Liana Cirne pede diálogo e participação popular na discussão da reforma da previdência
A fala inicial foi com o aparte do vereador Osmar Ricardo (PT), que criticou a defesa do vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) à reforma da previdência e explicou não estar contrário ao prefeito João Campos, "é só o formato que podia ser um diálogo mais aberto e discutido". "Há 22 dias teve a reunião da mesa de negociação e em nenhum momento na mesa citou-se que ia ter essa reforma. São três anos sem reajuste. Ano passado, o governo Geraldo Julio aceitou [o reajuste] depois de uma greve de 12 dias do setor com vários sindicatos para mandar o reajuste para a Câmara. A covid veio e não mandou, ele podia ter a autonomia de mandar, mas preferiu sacrificar os servidores mais uma vez. Não é justo quem ganha R$ 23 mil pagar 14%, que é R$ 2.600 do valor, e aquele que ganha R$ 1 mil ou menos, é justo que também pague 14%? Vamos falar em justiça, debate claro e respeito. A gente quer a retirada desse projeto para fazer uma conversa aberta, queremos apenas discutir e o momento é esse para que possa fazer esse debate aberto", afirmou.
Ao subscrever a fala de Osmar, o vereador Tadeu Calheiros (Podemos) também criticou o curto prazo para discussão e apresentação de emendas ao projeto. Além disso, ele afirmou não ter tido acesso às planilhas e tábuas atuariais do município. "Fui procurar essa discussão anteriormente e o que pude encontrar nos registros foi a fala do prefeito contrária à discussão que foi citada em 2019. É preciso que haja uma reforma, ninguém discute isso aqui, ninguém foi contrário a isso. Todos concordam que precisa, mas a forma e a velocidade que ela está se dando tem que ser trazida à tona. A discussão tem que ser aqui. Cadê as planilhas, tábuas atuariais, quanto reflete se a idade for aumentada para 57, 58, 59 anos? Quanto reflete ao longo de 5, 10 anos? A gente não teve acesso. Se falou muito no investimento que vai vir via empréstimo, mas qual vai ser esse impacto na economia ao longo dos anos?", questionou.
Por sua vez, o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) ratificou ser defensor do diálogo, mas afirmou que a reforma tem que ser feita para que a cidade retome a economia. "Há momentos no parlamento que a gente precisa discordar e essa é a defesa da democracia. Não dá mais para a Prefeitura do Recife alocar R$ 214 milhões todo ano no Recifin porque a gente não faz o dever de casa, e fazer o dever de casa é aprovar essa reforma. R$ 214 milhões dá para fazer muita coisa, a gente está falando do dever da cidade de retomar a economia. Infelizmente é um remédio amargo, sim, mas é necessário", alegou.
Já o vereador Jairo Brito (PT) salientou a diferença entre a prática e a vivência. "Eu vivenciei todo o movimento da greve dos servidores públicos federais no governo Lula após um longo tempo de mesa de negociação com o governo na época. Não é dessa forma ligeira que se faz a justificativa do discurso, [a reforma] tem que ser negociada com os sindicatos", contou.
Após ouvir todos os apartes, Liana Cirne, respondeu que, por ser professora, entende "muito bem" sobre dever de casa. "A gente pode fazer mal feito e com pressa, e a gente pode fazer com o estudo que o tema precisa, com atenção, com capricho, com zelo. O que a gente está pedindo ao prefeito João Campos é que esse dever de casa seja bem feito, e não feito de qualquer maneira só para cumprir a tabela e dizer que fez. A gente precisa fazer esse dever de casa com estudo e está faltando. Os servidores estão sendo penalizados desnecessariamente. Tem que fazer a reforma até novembro? Ok, então vamos fazer com afinco, diálogo e participação popular. Não é possível que a gente não veja que os servidores públicos estão acampados na Câmara Municipal. Se a gente não enxergar isso, o que a gente vai ver? Eles estão diante dos nossos olhos pedindo para dialogar. O prefeito João Campos não tem como não ver e não adianta enfiar goela abaixo um remédio amargo e que não funciona, a cloroquina é um ótimo exemplo. O remédio pode até ser amargo, mas ele tem que funcionar", declarou.
Em 16.06.21