Liana Cirne cobra punição para a violência policial na manifestação

A vereadora Liana Cirne (PT), que foi atingida no rosto com spray de pimenta jogado por policiais militares durante a manifestação que ocorreu no último sábado (29), contra o presidente Jair Bolsonaro, cobrou do governo do Estado a punição dos que comandaram os atos violentos. Ela lembrou também dos dois homens que correm o risco de ficarem cegos por terem sido atingidos por tiros de balas de borracha, também disparados por policiais. Com palavras contundentes, a parlamentar chamou a atenção para cada fato e disse que iria falar com o governador Paulo Câmara, ainda esta tarde, para acompanhar a apuração do caso de perto.

Os homens atingidos pelas balas de borracha nos olhos, foram Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e Jonas Correia, de 29 anos. Eles não participavam da manifestação. Liana Cirne, que é professora de direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) há 25 anos, assegurou não terem sido vítimas de policiais “desequilibrados”. "Eu formei centenas de policiais, meus alunos, meus amigos, com quem eu dialogo. Sei que não fui vítima, nem Jonas, nem Daniel foram vítimas de pessoas desequilibradas. Fomos vítimas de um policial que teve comando e inteligência. Não era para dispersar o ato, o comando era para perseguir os manifestantes e violentá-los, reprimi-los, brutaliza-los", ressaltou.

A vereadora informou que se dirigirá ao Palácio do Governo do Estado porque faz questão de acompanhar os procedimentos contra os policiais que agiram no ato. "Só sairei de lá quando o governador Paulo Câmara me receber. Faço questão de acompanhar todos os procedimentos disciplinares contra todos - não só contra os que me agrediram, não é o suficiente -, mas contra todos os policiais que descumpriram a lei, sobretudo contra aqueles que planejaram a ação de inteligência brutal, violenta, truculenta, ilícita, que aconteceu no sábado", afirmou.

A parlamentar disse, ainda, que está recebendo manifestações de ódio nas redes sociais vindas de homens que incitam este sentimento contra ela. “Eu quero desafiar o senhor a levar uma rajada de jato de spray de pimenta diretamente do rosto a uma distância de um palmo, como eu levei. Se o senhor se mantiver de pé, pode se dignar a pronunciar meu nome, o que eu duvido. Vocês, cabras machos, que incitam a violência contra nós, não chegam na agulha do meu salto alto", salientou.

Ao final do discurso, Cirne pontuou que o ato contra o governo Jair Bolsonaro promovido no último sábado não foi "um ponto final". "Estamos iniciando. Se existe bolsonarismo no seio da polícia, que ele seja desmontado, porque o Estado de Pernambuco é maior e o povo do Recife é maior", frisou.

Em 31.05.2021