Vereadores debatem obras do terreno da fábrica de estopas da Caxangá
O plenarinho da Câmara Municipal do Recife ficou lotado pelos moradores do Sítio do Berardo, que reclamaram da descaracterização do projeto original e do atraso das obras. Um atraso duplo, segundo os participantes da audiência pública, pois verifica-se lentidão no atual andamento das obras, que por sua vez são esperadas nas diversas gestões municipais. Fizeram parte da mesa de debates o diretor Executivo de Engenharia da URB, Gildo Lafayete Filho, que é gestor do projeto; o secretário Executivo de Infraestrutura da Secretaria de Educação do Recife, Carlos Eduardo Muniz, o representante do Instituto Pelópidas da Silveira, Fernando de Alcântara, além dos vereadores Aderaldo Pinto e Eriberto Rafael.
A realização da audiência pública, disse o vereador Aderaldo Pinto, atendeu aos apelos dos moradores da comunidade, onde é grande expectativa sobre a execução das obras que trarão equipamentos públicos, mas também reduzirão problemas sociais graves. Enquanto elas estão em ritmo muito lento, segundo os participantes da audiência, há queixas de que, no entorno do terreno, com a falta de iluminação, há muitos casos de violência, prostituição e ponto de encontro de usuário de drogas. O diretor Executivo de Engenharia da URB, Gildo Lafayete Filho, apresentou slides com fotos e dados do projeto. As obras da Praça de Esportes e Cultura Caxangá não estão paradas, garantiu. “O projeto está sendo executado”, afirmou.
Ele informou que a obra, feita através da Esco Engenharia, está orçada em R$ 5 milhões, 267 mil, 843,46 e o prazo de entrega é março do próximo ano. “O parque terá acesso livremente pela Avenida Caxangá. Ele será contemplado por um prédio principal no bloco 1, que funcionará como área administrativa, terá banheiros, área para exposição e um cineteatro para 120 pessoas”, disse. Segundo Gildo Lafayete já foi realizada toda a terraplenagem e a construção do bloco já foi iniciada. “Depois de termos feito a sapata do prédio, já estamos concretando os pilares”, assegurou. Já o secretário Executivo de Infraestrutura da Secretaria de Educação do Recife, Carlos Eduardo Muniz, garantiu que “este projeto grandioso será construído”, embora esteja dependendo de liberação de recursos da União. Ele lembrou que o Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Alcides Tedesco, que também vai compor o parque, já está em funcionamento, atendendo a mais de 200 crianças de zero a cinco anos.
O líder comunitário Ângelo Felipe, do Grupo de Lutas, fez um breve histórico do Sítio do Berardo e a importância da fábrica de estopa, que vem desde as décadas de 1920 e 1930, na formação da comunidade. Em 2007, o então prefeito João Paulo decretou o terreno da antiga fábrica, que já estava sem uso, como área de utilidade pública. Em dezembro de 2008, disse ele, o terreno foi desapropriado. “Foi então que passamos a participar, no mesmo ano, do Fórum de Entidades, quando definimos a construção da escola e da área de lazer como prioridades, no orçamento participativo”, disse. A construção da biblioteca Mais Cultura e do Semei foram decisões posteriores. “Também definimos que teríamos um CRAS, mas agora soubemos que ele não será mais construído no projeto do parque. Este ano, fizemos duas manifestações e foi por isso que, no dia 12 de maio, a Prefeitura do Recife mandou fazer o serviço de topografia”, disse.
A líder comunitária Taís Silva lembrou que a construção do projeto precisa seguir o que foi decidido pela comunidade. “Ficou acertado que a construção da biblioteca será paralela à realização de oficinas educativas na comunidade. Nunca ocorreram. Sem contar que essa biblioteca já devia ter sido construída há cinco anos”, disse. Ela também reclamou que os arcos da Praça de Esportes e Cultura Caxangá, previstos para constarem no lado que dá acesso à avenida, também já não fazem parte do atual projeto. Eles iriam aproveitar o muro da antiga fábrica e os técnicos já descartaram essa possibilidade porque dizem que a manutenção do muro pode encarecer o projeto. “Além disso, o CRAS não será mais construído. Isso significa que o projeto está descaracterizado e nós não participamos da flexibilização do projeto”, disse.
Clique abaixo e assista o vídeo da audiência pública:
Em 18.06.2015, às 12h20.