Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus se reúne com setor produtivo do Recife

Na quinta reunião virtual realizada este ano, a Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento do Coronavírus da Câmara Municipal do Recife deu início a uma nova fase de seus trabalhos. “Vamos ouvir o setor produtivo do Recife para servimos de canal de comunicação para ajudar as atividades econômicas”, anunciou o presidente do colegiado, vereador Eriberto Rafael (PP). Nos encontros anteriores, os parlamentares ouviram entidades da área de saúde, além de médicos especialistas, em busca de sugestões para discutir formas de combate à covid-19 no Recife. A reunião, por meio de videoconferência, ocorreu na manhã desta quinta-feira (15).

O dois setores produtivos que participaram da reunião foram os que mais se queixam, no Recife, das medidas de restrições sociais impostas pelas autoridades sanitárias para conter o novo coronavírus. No caso, o de eventos, além do de bares e restaurantes. A reunião  contou com a presença da presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos secção Pernambuco (Abeoc-PE), Tatiana Marques; e o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),  André Araújo.

André Araújo deu início à reunião fazendo um diagnóstico de como o setor vem atravessando a pandemia. “O setor de alimentação em Pernambuco inclui 17.300 estabelecimentos e foi duramente afetado. Só no Recife são 12 mil bares e restaurantes”, disse. Ele, que não apresentou dados oficiais de quantos estabelecimentos locais fecharam por causa da pandemia,  alegou que desde o ano passado, o setor segue o protocolo da Abrasel Nacional, que foi montado conforme as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Sempre tivemos o cuidado de cumprir as recomendações de manter as distâncias recomendadas, usar álcool gel, as máscaras e evitar aglomerações”, ressaltou.

De acordo com André Araújo, o setor sempre teve uma interlocução com o Governo do Estado e com a Prefeitura do Recife. “Mas, apesar dessa interlocução, praticamente não tivemos respostas para nossos pleitos. Somente agora, nessa nova gestão da Prefeitura, é que estamos tendo alguma resposta”, disse. Ele garantiu que no ano passado foram entregues cinco ofícios e documentos contendo oito pleitos do setor para aliviar o caixa das empresas. “Somente uma foi aprovada”, lamentou. A Prefeitura do Recife, este ano, já beneficiou o setor, segundo ele, ao prorrogar o pagamento de quatro parcelas do IPTU dos bares e restaurantes para o final do ano. “Nós também estamos buscando que a Celpe e a Compesa nos deem isenção ou façam o parcelamento de dívidas do setor. Queremos, ainda, que elas evitem a suspensão dos serviços”. André Araújo pediu a extensão do horário de funcionamento dos bares e restaurantes, que atualmente fecham às 20h.

Tatiana Marques foi taxativa: o setor de eventos, que representa diversas categorias como realizadores de shows, cinema, eventos corporativos, eventos de negócios, eventos sociais (envolve os esportivos e os culturais), nada recebeu desde o ano passado. “Estamos desassistidos pelo Governo do Estado e pela Prefeitura do Recie. Nenhuma de nossas solicitações foi atendida, apesar de termos entregue documentos às secretarias de Turismo”.  Ela ressaltou que o setor é muito amplo e que, apesar de a área de eventos corporativos “ser mais segura do que os shoppings, do que as lojas comerciais, e do que os bares e restaurantes”, continua sem poder funcionar. “Os eventos corporativos fazem inscrições prévias, definem horário de entrada e saída dos participantes, e tem todo controle sanitário”, disse.

Como o setor de eventos continua sem autorização para funcionar, mas os outros que ela citou, receberam sinal verde, Tatiana vê nisso uma “contradição”.  Ela também reclamou que o setor ainda é confundido com outros e isso tem sido prejudicial. “Estamos sendo confundidos com casas que realizam eventos e causam aglomerações clandestinas. Nós somos profissionais sérios”,disse.

Segundo Tatiana Marques, os empregados da área de eventos estão há 13 meses sem receber os salários. “Há muitos técnicos de som que estão até vendendo água e pipoca nos sinais de trânsito para sobreviver”, ressaltou. A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos secção Pernambuco reconheceu, porém, que o setor está sendo beneficiado com o Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos, que prevê o recebimento de um auxílio e abertura de créditos de baixa exigência. “Por que não fazemos uma versão desse programa para o Estado de Pernambuco?”. Ela sugeriu que a Prefeitura do Recife crie um Fundo Municipal de Auxílio Emergencial para os trabalhadores da área de eventos. Marques também solicitou que o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife deem permissão para o setor de eventos possa trabalhar nos locais (como shoppings e bares) que já foram liberados.

O presidente da Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento do Coronavírus, vereador Eriberto Rafael, fez apelo para os dois convidados enviassem documentos com as reclamações dos setores e com as sugestões de enfrentamento da covid-19, para a comissão analisar, discutir as encaminhá-las à Prefeitura do Recife e ao Governo do Estado. “Ao final, vamos formatar um documento e veremos de que forma poderemos contribuir.” Participaram da reunião, além do presidente, os vereadores Ana Lúcia (Repubicanos), Hélio Guabiraba (PSB) e Marco Aurélio Filho (PRTB).



Em 15.04.2021.