Cida Pedrosa lembra os 89 anos do voto feminino no Brasil

Os 89 anos da conquista do voto feminino no Brasil serão comemorados amanhã, quarta-feira, dia 24 de fevereiro. Para marcar a data a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) fez discurso na Câmara Municipal do Recife. Ela ocupou a tribuna da reunião Ordinária desta terça-feira (23), realizada por videoconferência, quando resgatou fatos históricos.

A vereadora Cida Pedrosa disse que a história das conquistas políticas das mulheres é recente e permanente. “A luta pela emancipação feminina remonta ao século 18, com a publicação da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã por Olympe de Gouges, em 1791, como um protesto pela Revolução Francesa não ter garantido às mulheres o direito ao voto”.

Pela ousadia, Olympe de Gouges acabou condenada à morte na guilhotina dois anos depois, disse a vereadora, sem conquistar o tão sonhado direito. “As francesas só votariam pela primeira vez em abril de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial”. Ainda de acordo com Cida Pedrosa, foi no início do século 20 que a luta das sufragistas, como ficaram conhecidas as ativistas pelo voto das mulheres, ganha corpo pelo mundo afora.

“Na Inglaterra, em 1908, a campanha pelo direito de votar resultou num protesto que reuniu 500 mil pessoas no Hyde Park, em Londres”, resassaltou. A vereadora afirmou que em alguns países da Europa, essa batalha confundia-se com a dos trabalhadores por mais direitos e contra a exploração. “Não é por acaso que a Rússia está entre os primeiros países onde o direito ao voto feminino foi assegurado, ato contínuo à revolução de 1917”.

Aqui no Brasil esse direito também não foi adquirido sem luta, conforme disse a vereadora. Em 1890, quando o país se preparava para ter sua primeira Constituição republicana, a escritora Josefa Alves de Azevedo produziu a peça teatral “O voto feminino”. Mas o movimento sufragista só surgiu em 1910, liderado pela professora Leolinda de Figueiredo Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino.

A luta pelo voto também contou com a participação da zoóloga Bertha Lutz, fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 1922, entidade vinculada ao movimento sufragista internacional. “Em 1932, Bertha foi uma das duas mulheres nomeadas para integrar a comissão formada para elaborar o anteprojeto da nova Constituição. O direito ao voto veio no governo provisório de Getúlio Vargas em 1932. Mas era obrigatório apenas para servidoras públicas”, disse.

A vereadora contou que o direito ao voto só foi ampliado a todas as mulheres com a Constituição de 1946. Duas pernambucanas, segundo ela, foram fundamentais nesse período, as escritoras e poetisas Marta Holanda e Edwirges Sá Pereira, que foram convidadas e debater a Constituição de 1946.

“Após esse longo percurso, conquistamos o direito de eleger nossos representantes, mais ainda estamos distantes de alcançar a paridade nos espaços de poder político, vide a representação dessa Casa legislativa, onde dos 39 parlamentares, apenas sete são mulheres. Somos apenas 11% dos vereadores da Região Metropolitana do Recife, quadro que se repete na maioria das cidades do país. Essa desigualdade compõe um retrato indesejado de nossa cidade, do nosso país. Afinal, como dizia o filósofo e economista François Charles Fourier, o grau de emancipação das mulheres é a medida natural da emancipação geral da sociedade”.

Cida Pedrosa disse ainda que o Recife é “uma cidade fêmea” pois 56% da população é composta por mulheres. “Mas, somos apenas sete na representação política da cidade. Eu sou de um partido político que tem uma mulher na presidência e nós vamos realizar conferências em defesa da emancipação da mulher em níveis nacional, estadual e municipal”, disse.

A vereadora Dani Portela (PSOL) pediu um aparte. “Não é à toa que o Dia da Conquista do Voto Feminino foi instituído no Brasil pela primeira mulher eleita presidente, Dilma Rousseff. Ela, quando esteve no cargo, foi tratada de forma violenta e machista, o que retratou bem como a mulher é tratada nos espaços públicos e na política, no Brasil. O fato é, neste País, poucas mulheres ainda ocupam cargo de poder e a luta é constante”, observou.


Em 23.02.2021.