Ana Lúcia critica veto a projeto para monitorar índice de massa corporal de estudantes
"Sou professora de carreira há 26 anos, dos quais 19 anos atuei como gestora da Escola Municipal Osvaldo de Lima Filho e talvez vocês se assustem com o que vou dizer: já cheguei a chamar o Samu para socorrer um estudante de 10 anos, com pico de pressão arterial. Nós temos em nossas escolas, crianças fora do peso, estudantes que se alimentam de forma errônea e não gostam da merenda escolar por conta de vícios alimentares", pontuou.
Ana Lúcia explicou que o projeto foi criado a partir da sua experiência com o aluno de 10 anos e de conversas com nutricionistas. "O projeto não nasceu de uma ideia maluca dessa professora que foi gestora escolar, mas que viveu na pele situações como a que citei. Nasceu também de discutir dentro de casa com a minha filha que é nutricionista. Ela disse que o projeto é de uma grandiosidade e os estudantes de nutrição celebraram a proposição, porque viram a importância da gente se preocupar com a prevenção antes que tenhamos o adulto adoecido".
A parlamentar apresentou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que mostram maior incidência de obesidade em meninos. "São 9,4% das nossas meninas e 12,4% dos meninos que são considerados obesos. A obesidade infantil é uma questão preocupante. Como é que eu não posso me preocupar em muito cedo a gente planejar a forma como as nossas crianças e adolescentes devem se alimentar? Se é oferecido dentro das nossas unidades uma refeição como merenda e podemos pedir essa merenda diferenciada, o que é um direito", afirmou.
Em aparte, o vereador Jairo Brito (PT) comentou a simplicidade da realização do projeto e a importância da matéria para a saúde das crianças. "É uma coisa tão simples de fazer, com banco de dados ou planilha eletrônica. É só os alunos entrarem com os dados que se consegue realizar um acompanhamento deles. Vai evitar o que aconteceu com Vossa Excelência de ter que socorrer um aluno no Samu. É um modelo tão simples de fazer que eu realmente não entendo porque vetar um projeto desse", disse.
Por sua vez, a vereadora Michele Collins (PP) falou da importância da boa alimentação desde a infância. "O veto mais uma vez cai em uma justificativa descabida, porque não se trata de invasão administrativa, se trata de uma rotina. Isso é muito sério. Nós parlamentares precisamos de um alinhamento para que os nossos projetos sejam discutidos e debatidos, porque em um projeto como esse não tem como se votar a favor de um veto", justificou.
Já a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) chamou a atenção para a gordofobia. "Crianças ficam obesas ou acima do peso por conta de alimentação incorreta ou por questões de saúde. Queria fazer a reflexão que é o medo de que essas coisas levem à gordofobia. A quantidade de crianças e adolescentes com sofrimento psíquico por conta da gordofobia é enorme. Me parece que o correto era a escola trabalhar a alimentação saudável e ter um trabalho também com as famílias, do ponto de vista educativo", sugeriu.
Em 01.06.21