Cida Pedrosa repudia violência política sofrida por Liana Cirne e Michele Collins

"Para que ele [o procurador-geral do Ministério Público] abra inquérito investigativo em virtude das ameaças perpetradas contra a vereadora Liana Cirne, que vem sofrendo ataques de ódio nas redes sociais desde o dia 29 do mês passado, quando teve a coragem de se interpor entre a violência policial para defender trabalhadores, trabalhadoras  que estavam se manifestando de forma pacífica. A violência política praticada contra nós mulheres vem sendo discutida de uma forma relativamente nova, mas esta é uma violência tão antiga quanto qualquer outra violência praticada contra nossos corpos", manifestou Cida Pedrosa. 

A parlamentar utilizou um episódio do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff como exemplo de violência política sofrida pelas mulheres. "Nesse glorioso Estado, fizeram um adesivo onde aparecia ela (Dilma) de pernas abertas nos carros e um dosador de combustível. O nome disso é violência política, porque ninguém faz isso contra homens, ninguém faz violência sexual contra homens. É como se nossos corpos fossem para serem estuprados e violentados, porque somos vistas como propriedade dos homens. O machismo é estrutural e está em todos os lugares, inclusive nesta Casa", lamentou.  Ela disse que, mesmo havendo uma convivência harmoniosa no parlamento, percebe um certo incômodo, mesmo não verbalizado, quando aborda o assunto.  "Mas é assim mesmo que acontece na sociedade. O que estão fazendo com as vereadoras Liana Cirne e Michele Collins se chama violência política contra as mulheres" salientou. 

A parlamentar chamou a atenção para a necessidade de uma autocrítica para a desconstrução de preconceitos. "Nós precisamos encarar e só conseguimos encarar isso quando cada homem desta Casa puser a mão no coração, na consciência, olhar no espelho e dizer "eu sou machista, mas quero desconstruir isso dentro de mim". Diariamente eu me olho no espelho e digo "eu sou racista e quero me desconstruir". Porque eu só me desconstruirei se me assumir como fruto dessa sociedade que me criou assim. Isso é político, é coletivo, mas também é individual", confessou. 

Em aparte, a vereadora Dani Portela (PSOL) sublinhou as falas de Cida e ressaltou a importância do reconhecimento de cada um enquanto reprodutores de um sistema. "O machismo e o racismo são sistemáticos. Está na estrutura, então, todos os indivíduos, de alguma maneira, reproduzem esse sistema, e o sistema reproduz esses indivíduos. Violência política contra mulheres não é um tema novo, mas o que não podemos coadunar é achar que os territórios virtuais são "terra de ninguém", que a gente pode aproveitar para colocar toda forma de violência e ameaças. Por isso, assinamos esse requerimento conjunto, não só nos solidarizando à toda violência que a vereadora Liana Cirne passou, mas para que isso não aconteça e não siga sendo perpetuado”.

Dani Portela se solidarizou com a vereadora Michele Collins e ressaltou que as sete parlamentares estão somando para a força da mulher na política. “A gente  pode ter vários momentos de discordância, debates são necessários para aprofundar a democracia, mas essa discordância não pode servir para aprofundar violências sexistas e agressões. Não concordo com essas posturas e como feminista, me coloco contrário a toda forma de ataque ou violência contra as mulheres. As vereadoras da Câmara do Recife vão ampliar a voz não de uma, mas de todas nós. Infelizmente somos só sete, mas a nossa luta é para que todo dia consigamos ser mais.", finalizou. 

 Em 14.06.21