Ana Lúcia critica veto a projeto para monitorar índice de massa corporal de estudantes

A vereadora Ana Lúcia (Republicanos) criticou, na reunião Virtual da Câmara do Recife desta terça-feira (1º), o veto do prefeito ao projeto de lei número 79/2019, de sua autoria, que versa sobre o monitoramento do Índice de Massa Corporal (IMC) dos alunos das escolas da rede pública municipal. Ela explicou que o objetivo da proposição é a prevenção e os cuidados com a saúde das crianças e adolescentes. O veto foi mantido pela maioria dos presentes no plenário virtual.

 "Sou professora de carreira há 26 anos, dos quais 19 anos atuei como gestora da Escola Municipal Osvaldo de Lima Filho e talvez vocês se assustem com o que vou dizer:  já cheguei a chamar o Samu para socorrer um estudante de 10 anos, com pico de pressão arterial. Nós temos em nossas escolas, crianças fora do peso, estudantes que se alimentam de forma errônea e não gostam da merenda escolar por conta de vícios alimentares", pontuou.

Ana Lúcia explicou que o projeto foi criado a partir da sua experiência com o aluno de 10 anos e de conversas com nutricionistas. "O projeto não nasceu de uma ideia maluca dessa professora que foi gestora escolar, mas que viveu na pele situações como a que citei. Nasceu também de discutir dentro de casa com a minha filha que é nutricionista. Ela disse que o projeto é de uma grandiosidade e os estudantes de nutrição celebraram a proposição, porque viram a importância da gente se preocupar com a prevenção antes que tenhamos o adulto adoecido".

A parlamentar apresentou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que mostram maior incidência de obesidade em meninos. "São 9,4% das nossas meninas e 12,4% dos meninos que são considerados obesos. A obesidade infantil é uma questão preocupante. Como é que eu não posso me preocupar em muito cedo a gente planejar a forma como as nossas crianças e adolescentes devem se alimentar? Se é oferecido dentro das nossas unidades uma refeição como merenda e podemos pedir essa merenda diferenciada, o que é um direito", afirmou.

Em aparte, o vereador Jairo Brito (PT) comentou a simplicidade da realização do projeto e a importância da matéria para a saúde das crianças. "É uma coisa tão simples de fazer, com banco de dados ou planilha eletrônica. É só os alunos entrarem com os dados que se consegue realizar  um acompanhamento deles. Vai evitar o que aconteceu com Vossa Excelência de ter que socorrer um aluno no Samu. É um modelo tão simples de fazer que eu realmente não entendo porque vetar um projeto desse", disse.

Por sua vez, a vereadora Michele Collins (PP) falou da importância da boa alimentação desde a infância. "O veto mais uma vez cai em uma justificativa descabida, porque não se trata de invasão administrativa, se trata de uma rotina. Isso é muito sério. Nós parlamentares precisamos de um alinhamento para que os nossos projetos sejam discutidos e debatidos, porque em um projeto como esse não tem como se votar a favor de um veto", justificou.

Já a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) chamou a atenção para a gordofobia. "Crianças ficam obesas ou acima do peso por conta de alimentação incorreta ou por questões de saúde. Queria fazer a reflexão que é o medo de que essas coisas levem à gordofobia.  A quantidade de crianças e adolescentes com sofrimento psíquico por conta da gordofobia é enorme.  Me parece que o correto era a escola trabalhar a alimentação saudável e ter um trabalho também com as famílias, do ponto de vista educativo", sugeriu.

Em 01.06.21