Comissão de Acompanhamento ao Coronavírus se reúne com enfermeiros e agentes de saúde

Participaram do encontro virtual os vereadores Ivan Moraes (PSol), Tadeu Calheiros(Podemos), Ana Lúcia (Republicanos), Marco Aurélio Filho (PRTB), Rinaldo Júnior (PSB) e Luiz Eustáquio (PSB). A falta de apoio da gestão pública para reivindicações das categorias, sobretudo no que diz respeito à aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI) foi um ponto em comum na abordagem feita pelo presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários e dos Agentes de Combate às Endemias do Estado de Pernambuco, Graciliano Gama e pela presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco, Ludmila Medeiros Outtes Alves.

Os dois sindicalistas afirmaram também que os profissionais estão trabalhando excessivamente e encontram-se cansados física e emocionalmente. Ambos alegaram que há carência de  novos profissionais para ajudar nos serviços e que muitos aprovados em concursos públicos aguardam contratação. Graciliano Gama disse que os agentes não pararam em nenhum momento da pandemia. “É grande o fluxo de visitas dos agentes nas comunidades”, disse. Mas, segundo ele, faltam máscaras e até álcool gel para esses profissionais, que têm que usar os que eles mesmos compram  nas visitas aos domicílios.

Os 1893 agentes de saúde e os 829 agentes de endemais do Recife, de acordo com o presidente do sindicato da categoria, fazem não somente a promoção e prevenção de saúde e atenção primária. “Também estamos reforçando, nas comunidades, as orientações sobre o protocolo de segurança para o enfrentamento à covid-19, como o uso de máscara, álcool 70, manter distanciamento e fazer a higienização das mãos”, disse. Ele afirmou que, nesse contato direto com as comunidades, os agentes vêm observando que “a vulnerabilidade social está aumentando, há muita gente com fome, e nós como profissionais sentimos os efeitos”. Ele também registrou que se observa um aumento cada vez maior de casos de tuberculose na periferia, o que exige maior cuidado no contato pessoal. Graciliano Gama argumentou que os agentes comunitários  deveriam estar recebendo gratificação de covid-19 e outros incentivos.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco, Ludmila Outtes foi incisiva ao afirmar que a categoria não está encontrando apoio da gestão para as pautas apresentadas. “A cada nova onda da covid-19, fica mais evidente que não há diálogo com a Secretaria de Saúde do Recife. Desde o ano passado estamos lutando por Equipamentos de Proteção Individuais, tanto em quantidade quanto em qualidade, para lidar com os pacientes”. Ela lembrou que existe um processo aberto no Ministério Público do Trabalho referente ao uso desses EPIs.

“Há muito temos denunciado que está sendo distribuída a máscara KM95 para os profissionais da atenção básica e para os da rede de baixa e média complexidade. Como sabemos, essas máscaras não são apropriadas e o uso delas é reprovável pela Anvisa. Mas a Prefeitura do Recife continua entregando essas máscaras sem qualidade e ainda temos que usá-las por sete dias”, denunciou. A presidente do Sindicato dos Enfermeiros disse ainda que a PCR já foi questionada e respondeu que fornece as máscaras porque as recebe do Ministério da Saúde. “Mas, se PCR sabe que as máscaras não têm qualidade e ainda assim faz a entrega, também tem responsabilidade sobre essa EPI”. De acordo com Ludmila Outtes, a máscara M95 é a ideal, pois é considerada a única eficaz contra o coronavírus.

Ela também criticou a Prefeitura do Recife porque acredita que a gestão considera que apenas os profissionais que estão nas UTIs são da linha de frente ao combate à covid-19. “Todos os profissionais de saúde, sem distinção, são da linha de frente neste momento”, observou. Segundo ela, dezenas de auxiliares de enfermagem vêm tendo sequelas pulmonares e psicológicas na pandemia. “Temos um número grande de profissionais afastados por esses problemas”. Outro ponto abordado foi a convocação de profissionais aprovados em concurso público, para aliviar o trabalho que estaria excessivo. “Temos necessidade, mas não há convocação. Hoje, a PCR tira dos postos para colocar nas unidades destacadas para a covid”.

O vereador Eriberto Rafael garantiu que levará as reclamações adiante. “É preciso que tenhamos respostas cada vez mais rápidas, para também atendermos à população e melhorar a situação de combate ao coronavírus no Recife”, disse.


Em 08.04.2021.