Reunião Pública discute revalidação do Frevo como Patrimônio Cultural do Brasil

O frevo é considerado Patrimônio Cultural do Brasil e a cada dez anos é preciso haver a revalidação desse título, seguindo o estabelecido no Decreto nº 3.551/2000, que institui esse instrumento de proteção. O processo tem o objetivo de avaliar as mudanças pelas quais esse bem passou nos últimos dez anos e os impactos gerados pelas políticas de salvaguarda. Diante disso, o vereador Alcides Cardoso (DEM) promoveu uma reunião pública, na tarde desta segunda-feira (7), via internet, com o tema: O Frevo é Nosso!

“Como bons recifenses que somos, uma das coisas que nos enche de orgulho é a nossa vasta e variada cultura, e o frevo faz parte da nossa identidade e das nossas raízes. No carnaval, ele arrasta milhares de pessoas. O frevo tem que continuar a ser o Patrimônio Cultural do Brasil”.

Alcides Cardoso ressaltou que a população precisa colaborar com a revalidação pelo site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que em 14 de maio de 2021 foi aberto o prazo de 30 dias para que possam se manifestar sobre a revalidação do frevo e de outros bens culturais. “Qualquer pessoa pode opinar sobre o tema, por meio de formulário digital no site portal.iphan.gov.br. Até o dia 13 de junho temos que dar colaboração no site e fazer com que o frevo continue a ser patrimônio da cultura brasileira. O Frevo é nosso”.

O vereador Tadeu Calheiros parabenizou Alcides Cardoso pela iniciativa. “São verdadeiras autoridades reunidas no assunto para que o frevo continue a ser nosso patrimônio”. Pedro Afonso Ivo Franco, integrante do British Council e consultor de cultura Unesco, disse que o frevo e o carnaval têm um apelo turístico internacional muito forte. “O frevo encanta e temos um chamariz e um diferencial que a gente precisa tratar melhor, não apenas a nível local, mas mundial”.        

Giorge Bissoni, representante do Iphan, fez questão de esclarecer o processo de revalidação.  “A cada dez anos é reavaliado no Iphan no sentido de identificar as mudanças e fazer um diagnóstico de seus processos de produção, reprodução e transmissão no contexto social, tendo em vista sua continuidade como referência cultural para seus detentores”.

Bissoni detalhou que o processo se encontra na fase de consulta pública e citou os próximos passos. “A consulta vai até o próximo dia 13 e, no dia 16, haverá a reunião da Câmara Técnica Setorial de Patrimônio Imaterial para decidir a revalidação do frevo, tendo como base os documentos técnicos produzidos e as manifestações da sociedade civil, por meio da consulta pública. Posteriormente, o presidente do Iphan vai encaminhar a decisão da Câmara Técnica para o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que é a instância máxima do Iphan”.

Margarida Cantarelli, representante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP) disse que era indiscutível a importância do frevo. “Não só para o carnaval, como para toda a cultura. O frevo faz bem à alma. O IAHGP cuida muito do patrimônio imaterial, mas, também, é guardião da história de Pernambuco. E sendo guardião da história, também é guardião da cultura, a qual o frevo faz parte. Oferecemos e externamos todo o nosso apoio, inclusive se precisar de algum documento para que se junte ao dossiê”.         

O diplomata Carlos Alberto Asfora disse que o frevo esteve sempre presente em sua carreira diplomática. “Como pernambucano, soube valorizar essa tradição tão rica essa música tão nossa que agrega elementos africanos, como a capoeira que tem a ver com os passos do frevo; elementos europeus com a musicalidade dos metais, e certamente os indígenas, pois sempre estiveram presentes na cultura pernambucana. Na Holanda, onde morei por mais de 10 anos, organizei um voo do frevo. Uma casa de show em Amsterdã foi organizada e promovemos um carnaval com o Balé Popular, Alceu Valença e outros artistas. Foi um enorme sucesso. Temos que manter o frevo como uma das grandes expressões musicais do nossos país”.

Rodrigo Menezes, vice-presidente do Galo da Madrugada, enalteceu que a agremiação sempre foi uma voz ativa do frevo e que, atualmente, considera o ritmo muito mais acolhedor. Ele ressaltou ser essencial a transferência desse patrimônio para as novas gerações.Deca Madureira, representante do Balé Popular do Recife, disse que o frevo constitui vários elementos dentro de um contexto. “Em São Paulo, o frevo também é instrumento de pesquisa para várias companhias de dança.   

Os artistas Maestro Spok, Dudu Alves (Quinteto Violado), Rominho Pimentel (Banda Som da Terra) e Bia Villa-Chan destacaram como o frevo tem relevância na vida de cada um, do sentimento do povo e de como é importante a revalidação do ritmo pernambucano. 

A deputada estadual Priscila Krause disse que o processo de revalidação causa mobilização. “E força essa preocupação com a identidade. Acredito muito que essa construção é permanente, sistemática e precisa ser uma política de Estado. O frevo é nosso e continuará sendo Patrimônio”.

Em 07.06.21