Wilton Brito realiza audiência pública sobre ataque de tubarões no Recife
A audiência pública contou com a presença de biólogos, ativistas ambientais e especialistas que trabalham com o fenômeno dos ataques a tubarão na orla do Recife. Formaram a mesa, além do vereador Wilton Brito, o representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Luiz Roberto de Oliveira; o gerente de Proteção Ambiental de Suape, Marcos Antônio Alves; o coronel do Corpo de Bombeiros Gustavo Falcão; e o deputado estadual Eduíno Brito. “A armadilha é um equipamento eficaz, de acordo com os resultados que o professor Fernando Encarnação vem colhendo. Vale a pena apresentá-lo nesta audiência, para que façamos um relatório embasado para ser apresentado ao Poder Executivo abordando o potencial do equipamento”, disse o vereador. A armadilha já tem patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Além de apresentar um protótipo da armadilha seletiva de tubarões, no plenarinho da Câmara, o professor Fernando Encarnação exibiu slides explicando a teoria do funcionamento dela e alguns filmetes que já foram exibidos em reportagens de televisão com o invento. A armadilha tem o formato de uma tartaruga. Ela não usa isca, combustível, baterias com produtos químicos, mas energia solar. Segundo o professor, ela não tem outro uso senão o de capturar tubarões. “Também não pega outro animal marinho e pode ser instalada paralelamente à linha da praia, no local onde ocorrem os acidentes. O equipamento permite capturar o tubarão vivo e ele continuará na água, respirando, nadando normalmente em torno da armadilha, até que seja levado para a praia”, disse o professor. Depois de ser fisgado pela armadilha, o peixe é rebocado com vida através de um veículo chamado de ‘rebotuba’. Na praia, receberá um geoposicionador, que é um chip de localização e identificação”, explicou.
A armadilha não é um artefato de pesca. Ele fica boiando e produz sons e movimentos que lembram uma tartaruga, fonte de alimento do tubarão. Se esse animal sai do mar (a armadilha não atrai o tubarão que está no mar), mas se ele vem pra a praia, é atraído pela armadilha, pois o seu cérebro vai identificá-lo como fonte de alimento. E ataca o equipamento que tem patas feitas com um material específico e que permitem a elas ficarem boiando. No momento do ataque, as patas liberam um fio de aço, que mantém o tubarão preso, embora não o imobilizem. O equipamento é dotado de placas que enviam uma mensagem para a base informando que um tubarão está preso. Após ser rebocado e receber o chip (operação que dura menos de 15 minutos, segundo o professor), o animal é devolvido ao mar. Os pesquisadores, com o chip, receberão informações sobre o animal, seus hábitos e para onde ele está se dirigindo.
O representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Luiz Roberto de Oliveira, fez uma pergunta ao doutor Fernando Encarnação, que inventou a armadilha: “Por que o tubarão voltará a ser solto, depois de receber o chip, no mesmo lugar em que foi apreendido?”. Ele respondeu que a ideia não é matar o animal, mas conhecer os hábitos em seu nicho. Luiz criticou, em seguida, o invento, porque ele não tem o objetivo de dar segurança ao banhista. O gerente de Proteção Ambiental de Suape, Marcos Antônio Alves, também presente à audiência, parabenizou o professor pelo invento e o vereador Wilton Brito pela realização da reunião.
O coronel do Corpo de Bombeiros Gustavo Falcão, por sua vez, achou interessante o invento apresentado por Fernando Encarnação, mas disse que a instituição que representa só poderá ser pronunciar sobre a eficácia da armadilha para tubarões depois que ela seja apresentada e testada pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). “Depois disso é que o Corpo de Bombeiros poderá expressar uma opinião”. O deputado estadual Eduíno Brito disse que pretende propor a realização de audiência pública para tratar do mesmo tema. “Nós temos a tendência de valorizar os inventos de outros países. Por que não valorizar o que é nosso?”, questionou.
Em 09.06.2015, às 13h05.