Ivan Moraes apresenta estudo sobre os gastos da PCR com publicidade

O vereador Ivan Moraes (PSOL) apresentou um estudo do seu mandato sobre os gastos da Prefeitura do Recife com a comunicação, baseado em dados do Portal da Transparência, e disse que neste ano a PCR vem gastando mais com campanhas institucionais do que com educativas. “Mais uma vez fazemos o alerta de que é preciso suspender a institucional durante a pandemia”, afirmou, na reunião plenária virtual da Câmara Municipal do Recife nesta terça-feira (31).

Para o vereador, é um equívoco a PCR gastar mais dinheiro fazendo propaganda da gestão, e dizendo que “o Recife é a capital do Nordeste” do que divulgando que “a população precisa usar máscaras para enfrentar a pandemia ou então como se cadastrar no aplicativo para se vacinar”. Ivan Moraes informou que, de janeiro a junho deste ano já foram executados R$ 20 milhões e 100 mil dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2021. “O ano todo prevê R$ 26 milhões e 800 mil. Ou seja, com certeza extrapolaremos o que autorizamos para a comunicação”.

O vereador afirmou que, no primeiro semestre de 2021, dos R$ 20,1 milhões gastos com publicidade, pela Prefeitura do Recife, R$ 14,5 milhões (72%) se destinaram às campanhas institucionais, enquanto as campanhas educativas foram responsáveis por pouco mais de R$ 5,6 milhões (28%). “Essa priorização de gastos com campanhas promocionais vem se mantendo como marca da comunicação dos governos do PSB, o que pode ser comprovado a partir da comparação com um recorte temporal dos seis primeiros meses de 2019 a 2021, já que ainda não podemos fazer uma análise comparativa do ano de 2021 por completo”.

Ele também fez um comparativo com as despesas da PCR com publicidade e disse que, no mesmo período de 2019, os percentuais de comprometimento dos gastos com as campanhas institucionais e educativas se mostraram mais próximos, sendo 59% dos recursos aplicados nas primeiras (institucionais) e 41% nas campanhas educativas. Já no primeiro semestre de 2020, houve uma redução de gastos com campanhas educativas, que alcançaram apenas 23% do total, enquanto as campanhas institucionais totalizaram 77%.

“Ou seja, nos períodos analisados (primeiros semestres de 2019, 2020 e 2021) os gastos com as campanhas institucionais tem superado significativamente aqueles destinados às campanhas educativas. No entanto, em 2020 e 2021 essa superação é bem mais expressiva, o que parece inconcebível, uma vez que nesses períodos foram registrados picos de casos de covid-19 no Recife, onde as campanhas educativas de prevenção sobre a pandemia se faziam extremamente necessárias”, disse.

Dados da execução orçamentária e o gasto com grandes emissoras – No grande expediente, período da reunião plenária dedicado a comunicações de até 15 minutos, Ivan Moraes voltou a tratar do assunto. O parlamentar apresentou gráficos com informações sobre os gastos da Prefeitura com comunicação.

O vereador reforçou que a Prefeitura vem estourando os gastos previstos com comunicação ano a ano – e caminha para fazer o mesmo em 2021. “Em 2019, a Prefeitura demandou, através da Lei Orçamentária Anual, R$ 12,7 milhões para gastar com propaganda. Gastou R$ 50,8 milhões, praticamente quadriplicando o previsto para esse gasto. Em 2020, também gastou R$ 49,9 milhões, quase o dobro do que tinha demandado à Câmara no ano. Agora, em 2021, o gasto já se aproxima do total demandado pela Prefeitura através da Lei Orçamentária Anual. Tudo indica que, nessa proporção, vamos ultrapassar mais uma vez em milhões de reais aquilo que a Prefeitura tinha originalmente demandado”.

De acordo com ele, a distribuição dos gastos com veículos de comunicação é pouco equitativa e concentrada em grandes empresas. “Só no primeiro semestre, mais de R$ 17 milhões foram para televisão, rádio e jornal. Mais uma vez, grande parte – R$ 13 milhões – para grandes veículos. Acreditamos que é muito importante investir nos meios de comunicação populares e comunitários, tanto para fortalecer esses meios, quanto para fazer com que a informação chegue com mais qualidade às pessoas”.

Ivan Moraes também retomou sua crítica ao montante de verbas utilizado em propagandas que enaltecem a imagem da gestão municipal, em detrimento da comunicação informativa. “Também é díspar o que se gasta com propaganda institucional. É a Prefeitura dizendo que ela é boa. O que acontece é que o partido que ganha o poder utiliza milhões de reais para fazer propaganda de si mesmo. É a privatização de um recurso público que deveria priorizar a comunicação educativa”, avaliou. “E, no primeiro semestre de 2021, quando temos uma enorme demanda sobre vacina e prevenção à covid, vemos R$ 15 milhões gastos em propaganda institucional e pouco mais de R$ 5 milhões com a propaganda educativa”.

Em aparte, o vereador Luiz Eustáquio (PSB) indicou que o volume de recursos destinado a grandes emissoras seria uma tática de visibilidade. “A questão da comunicação é algo que precisamos avaliar. Quando se coloca que, neste momento, poderíamos investir mais na questão de saúde, é uma visão. A gente sabe que a Prefeitura tem investido muito na saúde da população e procuramos que invista mais ainda. Mas, quando queremos ser vistos e ouvidos pelas pessoas, a gente tenta colocar nossas propagandas na Globo, mesmo pagando a mais, porque é a mais assistida”.

Moraes, no entanto, respondeu que grandes emissoras podem não ser tão eficazes para passar informações quando pequenos veículos que utilizem linguagem adequada a cada público. "Quando falamos de informações sobre vacinas, percebemos que é muito mais eficaz fazer com que a comunicação chegue de forma diferenciada em cada território e para cada público do que  gastar milhões de reais com emissoras que vão mandar a mesma mensagem para todo mundo na mesma hora".


Em 31.08.2021