Liana Cirne apela a governador para adquirir casa e acervo de Zé Santeiro

Um apelo para que o governador Paulo Câmara faça a aquisição do acervo de um dos maiores antiquários de arte sacra do país, o pernambucano José dos Santos, conhecido como Zé Santeiro, foi feito pela vereadora Liana Cirne (PT). “O que eu peço é que a casa, localizada no bairro das Graças, seja convertida em museu e que todo o acervo popular seja adquirido para visitação pública”, afirmou, na reunião plenária virtual da Câmara Municipal do Recife, nesta terça-feira (31).

De acordo com Liana Cirne a casa de Zé Santeiro abriga mais de três mil peças que datam dos séculos 17, 18 e 19. Entre elas estão santos, oratórios e objetos sacros que foram restaurados pelo artista. Essas peças, de acordo com a parlamentar, vinham de famílias de um passado próspero, mas que precisavam vender as peças por mudanças econômicas e sociais. “Há 60 anos, ele começou a montar uma coleção particular em sua casa. O Recife hoje tem um tesouro escondido no bairro das Graças, e corremos o risco de perdê-lo”, alertou.

A vereadora explicou que a coleção de Zé Santeiro “apanha as três fases do Barroco no Brasil: o nacional português (1600-1700), o joanino (primeira metade do século 18) e o rococó (segunda metade do 18), e tem um enorme valor histórico-artístico para Pernambuco”. Em 1999, disse ela, Zé Santeiro foi o único pernambucano convidado para a exposição Brésil Baroque, no Petit Palais de Paris, em comemoração aos 500 anos da descoberta do Brasil. A parlamentar considerou que as peças compõem um tabuleiro artístico da cultura e da história do povo pernambucano. “A arte integra a nossa identidade”, afirmou.

“Há quem diga que arte é coisa de elite, de classe média e alta, mas, para mim, o que precisamos é democratizar o acesso dessa arte para a população”, afirmou.  Liana Cirne acrescentou que, caso a coleção de Zé Santeiro não seja adquirida pelo Estado para visitação pública, há o risco de o acervo ser adquirido por colecionadores ou museus da Europa.

“Como se trata de uma coleção particular das mais volumosas do Brasil e do mundo, ela já tem interessados. Estamos na iminência de o acervo ser vendido e levado para outro país e é um crime deixarmos essa coleção ser levada para outro lugar. Não tem cabimento irmos para outro país para conhecer e visitar a nossa arte sacra”, alertou.

Liana Cirne apresentou um breve perfil de José dos Santos. Disse que ele nasceu no dia 25 de julho de 1929, no Cabo de Santo Agostinho, e desde cedo se especializou em restauração de antiguidades. “Ele fez um curso de restauração de antiguidades quando morou no Rio de Janeiro, aos 17 anos, e de volta ao Recife, abriu um antiquário”, disse. A primeira oficina de Zé Santeiro foi na Rua do Imperador, centro do Recife, onde foi ganhando fama nacional. Além de restaurador, passou a antiquário e colecionador de arte sacra.


Em 31.08.2021.