Dani Portela repercute chacina no Jacarezinho

As 28 mortes decorrentes de uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro no Jacarezinho, bairro da capital fluminense, foram repercutidas pela vereadora Dani Portela (PSOL) durante a reunião Ordinária remota da Câmara do Recife nesta segunda-feira (10). Na ocasião, a parlamentar refletiu sobre o uso da chamada “guerra às drogas” como forma de o Estado justificar o assassinato de pessoas pobres e negras.

“Em plena pandemia, embora o STF tenha suspendido desde junho de 2020 as operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro, essa comunidade foi tomada por um trabalho – dito de inteligência – ordenado pelo governador [do Rio] Cláudio Castro”, lembrou Dani Portela ao comentar a chacina, ocorrida na última quinta-feira (6). “A operação, segundo a polícia, teria começado depois do recebimento de uma denúncia de que jovens daquela comunidade estariam sendo aliciados para o tráfico. Foram ao menos nove horas de terror, o que resultou em 28 mortos. Mortes realizadas na frente de crianças, familiares, amigos”.

A vereadora lamentou que a Polícia brasileira ocupe o topo do ranking das polícias do mundo que mais morrem e que mais matam. Ela frisou, ainda, que a morte não pode ser encarada como uma punição. “Muitos podem pensar: são bandidos, devem ser mortos. Mas eu venho aqui dizer que não. Até onde sei, não existe pena de morte instituída no nosso País. Foram absurdas as declarações dadas pelo vice-presidente da República, o general Mourão, dizendo que certamente eram bandidos, suspeitos, e que se a polícia entrou lá é porque tinha quase certeza de que aquelas pessoas mereciam morrer”, disse. “Mas eles não sabiam quem eram aquelas pessoas. Da lista previamente levada pela polícia, apenas três pessoas foram detidas, e outras três mortas. Sabemos que 13 das pessoas que foram assassinadas não tinham nenhuma relação com aquelas investigações. E 11 pessoas ainda não foram sequer identificadas”.

Segundo Portela, a política de combate policial às drogas acoberta um outro fenômeno: a morte, pelas mãos do Estado, de jovens negros. “A égide disso é a chamada guerra às drogas, que tem vitimado milhões de jovens negros. O Estado não pode autorizar que as pessoas sejam aniquiladas. Não podemos seguir naturalizando o genocídio da população pobre, negra e periférica sob a desculpa de que isso é segurança pública”.

Em 10.05.2021