Cida Pedrosa aprova Medalha José Mariano a Inaldete Pinheiro
As comissões analisaram a proposta e tinham opinado pela aprovação do projeto de Decreto Legislativo número 07/2021, de autoria da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB). “Eu era candidata a vereadora do Recife quando pensei em dar esta comenda, caso conseguisse ser eleita. Inaldete Pinheiro é uma das mulheres mais incríveis do Recife. A sua história se confunde a das lutas contra o racismo no Brasil”, disse Cida Pedrosa. A vereadora acrescentou que “toda a história do Movimento Negro de Pernambuco perpassa a história desta mulher”.
Nascida em Parnamirim (RN) em 11 de abril de 1946, Inaldete Pinheiro de Andrade mudou-se para o Recife aos 20 anos para ingressar no curso de enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, onde também fez o mestrado em serviço social. Com sua vocação de servir e amparar, ela dedicou 40 anos de sua vida à prática da enfermagem em grandes hospitais públicos do estado, como o Hospital de Câncer, Barão de Lucena e Restauração.
Foi também uma das fundadoras do Movimento Negro em Pernambuco e militante incansável dessa causa. Em 1989 começou a escrever livros infantis, depois de perceber que não havia uma literatura feita por negros e negras que fosse para negros e negras. Seu primeiro texto para o público infantil foi sobre o Sítio do Pai Adão (Pai Adão era nagô), em Olinda, onde foi fundado o primeiro terreiro de candomblé de Pernambuco. Com essa obra, Inaldete estimulou crianças que tinham medo de sofrer discriminação na escola a entender a importância de assumir suas convicções religiosas.
Nessa batalha para valorizar negros e negras, a personalidade compôs novas versões para músicas conhecidas da cultura popular, mas que tinham viés preconceituoso, como Escravos de Jó – em sua versão, que valorizava a resistência, eles “faziam zig, zig, zás e fugiam para os quilombos.” Desde 1989, Inaldete Pinheiro já escreveu mais de uma dezena de livros no intuito de evitar o apagamento da história de sua gente e produzir memórias para as gerações futuras. “A minha literatura está associada a meus ancestrais, a preservar a memória e construir outras memórias. Meus livros são usados como instrumento de memória”, costuma dizer.
Escreveu, ainda, sobre maracatus, baobás e produziu cadernos de poesias com temas diferentes, mas sempre relacionados à questão negra. "Por dar visibilidade a pessoas a quem, muitas vezes, é negado até o direito à vida; pela sua dedicação à enfermagem no Recife e pela valorização da cultura afro que promove em sua literatura e militância diária, Inaldete Pinheiro faz jus ao recebimento da Medalha de Mérito José Mariano", disse a vereadora.
Em 31.05.2021.