Câmara aprova pedido de apuração de ameaças à vereadora Liana Cirne
“Eu agradeço às inúmeras manifestações de solidariedade que já recebi dos meus colegas por ocasião do dia 29. Mas pouco se falou das agressões de gênero contra mim depois do dia 29, e por isso que esse tema seja trazido à baila. Se eu, como vereadora, estou sendo ofendida, a Casa inteira está”, afirmou Cirne na ocasião.
Durante a discussão do requerimento, ela indicou que a campanha teria sido reforçada por alguns vereadores do Recife e por deputados estaduais. “Toda sorte de ameaças e ofensas me foram dirigidas. As consequências disso é possível ver até no meu desempenho parlamentar. Estou me recuperando aos poucos. Não é brincadeira ser ameaçada de morte, de estupro, de agressão. E tudo isso estimulado por parlamentares da direita, inclusive de dentro desta Câmara”, disse. “Gostaria de pedir aos parlamentares que me insultaram que não finjam que nada aconteceu. Aqueles que quiseram ter 15 segundos de fama me agredindo, buscando algumas centenas de visualizações nas suas redes sociais, não finjam que não me agrediram. Isso é um insulto à minha inteligência, à minha memória, à minha honra. Quem defendeu agressor de mulher vai ser sempre agressor de mulher”.
Agredida com spray de pimenta mesmo depois de ter se identificado, Liana Cirne questionou se o mesmo aconteceria com um parlamentar do sexo masculino. A vereadora apontou, também, que o ataque não foi a única irregularidade cometida pelos policiais contra ela. “Duvido que um jato de spray de pimenta tivesse sido disparado na face de um vereador homem que tivesse se identificado. Os policiais responsáveis pela minha agressão negaram socorro. Era obrigação desses policiais terem me atendido, terem prestado socorro. Inclusive porque não consegui ir para o socorro de imediato. O meu motorista também havia sido atingido e não conseguia enxergar. Houve uma agressão contra uma parlamentar identificada, houve negativa de socorro e houve crime de falso testemunho na Polícia quando, no boletim de ocorrência, disseram que eu não me identifiquei como vereadora. Até a minha carteira de vereadora está manchada com spray de pimenta”.
De acordo com ela, uma investigação do Ministério Público seria importante para o enfrentamento a atos de violência política contra mulheres que ocupam cargos eletivos. A vereadora informou, também, que a campanha de ódio já extrapolou os limites da Internet. “Espero que o Ministério Público de Pernambuco consiga identificar e punir essas pessoas. Não sou somente eu. Essa violência barbariza todas as mulheres e é uma metodologia comum contra as mulheres que estão na política – por isso que a chamamos de violência política de gênero. Não é possível que a gente silencie em relação às agressões feitas contra nós. Entraram até mesmo pessoas no meu gabinete para me ofender e ameaçar. Estamos pedindo uma mudança dentro dos protocolos de segurança. Nem mesmo dentro da Câmara Municipal estou conseguindo trabalhar”.
Em 14.06.2021