Desafios da juventude na atualidade são tema de audiência pública

Presidida pelo vereador Felipe Alecrim (PSC), a Comissão da Juventude da Câmara do Recife promoveu uma audiência pública virtual nesta quinta-feira (8) para debater os desafios que os jovens enfrentam na atualidade. Na ocasião, o secretário municipal da Juventude, Marcone Ribeiro, falou sobre ações desenvolvidas pela pasta e respondeu a perguntas dos participantes.

Ao dar início ao debate, Felipe Alecrim salientou que o debate visava também analisar propostas. “Esta audiência pública tem como objetivo ouvir os desafios da juventude na atualidade, bem como discutir soluções e apresentar projetos que transformem a vida desses jovens na cidade do Recife. Sou grato por estarmos aqui reunidos pensando, debatendo políticas públicas que permitam à juventude sonhar com dias melhores”.

Também membro da Comissão e autor da lei que implementou a Semana da Juventude do Recife, o vereador Rinaldo Junior (PSB) lembrou que os jovens lidam hoje um cenário de crise econômica e sanitária. "A situação não está favorável a juventude. São 47 milhões de jovens no Brasil, dos quais dez milhões não trabalham nem estudam. O desemprego afeta 24% da população jovem, chegando a 34% no Nordeste. Está na hora da juventude se unir e a Câmara do Recife é o local. Este é um espaço aberto”.

O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) também falou em participação da juventude e pediu pela instalação do projeto Parlamento Jovem do Recife. “Aqui na nossa Casa de José Mariano temos o Parlamento Jovem. Tive a oportunidade de ser, aos 12 anos de idade, um dos primeiros parlamentares jovens da Casa, quando o projeto foi fundado. A participação política da juventude é fundamental para que possamos ter dias melhores”.

Ao fazer uso da palavra, o secretário Marcone Ribeiro contou sua história de vida e ressaltou a importância do Plano Municipal da Juventude. Ele mencionou, ainda, as principais medidas que a pasta tomou desde o início da gestão, em janeiro. “Já pactuamos alguns trabalhos com outras secretarias e órgãos, como a Secretaria de Saúde e com a Fiocruz, no campo da formação e qualificação de trabalhadores para a área da saúde”, exemplificou. “Dialogamos com a secretaria de Qualificação Profissional e Trabalho para discutir como podemos gerar empregos para a juventude recifense. Temos o crédito popular, que vai atender a um público jovem na perspectiva do fomento ao empreendedorismo. Estamos desenvolvendo um trabalho junto com o Sebrae, por um Recife mais inovador e para levar mais empreendedorismo para a juventude, qualificando e profissionalizando”.

Conselheiro municipal da juventude do Recife, Filipe Antonio Araujo refletiu sobre o momento político atual e as consequências da pandemia para jovens e população em geral. Ele pediu a aprovação da lei que institucionaliza o Conselho e disse que é papel da juventude trabalhar contra a desinformação. “O Conselho da Juventude é muito importante na fiscalização, na parceria, no avanço das políticas públicas junto com a Secretaria de Juventude. A lei do Conselho estará em breve na mesa da comissão. Peço que todos se debrucem sobre essa pauta para a gente atualizar essa lei que traz vários benefícios para o conselho”, disse. “Eu acredito que, se o jovem no meio dessa pandemia tem uma tarefa, ela é justamente ajudar a população no combate à desinformação sobre a vacina. A juventude tem acesso à informação e pode chegar à população que entrou agora no mundo da tecnologia e foi atirada a esse monte de desinformação”.

Uma das fundadoras do Movimento Ambiental Xô Plástico, Laísa Araújo falou sobre o papel da juventude na minimização dos efeitos do aquecimento global. De acordo com ela, é preciso trabalhar por educação ambiental, proteção aos manguezais, transporte público de energia limpa e mobilidade cicloviária nas periferias, e pela redução do consumo de carne e derivados de animais, cuja produção tem alto impacto ambiental. “Há três anos, atuamos em prol de uma cidade mais sustentável. Realizamos mutirão de limpeza de praias e de manguezais, trabalhamos com educação ambiental com jovens e crianças e incentivamos pessoas a mudarem seus hábitos”.

Representante do Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Recife, Evellyn Souza falou sobre a necessidade de integrar geração de empregos e desenvolvimento sustentável na capital pernambucana. “Recife é a 16ª cidade no ranking das mais vulneráveis na mudança de clima. Mais de 34% da população jovem, sobretudo do Nordeste, está fora do mercado de trabalho. Com um Governo Federal que promove o negacionismo em relação às temáticas ambientais e desarticula as políticas ambientais a gente encontra um cenário caótico e o trabalho se torna bem complicado. Como podemos enfrentar a emergência e chamar os jovens para poder fazer parte dessa construção?”

Coordenador da pastoral de crisma da paróquia do bairro da Torre, Eric Amaral tratou da educação e cultura de paz. Ele defendeu uma maior inserção do segmento cristão no Plano Municipal da Juventude. “É uma alegria trabalhar com jovens. Os jovens são o futuro da Igreja e isso serve para todas as instituições, todos os segmentos. O jovem é a renovação e a certeza de que vai acontecer um futuro. Quero ressaltar a importância da Igreja na construção da cultura de paz. O jovem precisa ser valorizado e acompanhados, ter um lugar para falar. Na igreja em que participo, é dado espaço e incentivo a lideranças jovens”.

Gestor esportivo do Instituto Vitaliza Nosso Clube, projeto de formação de atletas, Antonio Carlos Affini Junior contou sua experiência de trabalho com jovens. “Na modalidade mais antiga que oferecemos, do basquete feminino, a gente tem resultados surpreendentes dentro do objetivo de propagar valores e transformar vidas. Fazemos acompanhamento de notas, de comportamento junto à família. Oferecemos bolsas de estudo em colégio particular. Hoje, temos equipes universitárias de atletas que começaram com a gente com sete, oito anos de idade. Elas tem acompanhamento psicológico, fisioterapeuta, preparadora física, assistente social, uma equipe de treinadores extremamente dedicada”.

Membro da organização Cores do Amanhã, Alberto Magalhães falou sobre os desafios da educação, da profissionalização e da execução de políticas públicas em um contexto de diversidade. “O Estatuto da Juventude fala sobre o respeito à identidade e à diversidade individual e coletiva da Juventude. Fala, também, do direito à profissionalização, ao trabalho e à vida, e do direito à diversidade e à igualdade. Precisamos pensar como as políticas públicas estão sendo efetivadas dentro da cidade do Recife, principalmente em relação a essas elaborações, se elas trazem esses recortes de classe, raça, gênero, sexualidade, identidade de gênero, acessibilidade”, disse. “Para tratar do trabalho temos que tratar da educação, e lembrar que a população LGBT é estigmatizada e expulsa das escolas. Esse não é um espaço de acolhimento e que potencializa esses sujeitos para o ambiente de trabalho. Existem diversos desafios que só podem ser superados com o diálogo com essas pessoas”.

Em 08.04.2021, às 17h06