Pintar faixas de pedestre descaracterizaria Recife Antigo, diz Marco Aurélio Filho

A Câmara do Recife votou e rejeitou nesta segunda-feira (31) o requerimento nº 4497/2021, de autoria da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), que solicitava à Prefeitura a pintura, nas cores do arco-íris, das faixas de pedestre da esquina das ruas das Ninfas e Manoel Borba, no bairro da Boa Vista, e do Marco Zero, no bairro do Recife. Durante a discussão, o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) se posicionou contra a proposta – que, de acordo com ele, poderia descaracterizar o Recife Antigo.

Na reunião ordinária remota, alguns vereadores alertaram que a pintura colorida iria de encontro a uma determinação do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), que especifica as faixas de pedestre devem ser brancas. Já outros defenderam a proposta argumentando que a intervenção seria temporária, apenas para marcar a celebração da Parada da Diversidade, que não será realizada neste ano por conta da pandemia de covid-19.

Marco Aurélio Filho, por sua vez, disse rejeitar o pedido por questões urbanísticas.  De acordo com ele, a Casa pode dar contribuições à população LGBTQIA+ de outras maneiras. “Pode ser temporário ou permanente. Vou votar contra. Eu acredito que vai descaracterizar o Recife Antigo. Eu me preocupo um pouco que votar contra não significa que nós somos homofóbicos, por exemplo. Depender a bandeira LBTQIA+ vai além de pintar uma faixa. Quando queremos discutir política pública, fazemos audiências públicas, apresentamos soluções”.

O vereador disse que a Parada pode ter sua data marcada por meio da iluminação de prédios da cidade. “Que sejam procurados a Associação Comercial, o prédio da Caixa, para iluminá-los com as cores do arco-íris. Tenho certeza de que muita gente vai gostar, que vai virar ponto turístico. Tem outras maneiras de defender essa categoria, que precisa sim de políticas públicas”

Em um aparte, a vereadora Michele Collins (PP), que também votou contrariamente ao requerimento, disse que seu posicionamento não é baseado no preconceito. “Por pensar diferente, já fui várias vezes taxada de homofóbica. E homofobia é praticamente uma doença: é a aversão ao homossexual e à homossexualidade. Eu creio que isso não existe aqui nesta Casa. Eu nunca vi um vereador ou vereadora excluir esse segmento de qualquer lei. Tudo o que propomos nesta Casa é para a inclusão de forma geral”.

Felipe Alecrim (PSC) também se mostrou contrário ao pedido. “Como já foi dito, essa é uma ação proibida pela regulação do trânsito e que, também, vai descaracterizar o Recife Antigo. Opiniões divergentes fazem parte da democracia. É uma questão de liberdade”.

Em 31.05.2021