Luiz Eustáquio se manifesta contra transcrição de artigos de jurista

Nesta terça-feira (11) a Câmara do Recife rejeitou a transcrição, nos anais da Casa, de dois artigos de opinião do jurista José Paulo Cavalcanti Filho. Durante a discussão na reunião Ordinária remota, o vereador Luiz Eustáquio (PSB) se pronunciou contra o pedido, que partiu do vereador Alcides Cardoso (DEM). Os textos lamentam os reveses sofridos pela operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), em especial no caso do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na tribuna virtual, Eustáquio disse ter considerado a análise do jurista “parcial e passional”. Ele lembrou que um dos ministros do STF responsáveis pela reviravolta do caso, Gilmar Mendes, não possui alinhamento ideológico com o partido do ex-presidente. “Quem conhece a história sabe quem é o ministro, que tem uma posição de direita consolidada na sociedade. Ele sempre questionou aqueles que pensavam diferente dele. Como jurista, nunca facilitou. Era o ministro que a direita amava. Ao mudar de posição, agora é ‘corrupto’”, contextualizou. “Não: ele mudou de posição porque viu que, no discurso de combate à corrupção, havia corrupção. Ele nunca disse que alguém era inocente ou não. Ele disse que todos merecem um julgamento justo. E é nisso que eu acredito. Como parlamentar, entendo que devo defender isso”.

Segundo o vereador, ficou provado que a Operação Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro atropelaram direitos da defesa. “Não somos a favor da impunidade, não defendemos isso. Mas queremos uma Justiça justa, não uma Justiça falsa. Isto não é torcida de futebol, é vida real. É a vida das pessoas. A Justiça deve julgar de acordo com os fatos, e não de acordo com a pessoa que é julgada. Foram descobertas coisas erradas na Operação. A nossa Casa não pode colocar em seus anais temas de alguém que é passional na sua forma de análise”.

Em um aparte, o vereador Ivan Moraes (PSOL) concordou com Luiz Eustáquio e indicou que os textos do jurista apresentam informações falsas. “Todo vereador tem o direito de sugerir textos para que fiquem registrados nos anais da Casa. O plenário tem todo o direito de decidir o que é relevante que fique registrado ou não”, afirmou. “Neste caso específico, o jurista perdeu uma espetacular oportunidade de ficar calado – de não se posicionar desta forma, contando mentiras e buscando enganar pessoas. Este texto não pode ficar registrado”.

De acordo com Moraes, o STF não pode ser culpabilizado pelas derrotas sofridas pela Lava Jato, mas a própria operação. “Já está provado que a Lava Jato não tinha o objetivo de reduzir a corrupção e Moro é um juiz ladrão. Não se apita uma final de campeonato para no dia seguinte assumir cargo de diretoria do time que ganhou. Isso foi, rigorosamente, o que ele fez. Estava a serviço de um grupo. A desmoralização da Lava Jato não coube ao Supremo Tribunal Federal. Ela foi desmoralizada por ela mesma”.

Em 11.05.2021