Dani Portela lembra participação do Provida-PE em ato de constrangimento a criança vítima de estupro

A Câmara do Recife aprovou, durante a reunião plenária remota desta segunda-feira (23), um requerimento de voto de aplauso, formulado pelos vereadores Felipe Alecrim (PSC) e Michele Collins (PP), ao grupo antiaborto Provida-PE. Antes da votação, a vereadora Dani Portela (PSOL) fez uso da tribuna virtual para manifestar sua posição contrária à proposta. Em seu discurso, a parlamentar lembrou a participação do grupo em um ato que hostilizou uma criança de dez anos, grávida e vítima de estupro, em frente a uma clínica de aborto legal na capital pernambucana. O caso aconteceu há um ano, em agosto de 2020.

O requerimento de Collins e Alecrim busca congratular o grupo Provida-PE “pelos relevantes serviços prestados em prol dos valores cristãos e da família tradicional brasileira”. Antes da votação desta segunda-feira, havia sido retirado de pauta em duas ocasiões, ambas por pedidos de vista.

Ao pronunciar-se na tribuna, Portela lembrou que a maior parte dos crimes sexuais cometidos contra crianças são praticados por pessoas próximas, inclusive da família, como ocorreu no caso da criança hostilizada no Recife. “Essa menina começou a ser estuprada aos seis ou sete anos de idade, quando ela deveria ser protegida. A maioria dos crimes sexuais contra crianças não acontecem nas ruas. Quase 90% desses crimes acontecem dentro das casas, das escolas, das instituições religiosas, onde essas pessoas deveriam ser protegidas e cuidadas. Imaginem o que é uma gestação para  uma criança que trocou o brinquedo pela dor da violência sexual, pelo silenciamento, pelo medo, pelas ameaças. Tudo isso praticado por um tio, alguém muito próximo”.

A vereadora disse ter presenciado o ato que constrangeu a menina e indicou que não seria possível separar o voto de aplauso do episódio. “Não é uma defesa da vida que está em curso aqui. É aplaudir um instituto que promoveu um circo de horrores. Foi justamente esse grupo, o Provida, que hoje se propõe que seja aplaudido, que fez um horror na vida daquela criança. Foi esse grupo que foi para a frente daquela maternidade para protestar contra o procedimento”, disse. “Eu estava ali. Aquela criança desceu assustada. Do carro daquela criança, se ouviam vozes chamando de assassina uma menina de apenas dez anos, com medo. O Provida conduziu aqueles atos. Não tem como coadunarmos com atitudes como essa”.

Em 23.08.2021