Identificação é reivindicada pela categoria policial, diz Liana Cirne ao discutir requerimento

Um requerimento que pede ao Governo do Estado que assegure o uso, por membros da Polícia Militar, de câmeras acopladas aos uniformes e nas viaturas gerou debate nesta segunda-feira (7), durante reunião Ordinária remota da Câmara Municipal. De autoria do vereador Luiz Eustáquio (PSB), a solicitação foi discutida pela vereadora Liana Cirne (PT). De acordo com ela, iniciativas de identificação de policiais é um pedido feito por membros da categoria que buscam se proteger de ordens que ferem direitos fundamentais.

No contexto da discussão, está um caso de violência policial praticado contra a própria Liana Cirne no dia 29 de maio, durante manifestações no Recife contra o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, duas pessoas que sequer participavam do ato – Daniel Campelo da Silva e Jonas Correia de França – perderam a visão de um olho após serem atingidos por balas de borracha. Houve, ainda, episódios de perseguição a manifestantes mesmo após a dispersão do protesto.

Cirne disse conhecer de perto reivindicações de policiais por acompanhar reuniões trabalhistas da classe e por ter lecionado a membros da corporação como professora de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. “A esmagadora maioria dos policiais é digna do nosso respeito e de nossa admiração. São muitos anos formando policiais e tenho muita tranquilidade ao dizer isso. Não foram poucas as vezes em que meus alunos policiais me procuraram, preocupados com cenários de violações de direitos em que eles teriam que ser os braços de um comando autoritário”, afirmou. “Eu já estive diversas vezes acompanhando manifestações de policiais. Um dos reclamos que é unânime é o de que não se tire a identificação dos seus uniformes. Os policiais já sabem que, quando eles vão para as ruas sem usar a identificação, é porque eles vão para cometer abusos – e não por seu próprio desejo, mas porque houve uma ordem”.

 De acordo com ela, a identificação e uso de câmeras por policiais são mecanismos para proteger não só a sociedade – mas também os integrantes das forças de segurança. “O requerimento não protege só a mim, a Daniel, a Jonas – ou a todos os manifestantes que foram invisibilizados no ato do dia 29 e que sofreram agressões. Ele protege os policiais que são corretos”, disse. “Há policiais que não são corretos. São esmagadora minoria. O requerimento é o desejo dos bons policiais. Os que defendem agressores são os que não querem nem identificação, nem câmeras. São pessoas cruéis, perversas. Mas eles não falam pela categoria, mas pela violência”.

Identificação dos agressores – Ainda durante a discussão do requerimento, Cirne contou que seu mandato teria identificado que os mesmos policiais que a agrediram podem ser os responsáveis por uma série de abusos cometidos durante a repressão ao manifesto do dia 29 de maio. A constatação foi feita por meio da viatura, de numeração 190112, em que estavam os agentes. “Após analisarmos os vídeos das agressões, vimos que a mesma viatura em que estavam os policiais que me agrediram, estavam os policiais que desceram para atirar com balas de borracha em transeuntes no parque 13 de maio, apenas porque eles estavam falando palavras de protesto. Eles desceram da viatura para perseguir manifestantes que estavam no parque, já dispersos. E quero dizer que foi essa mesma viatura que negou socorro a Daniel”.

Em 07.06.2021