Dani Portela comemora criação da Comissão de Igualdade Racial e Enfrentamento ao Racismo
Dani Portela afirmou que o Recife se torna, assim, a primeira capital brasileira cujo Poder Legislativo tem uma comissão que pode trabalhar em nome da justiça racial. “O racismo estrutura as desigualdades sociais, junto com gênero e classe. Não é recorte, não é um detalhe”. A criação dessa Comissão, disse ela, representa um passo essencial em relação à atuação de vereadoras e vereadores do Recife que estejam comprometidas e comprometidos em firmar um compromisso com as pautas e demandas da população negra que visam ao enfrentamento ao racismo e à busca pela equidade étnico-racial.
“Vivemos em um país que é composto 56,2% por pessoas negras (pretas e pardas). Quando olhamos para a composição racial do Recife essa porcentagem é ainda maior. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio, o Recife é formado por 64% de negros. E é essa população a que mais sofre com as desigualdades, ocupando os piores indicadores sociais. Vivemos em nosso País e na nossa cidade os efeitos de um racismo que é estrutural e estruturante, que estabelece não apenas as relações entre as pessoas, mas molda toda a estrutura social”, disse.
A vereadora lembrou que quem conhece o Recife “sabe que os bairros mais vulnerabilizados, com menores rendas, com escasso acesso a serviços, por exemplo, são bairros de predominância negra”. Em contraponto, ela disse que os bairros mais valorizados da cidade, com melhor infraestrutura, maior renda e melhores serviços, “são bairros predominantemente brancos”.
Dani Portela observou ainda que se a temática do racismo, seus efeitos e as estratégias para o seu enfrentamento têm sido centrais nos debates públicos ao redor do mundo, para nós, elas são basilares para o desenvolvimento de nossas ações políticas.
A aprovação da Comissão de Igualdade Racial, disse a vereadora Dani Portela, representa uma ação importantíssima para a luta do povo negro. “Esta Comissão será fundamental, inclusive, no debate sobre a urgência de um Estatuto de Igualdade Racial para a cidade do Recife, que visa a enfrentar as desigualdades raciais. Com essa aprovação, daremos um importante passo na busca pela equidade étnico-racial e em consonância com as reivindicações dos movimentos sociais negros em prol mudanças na vida da população recifense. Acreditamos que uma cidade melhor para a população negra é uma cidade melhor para todas as pessoas”.
Muitos parlamentares parabenizaram Dani Portela pela iniciativa. A primeira a falar foi a vereadora Michele Collins (PP). Ela afirmou que a iniciativa vem ao encontro de outras ações já realizadas pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara, da qual é presidente. Mas, admitiu que, com a Comissão de Igualdade Racial e Enfrentamento ao Racismo, o assunto será tratado de forma mais específica e ampla.
Companheiro de bancada de partido, o vereador Ivan Moraes (PSOL) se disse feliz com a medida e destacou a importância de pessoas negras ocuparem lugar em espaços de poder, para mostrar a dimensão de suas lutas. Ressaltou dificuldades do atual momento vivido pelo País e o quanto é importante combater o racismo estrutural.
Para a vereadora Liana Cirne (PT), fatos históricos mostram o quanto é necessário combater o racismo. Ela diz que é fundamental também uma reparação e maior visibilidade à causa. “Numa cidade em que mais de 60% da população é formada por pessoas negras, estabelecer políticas antirracistas na Casa de José Mariano é uma urgência”.
O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) afirmou que não se pode reparar a dor e o sangue derramado pelo povo negro durante séculos de história, mas é possível trabalhar para um futuro com mais oportunidades. “Esse é o nosso papel e é fundamental para a democracia, representarmos um povo sofrido que chora pelos preconceitos que enfrenta diariamente”.
O vereador Luiz Eustáquio (PSB) fez questão de lembrar que o patrono da Câmara, José Mariano, foi um abolicionista. “As lutas são muitas, ainda sofremos muitos no dia de hoje. O racismo estrutural é uma realidade e nós temos que lutar no dia a dia para sermos respeitados por sermos negros e negras. O Recife é uma cidade libertária e vamos estar do seu lado, Dani Portela, para varrer de vez isso, que é tão mal para a nossa sociedade”.
Um marco civilizatório, foi assim que Cida Pedrosa (PCdoB) definiu a criação da Comissão. Ela considera que se trata de um elemento a mais dentro de uma grande luta. “A Casa sairá mais fortalecida com essa Comissão, que será um espaço de luta, de enfrentameento, de denúncia e contribuirá para a construção de um mundo melhor”.
Em 17.05.2021.