Audiência debate viabilidade de serviços de manutenção no período noturno
O vereador Fabiano Ferraz anunciou que deve elaborar uma emenda para contribuir com o projeto de lei número 220/2021. "Até para evitar mortes e tragédias". Ao mencionar que a audiência foi proposta pela relevância da proposição, o vereador ressaltou a necessidade de um maior debate sobre o projeto. "Sou relator da matéria dentro da Comissão de Acessibilidade e Mobilidade Urbana. Considero valoroso debater o tema com o autor, além dos demais colegas vereadores, bem como com representantes dos principais órgãos municipais e estaduais e a sociedade. Para que juntos possamos encontrar uma solução e executar os devidos serviços sem prejudicar a população".
O autor da proposição, Marco Aurélio Filho, recordou ter tido a ideia do projeto de lei por ter enfrentado um grande congestionamento na cidade. "Fiquei 40 minutos preso no trânsito e mais à frente percebi que estavam pintando o meio fio. Dei entrada nessa proposição porque penso que é importante que a gente facilite a vida dos recifenses. Nossa intenção na Casa é buscar alternativas para melhorar a vida de cada um, e é nesse sentido que estamos reunidos hoje. É importante esse diálogo do Legislativo com o Executivo. Somos poderes independentes, mas precisamos caminhar juntos".
Dilson Batista (Avante) relatou a importância da audiência para o desenvolvimento do Recife. "As manutenções muitas vezes são feitas no dia a dia e podem ser viabilizadas à noite. Sabemos que a Casa identifica a importância na fiscalização e a busca dos caminhos que facilitam a vida dos recifenses. Vamos sofrer um pouco mais quando as atividades voltarem 100%, e precisamos que os órgãos busquem alternativas para fortalecer a viabilidade no trânsito", pediu.
O vereador Zé Neto (PROS) falou que é fundamental o diálogo entre Legislativo e Executivo. "Afinal de contas, essa é a nossa atividade: ouvir e ser a voz da população junto ao Executivo na fiscalização e proposição de lei. Eu me coloco à disposição como presidente da Comissão de Planejamento Urbano e Obras. A Comissão está aberta para que a gente possa fazer esse debate lá, assim como outros assuntos que sejam do interesse do povo recifense".
O diretor de Manutenção Urbana da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Sérgio Matos, apresentou os projetos do órgão e explicou que a malha viária se subdivide em quatro partes. "A nossa malha tem 2.344 quilômetros na cidade, sendo 2.253 da Prefeitura. Ela se subdivide em: pavimento flexível, paralelepípedo, não pavimentado (vias em leito natural) e rígido, que são 5% da extensão total, mas chega a 30% da área pavimentada, que são as grandes vias que temos, como as Avenidas Agamenon Magalhães, Recife, Mascarenhas de Moraes, Norte e Sul. São todas com pavimento rígido", explicou.
Sérgio Matos especificou que a Emlurb possui atendimentos e ações dinâmicas em benefício dos recifenses. "Existe o Sistema de Gerenciamento de Pavimentos (SGP), feito com um levantamento do que existe no município em relação às vias. Foi criado um Sistema Itinerante de Gestão Avançada (Siga), além do telefone 156 e o Conecta Recife, com isso, as demandas passaram a vir por estes sistemas. O Sistema de Intervenção de Obras Públicas (ELIP) serve para a Emlurb ter uma comunicação com todas as outras empresas e a população. Ele faz o acompanhamento de como o pavimento foi pego e como está sendo deixado. São monitorados 2.130 pavimentos de asfalto no Siga. Os principais serviços que temos hoje são: recapeamento de asfalto, tapa buraco, abatimentos (microdrenagem), placas de concreto e podação, sendo os dois primeiros executados preferencialmente à noite".
O secretário Executivo da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) reforçou a preocupação diária da pasta, da Autarquia de Urbanização do Recife (URB) e da Emlurb com os transtornos que as obras causam no trânsito e para a sociedade. "A mobilidade da cidade, e o que é possível fazer à noite, como o projeto propõe, já estava no radar da Emlurb e Seinfra. Alguns outros serviços realmente são inviáveis no período da noite. A gente vive num dilema entre melhorar a mobilidade fazendo as obras noturnas, e também proporcionar o descanso tranquilo a todos os moradores quando a intervenção é durante o dia. Tudo o que é possível fazer à noite, a gente faz".
Já a diretora da Região Metropolitana da Compesa, Nyadja Menezes, disse que quanto mais os centros urbanos crescem, maiores são as dificuldades com relação à mobilidade. "A gente tem um desafio diário porque está em uma região com um cenário, em relação ao Nordeste, com menor despoluição hídrica de todo o país. Quando a gente trata de serviços de manutenção que são importantes e fazem parte do dia a dia da Compesa, a gente tem um grande desafio. Muitas vezes, o serviço implica em deixar uma área sem água", informou.
A secretária Executiva de Pavimento da Prefeitura do Recife, Eliane Viana, relatou que algumas obras estão em andamento à noite sempre que possível, como serviços de desobstrução de esgoto e drenagem. "Mas existe o risco de obstrução dos canos. Estamos construindo um cronograma de ações em compatibilidade com a Emlurb e com a Compesa".
Já o engenheiro de fiscalização da URB, José Almir, ressaltou algumas vantagens e desvantagens quanto aos horários dos serviços. "A grande dificuldade é o ruído, porque a gente trabalha com máquina. Para fazer o passeio da rua tem que ter o marreco para a demolição. Não dá para fazer manualmente. É um ponto que pesa na parte noturna. A entrega de material também pesa porque na parte noturna nenhum fornecedor entrega material de emergência. As obras são 20% a mais por conta do adicional noturno. A produtividade também não é igual, já que os trabalhadores passam parte do dia trabalhando para descansar e irem à noite".
O gerente da área leste da Compesa, Aprígio Cunha, afirmou que a empresa já procura fazer manutenções noturnas. "Temos serviços diurnos e noturnos, de reparo hidráulico e, também, pavimentação". O gerente da área leste também ressaltou trabalhar com serviços nos dois turnos. "A gente tem umas ruas com dificuldades para realizar os serviços durante o dia. Quando tem vazamento e finalização, que são pavimentos para serem concluídos, a gente pede o apoio da Emlurb e da CTTU [ Autarquia de Trânsito e Transporte]".
O gerente geral de Operações e Fiscalização da CTTU, Nilton Prazeres, pontuou que o principal pilar da CTTU é a segurança viária "que desencadeia todo o centro urbano. Temos problemas na manutenção da infraestrutura, que se dá no dia a dia. Esse debate traz a particularidade de cada órgão. A gente está sempre discutindo, planejando e tentando pensar na melhor forma de tratar a cidade, respeitando o direito de ir e vir das pessoas".
Em 08.09.21