Câmara aprova fornecimento de absorventes em escolas públicas

A Câmara do Recife aprovou nesta terça-feira (22), em primeira discussão, o projeto de lei nº 301/2020, que dispõe sobre o fornecimento de absorventes higiênicos nas escolas públicas municipais. Durante o debate, o vereador Hélio Guabiraba (PSB) – que é o autor da proposta – fez uso da tribuna virtual para defender a ideia. Dentre as justificativas citadas por ele para que o município adote a medida, estão a garantia à dignidade das alunas e o combate à evasão escolar.

“Esse projeto vai trazer muitos benefícios. Vai evitar que essas alunas deixem de frequentar as salas de aula no período menstrual de cada uma delas. A mudança será visível”, disse o parlamentar, ao pedir que o plenário votasse a favor do projeto. “Esse projeto, com certeza, vai fazer com que pessoas concluam o seu ano letivo. O nosso objetivo é diminuir o constrangimento que muitas jovens passam dentro das escolas”.

Diversos vereadores e vereadoras se pronunciaram para parabenizar Hélio Guabiraba pela proposta. A primeira delas foi Liana Cirne (PT), que é autora do projeto de lei nº 224/2021, que busca instituir no Recife a Semana da Saúde e Higiene Menstrual e o Dia Municipal da Dignidade Menstrual. “Infelizmente, vivemos ainda um tabu em relação à menstruação. Vossa Excelência traz à Câmara do Recife, de maneira pioneira, uma realidade que é invisibilizada. A pobreza menstrual impede pessoas que menstruam de ter dignidade”.

A vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) também declarou seu voto favorável ao projeto de fornecimento de absorventes higiênicos nas escolas da rede pública municipal. “Parabéns pela sensibilidade do projeto. A pobreza menstrual é um tema que precisamos discutir e esse projeto acolhe parte desse problema, que é o problema atinente das adolescentes do ensino fundamental que deixam de frequentar aulas por não ter absorventes”.

As estatísticas sobre a pobreza menstrual foram destacadas em um aparte feito pela vereadora Dani Portela (PSOL). “De cada quatro estudantes das escolas públicas, uma delas já faltou à aula por não ter dinheiro para comprar absorventes. Isso mostra o quanto as desigualdades sociais são sentidas de diferentes formas. A menstruação sempre foi tratada por diversas culturas como um tabu. E muitas dessas meninas que faltam aula não relatam o motivo por sentirem vergonha”.

O vereador Osmar Ricardo (PT) fez comentários sobre o impacto positivo que a proposta pode gerar para as jovens das famílias mais pobres. “É um projeto que vai ajudar adolescentes a frequentar mais a sala de aula. Um absorvente, hoje, custa R$ 2. Mas muitas vezes um pai ou uma mãe não tem como comprar porque o dinheiro é para comprar o pão”.

Já o vereador Ivan Moraes (PSOL), além de salientar o seu apoio à ideia, fez um pedido para que a Casa derrube um eventual veto do Poder Executivo à proposta. “É importante que Vossa Excelência atente para a sanção da Prefeitura. Tem sido muito contumaz a Prefeitura vetar projetos dizendo que há vícios de origem e que vai gerar custos. Se vier um veto [para esta Casa], todos os vereadores têm a obrigação moral de derrubar. Não poderemos admitir nenhum tipo de malabarismo jurídico. O projeto é constitucional sim”.

Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Turismo e Esporte da Câmara, a vereadora Ana Lúcia (Republicanos) também apoiou a iniciativa. “Fui gestora escolar e enfrentei a necessidade das nossas meninas de terem dignidade para menstruar. A temática é de muito importância e as escolas municipais precisam ter esse aparato. De fato, muitas meninas deixavam de ir à escola. E quanto acontecia dentro da escola elas ficavam constrangidas por permanecer, porque estavam sem o absorvente”.

O vereador Luiz Eustáquio (PSB) disse que se trata de um projeto que tem muita importância. “Esse projeto demonstra a sensibilidade de quem é inserido nas comunidades das periferias da cidade, e que sente de perto esses sofrimentos que acontecem por falta de condições financeiras. Isso tem a ver com garantias de escolaridade, da dignidade da mulher. Os diferentes precisam ser tratados de forma diferente”.

Renato Antunes (PSC) também alertou para a possibilidade do projeto ser rejeitado pela Prefeitura. “Sabemos que a política de veto é algo que existe e precisamos lutar com todas as forças pela voz desta Câmara. Esse projeto tão importante precisa virar lei por iniciativa desta Casa”.

Em 22.06.2021