Comissão de Acompanhamento ao Coronavírus reúne-se com setor do comércio

Na sequência de encontros com o setor produtivo do Recife, para saber como estão enfrentando a pandemia, a Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da Câmara Municipal, realizou reunião virtual com representantes do comércio. “Estamos fazendo uma escuta com a cadeia produtiva. Queremos saber como anda a situação de cada setor, as prioridades, as suas demandas, para compreendermos como estão sobrevivendo nesta pandemia”, disse o vereador Ivan Moraes (PSol). A reunião virtual ocorreu nesta quinta-feira (29).

Participaram dos debates o diretor-executivo da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Rodrigo Barros; o presidente da Câmara de Dirigente Logistas - CDL Recife, Frederico Leal; e a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Luciana Mendonça. Além de Ivan Moraes, a reunião contou com a presença dos vereadores Marco Aurélio Filho (PRTB); Ana Lúcia (Republicanos), Hélio Guabiraba (PSB), Luiz Eustáquio (PSB) e Tadeu Calheiros (Podemos).

A reunião foi conduzida por dois vereadores. Num primeiro momento, por Ivan Moraes, que abriu o debate apresentando a preocupação com a campanha de vacinação contra a covid-19 no Recife. “Embora saiba que o objetivo principal desta reunião seja o acolhimento das demandas do setor produtivo, especialmente do comércio, quero registrar dados preocupantes sobre a vacina”, disse. Segundo ele, o Recife recebeu até o presente 512.161 doses da vacina, a maioria do tipo Coronavac (a outra parte, Astrazenica). Com esse total, 291.559 recifenses foram vacinados; entre os  quais 172.397 receberam a segunda dose. “Agora, estão na fila para receber a segunda dose da vacina,  119.162 mil pessoas. Enquanto isso, temos apenas 48.205 doses”.

Quem conduziu a segunda parte do encontro foi o vereador Marco Aurélio Filho, que é vice-presidente da comissão. Ele reforçou a opinião de que estamos enfrentando uma crise sanitária, mas que a econômica é igualmente grave. “Infelizmente não estamos avançando muito na vacinação, mas temos que buscar alternativas para que economia saia do vermelho”. Ele disse que a Secretaria de Finanças Municipal tem dados comprovando que 80% da arrecadação de impostos do Recife vem do setor do comércio e de serviços. “Não podemos fechar os olhos para a questão econômica somente porque não temos vacina disponível. É preciso buscar um bom senso para saber como podemos avançar”.

A vereadora Ana Lúcia ressaltou que a Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da  Câmara Municipal, tem o compromisso de ouvir os vários atores da cadeia produtiva. “Temos uma crise de saúde, mas também econômica. Muitas famílias dependem diretamente do setor do comércio. Esta casa se propõe, mesmo com limitações, contribuir com a Prefeitura do Recife, com ações práticas para dar fôlego para que possamos sair desta crise”. Ela defendeu apoio imediato para os comerciantes informais da orla e de Boa Viagem e para os que trabalham no Parque da Jaqueira.

O vereador Tadeu Calheiros (Podemos) pontuou que o principal desafio da Comissão tem sido conciliar sugestões que garantam a segurança da questão da saúde com a economia. “É importante fazer essa escuta para entender as necessidades do setor e adequar propostas que possam dar maior segurança à saúde e trazer algo de positivo para a economia”.

Tanto o representante da CDL-Recife quanto o dos shopping centers ressaltaram a importância de se aumentar a vacinação como forma de melhorar não só o combate à covid-19 quanto os índices da economia. O presidente da Câmara de Dirigente Logistas (CDL Recife), Frederico Leal, afirmou que o momento é delicado para o comércio, mas que o setor se ressente do não-funcionamento de outros como o turismo, o mercado de bares , restaurantes e o de eventos. “Sem a vacinação e sem o funcionamento desses setores, não vamos melhorar”. Ele, no entanto, reconheceu que a campanha do Recife “é uma das mais bem organizadas do País”.

