Oficina de Vivências Inclusivas: desafios à acessibilidade

Foram três manhãs dedicadas a palestras e atividades práticas que tiveram em comum a acessibilidade e a inclusão. Assim foi a Oficina de Vivências Inclusivas, promovida pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal do Recife, direcionada aos servidores da Casa. De quarta (16) a sexta-feira (18), estiveram em pauta, no plenarinho, os desafios enfrentados por pessoas com deficiência auditiva, visual e física.

De acordo com o censo demográfico de 2022, no Brasil são quase 19 milhões de pessoas com 2 anos ou mais que possuem algum tipo de deficiência, representando 8,9% da população brasileira nessa faixa etária. Já em Pernambuco são 950 mil pessoas com deficiência e no Recife, 182 mil pessoas. O país conta, há mais de nove anos, com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a lei federal nº 13.146 de 6 de julho de 2015.

Mas os desafios diários enfrentados por pessoas que têm deficiência física, auditiva, intelectual ou visual – não constam em dados numéricos. São barreiras tecnológicas, de transportes, de comunicação, urbanísticas, arquitetônicas e sobretudo atitudinal. Os palestrantes da Oficina de Vivências Inclusivas foram unânimes em afirmar que o preconceito, a discriminação ou outros comportamentos e atitudes, muitas vezes, impedem uma maior participação social das pessoas com deficiência.

“Ter uma deficiência não define a trajetória de uma pessoa”. A afirmação foi feita em um vídeo exibido nesta sexta-feira (18), durante a palestra da dançarina, coreógrafa e empresária Nina Sousa, que nasceu com osteogênese imperfeita, uma doença rara conhecida como "ossos de vidro". Sua trajetória envolve a força amorosa da sua mãe, dona Lourdes; os cuidados médicos no Hospital das Clínicas de Pernambuco e a oportunidade do primeiro estágio. A partir daí, a menina ganhou o mundo e tornou-se uma mulher independente. Em cadeira de rodas, ela é pentacampeã nacional em dança esportiva e tricampeã do Recife Forró. Também foi rainha do Carnaval do Recife, em 2023.

O segundo dia da Oficina de Vivências Inclusivas, nesta quinta-feira (17), foi dedicado à acessibilidade para pessoas cegas e teve como palestrante Paulo Fernando, que é presidente da Associação Pernambucana de Cegos (Apec) e presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Recife (COMUD/Recife). Ele também é funcionário público e professor. O bom humor foi a tônica das histórias que contou sobre a sua rotina, seja atravessando uma rua ou viajando de avião.

“Eu tenho sempre dito que a principal barreira que a gente enfrenta no dia a dia são as barreiras atitudinais. É o comportamento das pessoas para conosco, que muitas vezes são comportamentos preconceituosos. A gente ainda passa muito por discriminação”, afirmou Paulo Fernando. “É preciso mudar e ver que nós somos pessoas, sujeitos de direitos e deveres, que precisam ter na sociedade uma inclusão plena a partir da mudança do comportamento das pessoas”.

Durante a Oficina de Vivências Inclusivas, além das palestras e debates, os servidores da Câmara Municipal do Recife participaram de várias dinâmicas, como percorrer áreas da Casa de olhos vendados, usando bengala ou usar uma cadeira de rodas. Os funcionários também conheceram e exercitaram expressões e o alfabeto em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e em Braille. O objetivo das atividades propostas é conhecer as questões relacionadas às pessoas com deficiência e aprimorar o atendimento ao público que chega à Casa de José Mariano.

 Clique aqui e saiba como foi o primeiro dia da Oficina de Vivências Inclusivas.

Em 18.10.2024