Audiência debate políticas públicas para o desenvolvimento do comércio do centro do Recife
Também participaram do evento a secretária-executiva de Controle Urbano, Marta Lima; a secretária-executiva de Desenvolvimento e Inovação, Gelisa Bosi; a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Lu Mendonça; o presidente do Sindilojas e CDL Recife, Fred Leal; o presidente do Movimento Pró-Pernambuco (MPP) e Ademi-PE, Avelar Loureiro Filho; o presidente do Sistema Fecomércio, Bernardo Peixoto; o presidente da Abrasel-PE, André Araújo e o presidente do Sindicato dos Ambulantes de Recife, Olinda e Jaboatão, Roberto José.
Ao abrir a audiência, Marco Aurélio Filho afirmou que um dos objetivos da conversa era para buscar alternativas para avançar ainda mais no município. "O intuito de termos colocado essa audiência hoje é justamente para que possamos opinar e apresentar sugestões à Prefeitura do Recife para ver de que maneira podemos avançar e contribuir. A atual gestão é muito simpática a esse modelo de gestão revolucionário. Nunca houve na cidade um gestor que pensasse dessa forma", declarou.
Em seguida, passou a palavra para o primeiro convidado, o presidente do Sistema Fecomércio, Bernardo Peixoto, que destacou a importância de ouvir entidades. "O comércio do centro é muito importante. Mesmo com a desconcentração observada na cidade nos últimos anos, sabemos que têm vários centros comerciais no Recife".
Ele pontuou algumas questões relativas ao comércio do Recife, como as políticas de planejamento urbano, de mobilidade, de desenvolvimento econômico, de segurança pública e de limpeza. "Na campanha, o prefeito João Campos (PSB) tinha prometido criar uma gerência para essa área do centro da cidade que, outrora, era glamourosa. Deve ser realizado um estudo de fluxo de trânsito para ordenação, com destaque na avenida Dantas Barreto, priorizando os pedestres. Outro ponto é colocar câmeras e operar com eficiência na central de monitoramento, além da limpeza dos espaços públicos e cuidando da imagem do centro, que é muito importante", disse.
Por sua vez, o presidente da Abrasel-PE, André Araújo, expressou a preservação do resgate histórico, cultural, bem como a preservação da cidade. "Sem identidade cultural não se atrai o turismo. Mas temos que ter estrutura, limpeza urbana, planejamento, um Plano Diretor consequente. O manifesto Simplifica Brasil traz um conjunto de medidas onde criamos alguns eixos para poder debater as questões inerentes a todas as cidades, que partem de um princípio básico que é a circulação de pessoas. A primeira medida se trata do comércio no centro da cidade, são centros que têm uma gama imensa [de possibilidades], haja vista o Porto Digital que é o centro de excelência internacional e onde existe esse fluxo de pessoas", manifestou.
O vereador Alcides Cardoso disse que existem alguns pontos do Recife Antigo que estão abandonados. "Acredito que tem como construir muita coisa ali, inclusive PPP's, sem dúvida nenhuma. Tem que botar na cabeça do povo que PPP não é vender nada e nem privatizar, é uma parceria".
Bairro da Boa Vista precisa de carinho - A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Lu Mendonça, é moradora do bairro da Boa Vista há 20 anos e contou já ter visto muitas mudanças no local e uma grande evasão no comércio. Ela disse que perdeu vários clientes que vinham de outras cidades. "Como comerciante, quanto mais fluxo de pessoas e lojas abertas, para mim é maravilhoso. Fico feliz em saber que novas ideias estão sendo criadas e está sendo pensado tratar da cidade como um todo. O meu bairro está abandonado há vários anos e precisando de carinho e cuidado", relatou.
Esvaziamento é fenômeno mundial - O presidente do Movimento Pró-Pernambuco e Ademi-PE, Avelar Loureiro explicou que o esvaziamento do centro é um fenômeno mundial por falta de incentivo nas áreas centrais. "O que aconteceu na Região Metropolitana do Recife é um mecanismo natural de avanço das cidades, ao invés de todos se dirigirem da periferia para o centro, criam-se centralidades em vários cantos da cidade. O mercado imobiliário residencial não ocupa essa área porque a legislação não só não incentiva, como ela afasta e é preciso entender o que é velho e o que é histórico. É preciso fazer um mapeamento", caracterizou.
No que lhe toca, a secretária-executiva de Controle Urbano, Marta Lima, explicou que a avenida Dantas Barreto tem sido um desafio para a gestão da Prefeitura. "Tem alguns projetos que estamos construindo e pensando. Alguns não demos continuidade, não por conta da Prefeitura do Recife, mas por conta de outros órgãos que não favoreceram que isso acontecesse, como a tentativa de colocar as paradas de ônibus interestaduais para lá [Dantas Barreto], que seria uma forma de trazer pessoas para o centro".
Já a secretária-executiva de Desenvolvimento e Inovação, Gelisa Bosi, defendeu que a Prefeitura tem trabalhado a desburocratização em relação ao comércio e imóveis. "Tivemos grandes avanços, mas ainda falta muito. Temos trabalhado com cuidado, um olhar muito social. Estamos com essa preocupação e verificando uma consultoria, porque precisamos ter olhar para o fluxo que precisa, de fato, ser contínuo, para que a gente consiga enxergar todos os passos. A outra questão é a da legislação que, por mais que se queira fazer diferente, temos a legislação. Precisamos ter esse olhar para diversificar o fluxo que melhor atende essas situações", especificou.
O vereador Luiz Eustáquio revelou ter aceitado ser presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico por entender que a cidade "vem tendo muito abandono", afirmou. "Vejo muita gente com vontade de recuperar, de fazer diferente. O centro hoje está sendo um peso para muitos empresários e ex- empresários. Muitos imóveis têm uma dívida mensal e as pessoas não têm como consertar, fazer a manutenção, por isso as marquises estão caindo. Precisa-se de um projeto. O corredor do comércio é maravilhoso, mas a gente precisa agregar o todo", finalizou.
Em 26.05.21