Reunião Pública debate vacinação da população em situação de rua, trabalhadores do SUAS e rede complementar

Uma reunião Pública promovida pela vereadora Michele Collins (PP) debateu a questão da vacinação da população em situação de rua, trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e rede complementar. O evento foi transmitido na tarde desta quarta-feira(14), via videoconferência, pelo site da Câmara do Recife. Os vereadores Ivan Moraes (PSOL) e Luiz Eustáquio (PSB) também acompanharam as discussões.

Sulamy Borba, Gerente de prevenção da Secretaria-Executiva de Políticas Sobre Drogas  e presidente do COMPAD Recife, lamentou que a população de rua está muito exposta ao risco de contaminação do coronavírus. A questão da higienização é preocupante, segundo ela, e que há predominância maior de pessoas negra nas ruas. “A população de rua precisa ser vista, sensibilizada e respeitada”.  Segundo Sérgio Cruz, presidente do Conselho Municipal da Assistência Social do Recife, a população de rua é a mais fragilizada e que pode ter havido um crescimento exponencial desse grupo. Ele enfatizou que defende veementemente a vacinação da população de rua.

A coordenadora geral e de saúde da ONG Samaritanos Recife e  representante do Comitê municipal e estadual de monitoramento da politica para POPRUA, Carina Tabosa, disse que uma parcela dos idosos não está tendo acesso à vacinação adequada e que é preciso continuar o processo de imunização. “E é preciso, também, que os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam vacinados para desenvolver o seu trabalho com segurança em prol da população”.     

Wladimir Reis, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Pernambuco, disse que o órgão promove a defesa da população de maior vulnerabilidade. Ele frisou que tem vivenciado muitos desafios e percebe que o número de pessoas em situação de rua aumentou.  “Além disso, os travestis, portadores de HIV, gays e usuários de drogas, que são excluídos da vida das famílias, também estão nas ruas. É preciso uma política de atenção e de vacinação para essas pessoas”

Cristiano Kusunoki, que trabalha na Unidade de Vigilância Socioassistencial, representando os trabalhadores de Assistência e Membro do Colegiado das Atas, ressaltou que existe um problema com os dados da população de rua no Portal da Transparência e que era preciso atualizar as estatísticas. Já Fagner Valença, trabalhador da área de assistência social, sugeriu a criação de um projeto de lei para que os trabalhadores que atuam na  assistência social sejam vacinados no Recife.

Sandra Albertim, do Ruas Museu, pontuou que existem dificuldades por parte dos profissionais da assistência social em relação aos dados quantitativos da população em situação de rua. “Sem os dados, não podemos pensar em políticas públicas”. Ela também enalteceu a importância da higienização e do direito de tomar água. “Não existe local para tomar banho, lavar roupa e lavar as mãos. A população de rua está com fome e sede. Precisamos de espaços adequados nesse quadro pandêmico”.

Fernanda Falcão, representando as profissionais do sexo, disse que a sociedade vivencia mais uma vez a lamentável situação de ficar sem ter o que comer em casa. “A gente aguarda mais apoio das instituições governamentais e elas vêm se distanciando cada vez mais.  A necessidade para estar na rua é de sobrevivência. O número de pessoas transexuais, que era pequeno na REgião Metropolitana do Recife, só vem aumentado”.

Rafael Araújo, do Unificados Samaritanos, disse que a instituição existe desde 2016 e que trabalha com a população de rua. Ele lamentou o desmonte do SUAS diante do desinteresse do Governo Federal. “Os serviços não têm aumentado, infelizmente. Não dá para esperar o Governo Federal”.

Jailson Santos, do Movimento Nacional da Pop Rua, ressaltou que não existe um censo demográfico das pessoas em situação de rua. “É um problema muito sério nesse plano nacional de imunização”. A questão do distanciamento social é um fato preocupante, segundo ele, porque uma parcela da população não vem seguindo as determinações por não haver condições. Ele também elogiou os profissionais da assistência social. “Nossos agradecimentos aos profissionais da assistência social porque eles estão com a população desde o início da pandemia”.

José Nilton, também pertencente ao Movimento Nacional da Pop Rua, destacou que a vacinação é urgente e que os profissionais da assistência  social precisam estar protegidos. “Quem vai cuidar de todos e todas se os profissionais estão morrendo? É necessária uma grande e séria conscientização social. Precisamos desses profissionais com vida”.Márcia Valle, Presidente da Feteb e representando a Rede Complementar, disse que todas as falas do evento são importantes e que as demandas devem ser levadas ao prefeito João Campos e ao governador Paulo Câmara.

Maria Ângela Oliveira, representando a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas de Drogas enfatizou as ações da pasta. “Trabalhamos com as pessoas em situação de rua e readequarmos os serviços para evitar aglomerações. Nossos profissionais têm jornadas diferenciadas e recebemos doações de três mil kits de higiene pessoal, álcool gel e máscaras”.

Débora Rosi, gerente geral de Ações Integradas no Território, da Secretaria de Saúde do Recife, afirmou que o grupo das pessoas em situação de rua está no ranking 16 da vacinação e que o Governo Federal pode mudar essa posição a qualquer momento. “Outros grupos vulneráveis no plano nacional não foram incluídos e nosso objetivo é vacinar o máximo possível porque entendemos que é essencial. Quanto mais pessoas vacinadas, melhor. No entanto, temos a questão das restrições das doses”.

Ao final, a vereadora Michele Collins citou os encaminhamentos propostos no encontro, tais como: reivindicações que garantam água mineral para a população em situação de rua; banheiros móveis; bebedouros públicos; cartão VEM Passe Livre para a população em situação de rua; criar centro POP referencial na Zonal Sul do Recife, entre outros.     

  

Em 14.04.21