Comissão de Educação debate novo projeto de gestão para Teatro Santa Isabel

A Comissão de Educação, Cultura, Turismo e Esportes da Câmara Municipal do Recife realizou reunião virtual na tarde desta terça-feira (20) para promover debate sobre o Projeto de Novo Modelo de Gestão para o Teatro de Santa Isabel. O debate reuniu os representantes das três entidades envolvidas na elaboração do projeto, que são o Porto Digital; a Associação Pernambucana de Ópera, Dança e Música; e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O projeto foi apresentado pelo maestro Wendell Kettle, pelo músico Gueber Santos, e pelo professor de Informática e representante do Porto Digital, Geber Lisboa Ramalho. A reunião foi conduzida pela vereadora Ana Lúcia (Republicanos), que é presidente da Comissão de Educação; e contou com as presenças da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), vice-presidente do colegiado; e do vereador Hélio Guabiraba (PSB), membro efetivo. Participaram, ainda os vereadores Renato Antunes (PSC) e Liana Cirne (PT), além de representantes da vice-prefeita Isabela de Roldão, Niara Carneiro.

As entidades que elaboraram o projeto deixaram claro que não querem tomar conta da gestão do Teatro de Santa Isabel, mas incubar o projeto para, quando o teatro estiver pronto, repassá-lo para uma entidade. “Queremos uma governança boa, para preservar o futuro mais longínquo da instituição, com um olhar estratégico”, disse o professor Geber Lisboa. O projeto envolve recursos na ordem de R$ 18 milhões. “Mas podemos começar a executá-lo com o orçamento que já tem, sem aumentar os volumes de investimento. Já colocaríamos a orquestra sinfônica para trabalhar”, disse. Segundo ele, é imprescindível uma parceria com a iniciativa privada.

Geber Lisboa explicou que o Porto Digital está envolvido no projeto porque ele dialoga com a revitalização do centro (a localização do teatro) e com o incentivo à educação de jovens. “Ele propicia um tipo de mudança que nos interessa”.   O maestro Wendell Kettle destacou que um dos objetivos do projeto é trazer escolas para o teatro, além de ter uma programação turística e cultural, de estar aberto para visitação, além de fomentar o turismo e  a economia criativa.

Wendell Kettle disse que o projeto vem sendo pensado desde 2017, quando eles se debruçaram sobre o diagnóstico dos equipamentos culturais. “O Teatro de Santa Isabel tem vocação para acolher as artes líricas, musicais e dramáticas. Ele faz parte de um grupo de teatros monumentos do País, mas é um teatro de aluguel. A sua pauta é para aluguel. Não tem uma programação própria. E está tecnologicamente defasado com os aparatos de encenação. Também está defasado no seu modelo de gestão”, disse.

Para o maestro o espaço do Teatro de Santa Isabel poderia ser bem aproveitado, com uma programação própria, que atraísse a população e os visitantes, com apresentações de ópera e orquestra sinfônica. “A Orquestra Sinfônica do Recife,no entanto, encontra-se em situação peculiar, pois faz, no máximo, uma apresentação por mês. Em outros municípios, suas orquestra fazem até quatro apresentações”. Ele disse que também não há uma orquestra sinfônica jovem, para a formação musical.

Em termos de corpos artísticos estáveis, de acordo com o maestro Wendell, o Teatro de Santa Isabel não tem “um coral lírico, nem corpo de baile, muito menos um grupo de formação. Isso implica problemas no setor produtivo de ópera do Recife. Há uma perda de mão de obra e um mau aproveitamento das pessoas que fazem cursos, pois essas pessoas, para sobreviver, têm que ir embora”, afirmou.

O maestro Wendell ressaltou ainda que o Projeto de Novo Modelo de Gestão para o Teatro de Santa Isabel “visa resgatar a vocação do teatro e inseri-lo no setor de opera que está em desenvolvimento no Brasil”.  Ele observou que a proposta tem a ver com formação cultural, inserção do Recife como protagonista no setor de óperas, fomento ao turismo, e apoio ao desenvolvimento do centro cultural.

Para o projeto se concretizar, de acordo com o Maestro Wendell, se fazem necessárias várias alterações. “Para isso se tornar uma realidade se faz preciso a implementação de uma mudança na direção artística do teatro. O Santa Isabel não pode ficar à mercê de uma programação de aluguel. Ele também precisa da estruturação de um corpo artístico e um modelo de direção artística, infraestrutura predial adequada e um modelo de financiamento publico e privado”.

A Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal do Recife se ofereceu para elaborar um requerimento para o prefeito João Campos elencando as questões apresentadas pelo projeto; ao mesmo tempo, encaminhar para ele um ofício apresentando o projeto executivo. Outro encaminhamento foi a realização de uma audiência pública para se discutir a gestão do teatro e intermediar uma reunião com o secretário municipal de Cultura, Ricardo Melo.


Em 20.04.2021.