José Mariano: documentos revelam detalhes sobre vida do patrono da Câmara do Recife
Os documentos são uma Certidão de Idade, que ele foi obrigado a apresentar quando ingressou na Faculdade de Direito, em 1866. O outro, é o registro de colação de grau, ou carta de bacharel, que foi oficializado no dia 3 de novembro de 1870. Os dois documentos fazem parte de um arquivo com mais de 150 anos de acervo. Eles foram descobertos quando as bibliotecárias faziam a organização desse acervo, definindo a tipologia de todos os documentos, para digitalização e facilitação de buscas.
Nesse processo, as bibliotecárias descobriram que se tratavam de registros históricos importantes da vida do Patrono da Câmara Municipal, e um dos principais agentes do movimento abolicionista em Pernambuco. Tanto a Certidão de Idade quando a carta de bacharel estão contidas em livros da Faculdade de Direito e são de uma época em que o imponente prédio da faculdade, na frente do Parque 13 de Maio, que hoje é um dos cartões postais da cidade, sequer existia.
A Faculdade de Direito do Recife, quando José Mariano ingressou, tinha apenas 12 anos de existência. Ela funcionava num prédio que existia na Rua do Hospício, esquina com a Rua do Príncipe, centro do Recife. O antigo imóvel foi demolido e deu lugar a um novo onde, atualmente, funciona o Hospital do Exército. Ou seja, ficava a alguns metros de onde hoje está o prédio monumental.
Ambos os documentos recém descobertos estão se desfazendo, com a ação do tempo. Eles não podem ser manuseados, mas a Faculdade de Direito já os digitalizou e pretende disponibilizá-los na forma eletrônica, para pesquisas. O primeiro encontrado foi a Certidão de idade, comprovando que José Mariano estava com 16 anos, idade permitida para o ingresso na instituição de ensino. Ela foi assinada pelo Monsenhor Prelado Apostólico Joaquim Pinto dos Santos, que escreveu, em letra cursiva, que José Mariano nasceu em 8 de janeiro de 1850, no Engenho Lages, freguesia de Escada, filho do tenente coronel Mariano Xavier Carneiro da Cunha e Aurélia Honória Carneiro da Cunha.
A declaração afirma, também, que ele foi batizado em solenidade realizada na casa do avô materno, o coronel José Pedro Veloso da Silveira, às 16h, do dia 5 de agosto de 1850, e que os padrinhos foram o bacharel João Carneiro da Cunha (também tio) e a madrinha, dona Hermínia da Silva Carneiro da Cunha, mulher do padrinho.
O segundo documento, que é o registro de colação de grau, diz que José Mariano “foi aprovado plenamente no mesmo dia [do registro de colação, 3 de novembro de 1870] sendo diretor [da faculdade] o Visconde de Camaragibe; e o presidente do ato de juramento o senhor Pedro Autran da Matta de Albuquerque; e o secretário interino o bacharel Manoel Antônio dos Passos e Silva”. O novo advogado, que viria a se transformar em prefeito do Recife, vereador e grande abolicionista, pagou 11 mil reis pelo custo de diploma, segundo o registro. Entre os seus colegas de turma, estava Joaquim Nabuco, de quem se tornou amigo e companheiro na luta abolicionista.
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Em 19.12.2024