Paulo Muniz rejeita a nacionalização dos debates na Câmara do Recife

O vereador Paulo Muniz (Solidariedade) condenou a discussão de temas nacionais durante as reuniões ordinárias da Câmara Municipal do Recife. Ele criticou a nacionalização dos debates, por parte dos parlamentares municipais, durante a reunião Ordinária da Câmara do Recife, realizada por meio de videoconferência, nesta terça-feira (13), enquanto estava em análise dois requerimentos de autoria da vereadora Liana Cirne (PT), que tinham o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como tema. Ambos os requerimentos terminaram sendo aprovados.

O requerimento de número 1638/2021 solicitava a transcrição nos anais da Câmara Municipal do Recife da matéria intitulada “Leia a íntegra do primeiro discurso de Lula após anulação de condenações da Lava Jato”, publicada no site Brasil de Fato, em 10 de março de 2021. O requerimento de número 1639/2021 concedeu voto de aplausos e congratulações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “pelo histórico discurso” realizado no dia 10 de março de 2021, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).

O discurso e a entrevista foram realizados após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato, ao declarar a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para o processo e julgamento das ações. “Eu acho que este não é o momento de falarmos em política nacional aqui na Câmara. O Recife, nos últimos 20 anos, tem sofrido com essa nacionalização de discursos, como se morássemos numa cidade maravilhosa e sem problemas a serem discutidos”, disse.

Paulo Muniz informou que reuniu a equipe do seu gabinete para dizer que orienta o seu mandato para debater os problemas da cidade. “Farei o discurso nacional o menos possível”. Para o vereador, o Recife é uma cidade que “está acabada, suja, fedida e em todos os cantos há gente morando nas ruas e até junto às paredes dos túneis”. Ele disse que já presenciou pessoas exibindo cartazes dizendo que “comia lixo”. Em seu entendimento, faltam “postos de saúde e de polícia”.

O vereador disse que tem 43 anos de idade, está na política desde 1996 e que entende que o ex-presidente Lula “é o pai da divisão do País”. Por isso, ele disse que ouvia “com tristeza a vereadora Liana Cirne, que insiste em discurso separatista, de que hoje é pobre contra rico e patrão contra empregados”. Finalmente, ele disse que “Lula não foi canonizado” com a decisão do ministro do STF, Edson Fachin. “A decisão foi um respiro. O ministro é ligado  ao PT e estranhamente levou sete anos para descobrir que a Lava Jato é incompetente”.

A vereadora Michele Collins (PP) pediu um aparte. Ela parabenizou Paulo Muniz na questão da nacionalização do discurso político. “Não estamos em Brasília e nem somos deputados federais ou senadores. Esse discurso é distante de nossa cidade”. Justificando-se porque votaria contrário aos requerimentos de Liana Cirne, Collins afirmou que quando um vereador coloca um requerimento em pauta, deve ser lida não somente a ementa, como também a justificativa. “Assim, teremos o direito de dizer o que fica guardado ou não nos anais da Câmara Municipal do Recife. Teremos o direito de dizer o que faz história ou não”, disse.


Em 13.04.2021.