, Elizabete Godinho, falou da importância da solenidade para assegurar, tanto no poder Legislativo quanto no Executivo, os caminhos de reparação que estão sendo tomados no Recife. “Tivemos alguns avanços nesta legislatura do ponto de vista da proposição de leis. A patrimonialização foi um dado nessa legislatura muito significativo do Patrimônio Imaterial. Temos várias personalidades, mestras e mestres que compõem, hoje, esse grande panteão de pessoas e de movimentos, segmentos, manifestações, como Patrimônio Imaterial do Recife. A gente também traz, nessa referência, o trabalho muito forte do vereador Marco Aurélio Filho que, inclusive, tem esse olhar para a periferia não apenas como arte, mas como lugar pulsante de cultura”. 

Também participaram da Mesa de Honra a pesquisadora e chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Ana Karla da Silva Pereira; o  superintendente dos Correios em Pernambuco, Ricardo Santos;  a mestra Laurinete Moraes, do Galpão do Vira; a representante do Instituto Enegrecer, Karina Suellen; e Zenaide Bezerra, Patrimônio Vivo do Recife.

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Em 25.11.2024.