Ivan Moraes questiona postura de autoridades durante repressão a manifestantes

“É preciso que a sociedade saiba quem manda na Polícia Militar de Pernambuco”. Essas palavras foram ditas nesta segunda-feira (31) pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), em um discurso a respeito da responsabilidade do Estado sobre os atos de repressão policial ao manifesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro que aconteceram no Recife no último sábado (29). No pronunciamento, feito durante a reunião Ordinária remota da Câmara Municipal, o parlamentar questionou a postura do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e do secretário de Defesa Social do Estado, Antônio de Pádua, diante do caso.

Moraes deu início ao seu discurso repercutindo a informação, atribuída ao secretário Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, de que Paulo Câmara e Antônio de Pádua teriam acompanhado as manifestações durante três horas. Em seguida, fez um breve relato sobre protesto. “Se eles de fato estavam assistindo ao protesto, com distanciamento social, com 100% das pessoas usando máscara e com muito álcool em gel e muita organização, então também é muito provável que o secretário [de Defesa Social] e o governador tenham visto a Polícia Militar (PM) se organizando na avenida Guararapes, fechando o caminho por onde o protesto deveria chegar. Certamente também viram que o protesto parou na ponte Duarte Coelho a pelo menos 200 metros da guarnição da Polícia Militar. Certamente, se estavam assistindo por três horas ao protesto, o governador e o secretário viram a Polícia Militar, de forma aleatória, começar a avançar com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás sobre os manifestantes, que não foram em direção à Polícia”.

De acordo com o vereador, é preciso saber por que as autoridades não interromperam a ação violenta da Polícia. “Se estavam assistindo, viram a vereadora Liana Cirne (PT) sendo atacada, viram que o tumulto não foi causado pelos manifestantes e sim pela PM. Certamente, viram os companheiros Daniel Campelo da Silva e Jonas Correia de França, que nem estavam no protesto, levarem balas de borracha em seus olhos e perderem, cada um, a visão de um olho. Certamente, se estavam vendo pelas câmeras, se viram as coisas começando e não deram ordem para a Polícia atacar, imagino que devesse ter um telefone por perto. E o governador, o secretário ou o comandante da Polícia poderiam ter telefonado e dito para que parassem de fazer as atrocidades que estavam fazendo”.

Ivan Moraes também manifestou preocupação com a possibilidade de que setores da corporação não respondam mais à autoridade do Governo de Pernambuco, mas a um núcleo externo, de viés bolsonarista. Ele afirmou, ainda, que é preciso que o governador avalie a sua confiança nas chefias do Batalhão de Choque, da Polícia Milita e da Secretaria de Defesa Social. “A Polícia Militar é de responsabilidade do Governo Estadual, que tem que mostrar pulso. O Governo afastou quem estava na ação e iniciou investigações. E está certo. Mas também é preciso uma resposta à altura, sem subterfúgios e meias palavras. Não foi um ou outro que estava fora do controle, não foi um grupinho de insubordinados. O que aconteceu no último sábado no centro da cidade foi uma ação planejada e coordenada, que não se faz sem comando. Alguém deu essa ordem”.

Em 31.05.2021