Bancada feminina debate impactos econômicos da pandemia na vida das Mulheres
A reunião pública fez parte das homenagens da Casa de José Mariano ao Dia Internacional da Mulher, que foi celebrado ontem, segunda-feira (8). O tema foi: “Os Impactos Econômicos da Pandemia, na vida das Mulheres". A bancada feminina da Câmara do Recife é formada pelas vereadoras Ana Lúcia (Republicanos), Andreza Romero (PP), Cida Pedrosa (PCdoB), Dani Portela (PSol), Liana Cirne (PT), Michele Collins (PP) e Natália de Menudo (PSB). Todas compareceram à reunião virtual.
A abertura foi feita pela vereadora Cida Pedrosa, que preside a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e coordenou a reunião. Poeta, ela fez a saudação das convidadas com versinhos que compôs especialmente para o encontro. Cida disse que daria a palavra às parlamentares, pela ordem alfabética.
A primeira a falar foi a vereadora Ana Lúcia. Ela disse que as mulheres é que estão sofrendo as maiores conseqüência com a pandemia da covid-19. “Até porque somos maioria na sociedade; entretanto não é somente por esta lógica, mas também porque fomos jogadas numa rotina tenebrosa e cruel. Temos que cuidar da casa e ser suporte da família. Sobra, ainda, para nós, a tarefa de sermos fortes para suportar esse fardo tão pesado”. Ana Lúcia expressou a gratidão a Deus “pelo fato de estarmos vivas nessa pandemia que tem ceifado tantas vidas”.
A mais jovem vereadora da Câmara do Recife, Andreza Romero falou em seguida. Ela lembrou que a Câmara do Recife tem 39 vereadores e, desses, “apenas sete são mulheres. É um número tímido, mesmo assim é o maior da historia do Legislativo Municipal”. A vereadora lembrou as lutas e os obstáculos que as mulheres têm enfrentado na pandemia. “São muitos os desafios. Nessa luta diária, médicas, enfermeiras e técnicas têm ajudado a muitos, mas ganham menos que os colegas do sexo masculino”. Ela falou, ainda, da violência de gênero e doméstica que aumentou nos últimos meses.
A vereadora Dani Portela foi a terceira a falar. Ela saudou a iniciativa da Comissão da Mulher e se disse feliz. “É importante um espaço como este para entendermos que somos plurais e diversas. No mês da mulher, isso também mostra a nossa unidade”, afirmou. Ela falou ainda da condição da mulher negra nos espaços de poder. “Nossa luta enquanto mulher tem sido pela igualdade de gênero. Mas além do machismo, nós mulheres negras lutamos contra o racismo”. Segundo ela, na pandemia, a desigualdade de classe, raça e gênero não é sentida da mesma forma pelas pessoas..
Na sequência, falou Liana Cirne. Ela fugiu do tema do debate e homenageou uma conterrânea de sua avó. “Sou neta de uma potiguar, do município de Nisia Floresta. Essa mulher foi a primeira educadora feminista do Brasil. Fundou a primeira escola para mulheres, foi protagonista da luta do voto das mulheres e autora de livros. Foi uma mulher nordestina, referência no mundo inteiro”. Nísia Floresta, disse a vereadora, foi defensora de índios, escravos, lutou pela República e foi abolicionista. Mas, nós discutimos Simone de Beauvoir e não Nisia Floresta”, lamentou.
A vereadora Michele Collins, por sua vez, elogiou as sete mulheres que compõem a bancada feminina. “São mulheres de respeito e de excelência. Sábias, que sabem o que querem”. Michele Collins observou que, mesmo com as diferenças, “estamos unidas na nossa missão de garantir as políticas públicas em favor das lutas das mulheres”. Ela lembrou, ainda, a mulher virtuosa que é citada na Bíblia Sagrada. “Aqui, temos muitos exemplos de mulheres virtuosas” e finalizou dizendo que a participação da mulheres tem feito total diferença no combate à pandemia no Recife.
No seu discurso, a vereadora Natália de Menudo apresentou dados sobre os problemas econômicos decorrentes da pandemia que atingem ainda mais a população feminina. “As mulheres são as que mais sofrem porque também são maioria nos trabalhos informais e no setor de serviços”. Natália de Menudo observou que as mulheres estão sobrecarregadas porque estão na linha de frente dos cuidados dos enfermos, idosos e crianças. Ela propôs, como forma de ajudar às mulheres, a criação de um Pacto Municipal de Resgate do Empreendedorismo Feminino nas periferias.
A presidente da Comissão da Mulher na Câmara do Recife, vereadora Cida Pedrosa, encerrou a reunião pública fazendo uma reflexão. “Vivemos uma crise econômica, política e sanitária muito difícil. Uma crise em que as mulheres sofrem muito mais. Somos maioria nos índices de mão-de-obra desempregada, temos que acalentar nossas famílias e as de periferia ainda têm que matar a fome dos filhos”. A fome e a crise, disse ela, têm nome e sobrenome: o presidente Jair Bolsonaro, que “rasgou a nossa cartilha de direitos. Mas a nossa luta e os desafios só nos unem”.
Em 09.03.2021.