Insegurança no Metrô é tema de audiência pública

As ocorrências de homicídio, assaltos e furtos dentro dos trens, além das depredações de vagões e plataformas em dias de jogo na Arena Pernambuco, formam um clima de insegurança para os usuários e funcionários do metrô do Recife. Por isso, a Câmara Municipal realizou audiência pública, na manhã desta quinta-feira, 29, no plenarinho, por iniciativa do vereador Davi Muniz (Pros), e presidida por Aderaldo Pinto (PRTB). Para eles, a falta de segurança ultrapassou o limite da tolerância, exigindo esclarecimentos por parte da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), operadora dos serviços.

Por muito tempo, o metrô do Recife foi referência de segurança no sistema de transporte público de passageiros, de acordo com justificativa da audiência. Viajava-se tranquilo, sob a vigilância dos “homens de preto” – como eram chamados os policiais ferroviários – circulando pelos vagões. Mas, eles sumiram sem que substitutos fossem postos. E abriu-se um vácuo na vigilância. Os casos de roubo, furto e assaltos começaram a ocorrer e o temor de que bandidos armados apareçam se instalou em todas as linhas. Os caixas-eletrônicos das estações foram fechados devido a arrombamentos. Num dos casos, assaltantes foram mortos dentro de um vagão, após troca de tiros com policiais.

O metrô do Recife transporta em torno de 400 mil pessoas por dia e dispõe de seguranças da empresa e terceirizados. Mas o efetivo é insuficiente para garantir a tranquilidade dos usuários. Fizeram parte dos debates o coordenador da Associação Nacional do Transportador e Usuários de Estradas, Rodovias e Ferrovias, Frederico Haeckel Alves da Cunha; o presidente da Associação dos Policiais Ferroviários Federais em Pernambuco, Emanoel Augusto dos Santos Lima; o gerente Operacional  de Segurança Empresarial, Joelson Chaves; o gerente regional de Operações, Rogério Fernandes; o coordenador da Câmara de Engenharia Ferroviária e vice-presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco, André Lopes.

“Os casos de violência estão comprometendo o metrô como meio de transporte. No Recife, ele é fundamental para as classes mais populares. Hoje, não há mais os policiais ferroviários. Mas veja se o aeroporto, por exemplo, está com o mesmo problema que o metrô”, comparou Emanoel Augusto dos Santos Lima. Já Frederico Haeckel disse que a segurança é apenas um dos graves problemas enfrentados no metrô. Há outros como superlotação, plataformas e carros pequenos para comportar a demanda de usuários e invasão de camelôs.

“Todos os dias há notícias de insegurança. Já houve assaltos nas plataformas, explosão de bilheteria, assassinato e explosão de caixa eletrônico. Sem contar com as depredações em dias de jogos. É preciso conter essa violência para que ela não inviabilize o metrô como transporte público”, afirmou Frederico Haeckel. Ele exigiu um comprometimento da atual gestão da CBTU para solucionar esses problemas e apresentou três sugestões para conter a violência: a volta da Polícia Ferroviária Federal, convocação de guardas aprovados em concurso de 2014; e policiamento no entorno das estações.

Representante da CBTU Recife, Rogério Fernandes reconhece que os padrões de segurança no metrô estão longe do real. “Mas somos limitados por questões legais. A CBTU é uma operadora que depende das decisões dos técnicos do Ministério das Cidades”, alertou. Hoje, segundo ele, o metrô tem 477 seguranças, divididos entre os funcionários da empresa e os terceirizados. “Eles fazem segurança de estações, na parte interna dos trens; do patrimônio e são usados nas rondas. É um efetivo pequeno pra atender à demanda”, disse. Mais adiante Fernandes explicou que os contratados são apenas 105 (os demais, terceirizados) e que há um estudo interno da CBTU que aponta para a necessidade de 756.

Rogério Fernandes disse ainda que a CBTU está realizando licitação para obras nos trens do tipo VLT que fazem a linha do Cabo e do Curado. Será  feita uma análise dos trilhos (a chamada ultrassom). Joelson Chaves, também da CBTU, disse a situação de insegurança no metrô gerou um Plano de Ação, que foi encaminhado ao Ministério das Cidades, em agosto. Ele lembrou ainda, que para amenizar os problemas, foi firmada uma parceria com as polícias civil e militar para evitar as depredações nos dias de jogos na Arena Pernambuco. Mas, até a oficialização desse convênio com as polícias, segundo ele, depende de iniciativas do Ministério das Cidades e Governo do Estado.

O engenheiro André Lopes alertou que o metrô do Recife está trabalhando com sua capacidade máxima. A superlotação, garantiu, impede até mesmo o trabalho da segurança. A solução, em seu entendimento, passa pela ampliação física do metrô. “É preciso que se planeje um aumento do número de carros, aumento das plataformas, dos vagões e criação de novas linhas, além de melhorias no sistema de finalização”, observou. Mas, lembrou, tudo isso passa por novos investimentos de recursos federais.

 

Em 29.10.2015, às 12h30.

registrado em: aderaldo pinto