Audiência pública debate sobre alagamentos no Recife
O vereador Zé Neto pontuou que o Recife tem 69 pontos críticos de alagamento. Disse que não há soluções simples e rápidas, sem contar com a necessidade de financiamento. Falou sobre métodos sustentáveis de drenagem, citando o sistema de comportas Derby/Tacaruna, os micro reservatórios da cidade, pontuando que este era o motivo do encontro. “Queremos saber como funciona o saneamento da cidade e quais as ações que a PCR vai realizar”.
Logo no início da apresentação, Pedro Oliveira, engenheiro da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), discorreu sobre a história do saneamento básico e a urbanização da cidades, abarcando desde o século 19, a Revolução Industrial, até os dias de hoje. Ele falou da com ocupação irregular, impermeabilização dos solos e crescimento populacional. “Na década de 1940, o Recife tinha 530 mil habitantes e hoje chegamos a 2 milhões”. Além disso, citou números do Recife e ações em andamento, como as obras da Estrada do Encanamento, na Zona Norte. bem como pontos de alagamentos e a manutenção preventiva,
Pedro Oliveira fez uma explanação técnica seguida de gráficos e números para demonstrar a relação da cidade com os rios e práticas de saneamento. “Passamos do conceito higienista dos séculos passados para o ambientalista, onde a população busca a convivência com seus rios. Temos 99 canais com cerca de 120 quilômetros cadastrados na empresa e seus principais rios e afluentes".
Segundo ele, a Prefeitura trabalha com manutenção preventiva e corretiva, com monitoramento. “Temos pontos de alagamentos que são mitigados dentro do conceito ambientalista e tem sido positivo”. Há obras na Estrada do Encanamento, revitalização do canal do Parnamirim que deve melhorar as condições dali. Essas obras diminuem os alagamentos e o tempo de escoamento, com duração menor de tempo.
Desde 2008 vem sendo realizadas obras de reservatório de retenção de águas. Em 2016 o Plano Diretor de Drenagem do Recife estabeleceu o manual para manejo de águas fluviais, com técnicas compensatórias, cadastro dos canais, análises criteriosa do sistema de drenagem, relatório de impacto preliminar, e em 2019, próximo ao Geraldão, foi feito reservatório de trincheira, solução mista onde a águas vão para o sistema atrás do Ginásio. Também participaram do debate, outros representantes da Emlurb, a exemplo de Juliana Aueiz e Sérgio Matos.
Elaine Hawson, engenheira da Defesa Civil do Recife disse que cerca de 54 pontos de alagamentos de localidades de risco cerca de 44%, com risco mais alto por suas características, estão recebendo manutenção. Disse ainda que as lonas plásticas são colocadas em 16 mil pontos por ano e que são mais 3 milhões de metros quadrados de colocação. Ela afirmou que é feito um trabalho preventivo e que, este ano, já foram colocados em mais de 3 mil pontos, sendo mais de 1 milhão de metros quadrados de lonas. “Fazemos obras de pequeno e médio portes e a população recebe muito bem”.
Já Lúcia Soares, da URB, disse que a Autarquia participa do processo fazendo licitações e realizando acompanhamentos de algumas áreas. “Estamos trabalhando em 13 canais, dos quais três foram concluídos, três licitados, e outros ainda a licitar. O canal do Parnamirim terá 375 metros para o trecho 1. Todos eles estão dentro do PAC Canais, incluindo limpeza e pavimentação de ruas. O do Caiara que terá R$ 384 mil de investimento para limpeza e extensão das vias, está aguardando ordem de serviço”. Ela disse ainda que as margens das palafitas estão sendo urbanizadas.
O representante do bairro do Ipsep, conhecido como Beline, disse que gostaria que as comunidades tivessem pequenas cooperativas que recolhessem o lixo reciclado, na tentativa de diminuir o lixo nos canais e rios. Segundo ele, as cooperativas ajudariam na retirada desse lixo que pode ser reciclado, além de criar renda para a comunidade. “Deixo como sugestão para os técnicos da Prefeitura”. Sérgio Matos, diretor de Manutenção Urbana da Emlurb, disse que a diretoria de limpeza urbana já mantém o programa de cooperativas de reciclagem de materiais.
O vereador Alcides Cardoso questionou sobre quais seriam as cinco ações prioritárias a se realizar, considerando o período das chuvas. Os representantes da Emlurb explicaram que os trabalhos que desenvolvem são para mitigar os danos causados pelos alagamentos. Segundo eles, sempre antes do início dos meses de março e abril, a Emlurb programa a manuntenção e limpeza do sistema de canais, o que representa a macrodrenagem, trabalhos de microdrenagens desse sistema, além de outros serviços, tratando os pontos críticos de alagamentos nas vias.
O vereador Felipe Alecrim afirmou que seria necessário um trabalho de conscientização da população sobre descarte de lixo, além do trabalho e ações da Prefeitura. Lembrou que esteve no Jequiá para fiscalizar Canal de São Pedro e que mesmo em dias sem chuvas as águas transbordam para as casas das pessoas. Ele cobrou soluções efetivas. O engenheiro da Emlurb, Pedro Oliveira, disse que a revitalização do Rio Jequiá está sendo feita desde 2014 com dragagem do rio e do rio Tejipió, entre a avenida Recife até a foz desses rios. “Teve investimento do Governo Federal e para a revitalização há projetos em andamento dependendo de recursos federais”.
O Vereador Chico Kiko ressaltou a importância da audiência no sentido de tirar duvidas sobre de quem é a obrigação da finalização dos serviços, pois, segundo ele, são muitos órgãos envolvidos. Lembrou como exemplo que a Compesa faz o buraco, depois coloca areia e não fecha. Lembrou que o Recife possui legislação obrigando os órgãos a concluírem os serviços, sem danificarem outros.
Celecina Pontual disse que a contaminação de águas pelos esgotos só estão agravando ao longo dos anos apesar do trabalho que é feito pelos órgãos públicos, mas é preciso propor ações concretas para a mudança de paradigmas. "Para uma cidade sustentável, é necessário se falar sobre o impacto das águas e se há ações para o futuro sobre a rede de drenagem. Um trabalho como este não pode ser feito sem outras áreas envolvidas. É preciso ter vislumbre de possibilidades de formas de agir".
Em 09.04.2021