Dani Portela comemora Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial
Dani Portela começou o seu discurso questionando o que é discriminação racial? Ela mesma respondeu: “Muito se fala sobre o tema, mas ainda persistem dúvidas sobre de que forma ela está presente em nossas vidas”. Ela explicou que, de acordo com o artigo 1º da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1969, discriminação racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida.
Para a vereadora, o dia 21 de março é uma data para se reafirmar a luta que acontece todos os dias. “Luta que aqui em Recife é feita por pessoas mulheres e homens negros que tanto admiro. São tantos nomes importantes como Inaldete Pinheiro, Mônica Oliveira, Vera Baroni que seguem firmes na luta antirracista na nossa cidade”. Apesar da luta, segundo ela, a discriminação racial está no cotidiano de forma “sutil e truculenta”. E citou dados do IBGE constatando que entre os 10% com os piores rendimentos per capita no Brasil, 75,2% são negros. “Já na outra ponta, o grupo dos 10% mais ricos é formado de 70,6% de brancos. Quando vemos os percentuais dos mais pobres, brancos 23, 7%”, afirmou.
A vereadora disse, ainda, que dados do Atlas da Violência mostram que 75,5% das vítimas de homicídio no país são de pessoas negras e que a taxa de homicídios de pessoas negras cresceu em 11,5% em 11 anos, enquanto os demais caíram em 13%. “Outro dado chocante é 83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico no Brasil são negros”. Nesse ponto, citou o caso do massagista de 27 anos do Náutico, Paulo Mariano, que, recentemente, passou 23 dias preso no Cotel acusado de participar de um assalto a um ônibus em 25 de dezembro de 2018 e que foi identificado por reconhecimento facial. “Mesmo apresentando provas que estava com a família na data e no horário, ainda terá que provar sua inocência, pois está apenas em liberdade provisória”, afirmou.
Além disso, a população negra, de acordo com a vereadora, tem quase 3 vezes mais chances de ser analfabeta do que a população branca. Em 2019, 3,6% das pessoas brancas com mais de 15 anos eram analfabetas, já entre as pessoas negras, esse percentual chega a 8,9%. Esse acesso à educação se reflete, inclusive, nas oportunidades que as pessoas vão ter. “Assim, parem para pensar nos cargos de gerência das grandes empresas. Esse simples exercício revela o quão distante essa população está desses cargos de poder, não é por acaso que, em relação a cargos gerenciais, 68,6% são ocupados por brancos e dos juízes brasileiros, 80,3% são brancos
Atualizando os exemplos, Dani Portela disse que no caso da pandemia de Covid19, o Brasil é pródigo na discriminação racial. “Há dados alarmantes nesse sentido, pois 4,3 milhões de alunos negros, pardos e indígenas da rede pública escolar no Brasil ficaram sem atividade. Já entre os alunos brancos, esse número foi de 1,5 milhão, quase três vezes menor, conforme aponta estudo feito pelo Cebrap. São estudantes que não têm acesso à internet ou a condições adequadas para o ensino remoto e que sofrem mais fortemente as desigualdades sociais”.
Dani Portela disse, ainda que, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, o Brasil é o país onde mais morrem gestantes por Covid19. Em estudo publicado em setembro, foi apontado que as grávidas pretas precisaram ser internadas em Unidades de Tratamento Intenso 1,4 vezes a mais que as brancas, além de terem o dobro de chances de precisar de ventilação mecânica. Além disso, têm quase o dobro de chances de morrer por conta do vírus do que as grávidas brancas. Mesmo a população negra sendo 54% da população brasileira, a cada 2 pessoas brancas vacinadas, apenas 1 negra foi vacinada.
Em 23.03.2021.