Frederico Leal lembrou que o horário de funcionamento de lojas do centro do Recife “melhorou um pouco” depois que houve flexibilização das medidas de restrição social. “Mas continuamos com um grande problema com os ônibus coletivos, que trazem as pessoas para o centro”, observou. O diretor da CDL criticou o Governo Federal que “somente agora anunciou uma medida provisória que pode beneficiar o setor produtivo” e lembrou que está buscando entendimento com o Governo do Estado e com a Prefeitura do Recife, no sentido de aliviar os prazos de pagamentos de impostos. Ele finalizou sua participação dizendo que sem a vacina “não vamos conseguir melhorar” e finalmente, saudou: “Viva o SUS, que é um exemplo para o mundo”.

O diretor-executivo da Apesce, Rodrigo Barros, afirmou que os Shopping Centers em todo o Brasil (cerca de 600) estão seguindo protocolos sanitários fornecidos pela Federação Nacional. “São cerca de 30 medidas que vão desde a aferição de temperatura, redução de espaços e diversos monitoramentos, para dar segurança a funcionários e clientes”. Ele elogiou decreto recente do Governo do Estado que autorizou as prefeituras para deliberarem seus horários de funcionamento. “Mas, nós temos um gargalo, aqui, que é o horário liberado para o público. Isso limita o funcionamento e como os serviços oferecidos são diversos, sempre há um perigo de aglomeração no final”.

Rodrigo Barros  criticou o Governo do Estado porque, nas vezes que anunciou as medidas de restrição, não conversou com antecedência com o setor do comércio. “E nós trabalhamos com planejamento. Os prejuízos são grandes”. Ele observou que a vacinação, sozinha, como medida sanitária, não funciona mas entende que “vai minorar bastante o problema da covid-19”. Finalmente, ele disse que nos shoppings centers do Recife há espaços disponíveis para funcionarem como drive true, caso a Prefeitura Municipal precise.

A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Luciana Mendonça, ressaltou que o ano de 2020 foi ruim para o setor, mas que este continua igual ou pior. “Não recebemos nenhum apoio, estamos precisando de tudo”, afirmou. Ela lembrou que, quando as medidas sanitárias foram adotadas em 2020, houve retirada imediata do comércio informal, das ruas. “E não tivemos nenhuma assistência do Governo do Estado ou da Prefeitura do Recife, em termos de prevenção ou para nos mantermos. Não tivemos direito aos auxílios emergenciais, ou ao seguro desemprego, que muito nos ajudariam”.

Ela lembrou que muitos comerciantes informais sobrevivem com o que ganham naquele dia. “E o impacto foi e tem sido grande. Este ano está mais difícil do que no ano passado, até porque as necessidades se acumlam. Se no ano passado ainda recebemos cesta básica, hoje nem isso temos”. Ela lembrou que quando as medidas sanitárias foram flexionadas, os comerciantes informais não receberam orientação de protocolos ou EPIs. “Fomos para as ruas. As coisas foram tocadas de acordo com as necessidades financeiras de cada um. Fomos para a rua porque precisávamos sobreviver”.

Após ouvir o relato de Luciana Mendonça, o vereador Luiz Eustáquio (PSB) lamentou que as solicitações feitas, no ano passado, pela Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da  Câmara Municipal, não tenham perdurado. “Ouvimos o setor informal no ano passado e intercedemos pela categoria. Infelizmente, depois de tanto tempo, esse atendimento ainda é irregular”. Ele também lamentou que, com a pandemia, muitos empresários do comércio formal “estão quebrando financeiramente e os empregos estão sumindo”.

O vereador Helio Guabiraba (PSB) defendeu que a Comissão planeje contribuições para os comerciantes informais que trabalham no centro do Recife. “Precisamos dar uma resposta à população”. O vereador Marco Aurélio Filho disse que as informações da reunião serão levadas à Prefeitura do Recife e reforçou que “a crise é sanitária, mas também é econômica”. O vereador Ivan Moraes também afirmou que a reunião dará origem a documentos a serem enviados à Prefeitura. “Documentos de outras reuniões foram enviadas, para que medidas concretas possam chegar a quem precisa. O que foi discutido aqui também embasará os nossos posicionamentos”.


Em 29.04.2021.