Cida Pedrosa defende não adesão a PNLD no Recife

A vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) fez uso da tribuna virtual da Câmara do Recife nesta terça-feira (28), durante a reunião plenária remota, para discutir um requerimento de sua autoria que pede que a Prefeitura não realize a adesão ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático – Educação Infantil (PNLD 2022). De acordo com ela, o Programa adota uma visão profissionalizante para crianças de zero a seis anos, sendo incompatível com a Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e com Base Nacional Comum Curricular. Discutido por diversos parlamentares, o requerimento nº 9133/2021 recebeu um pedido de vistas da vereadora Dani Portela (PSOL).

A solicitação repercute um documento de especialistas intitulado Carta Aberta aos Secretários de Educação do Estado de Pernambuco sobre a Adesão ao Programa Nacional do Livro e do Material. No discurso feito na plenária, Pedrosa frisou as inadequações técnicas do PNLD 2022. “A discussão, aqui, é técnica. As discussões havidas nas grandes escolas de pedagogia do País hoje é que o modo antigo de ter livros didáticos que levam ao processo unicamente cognitivo da criança para ela se alfabetizar impede todo o crescimento individual possível quando se trabalha com essa mesma criança com os seus saberes, as suas realidades, quando se dá tempo para que ela compreenda o mundo. Estamos falando de crianças, não de estudantes”.

A vereadora salientou que sua proposta não pede que não sejam utilizados livros no ensino infantil. Ela defendeu o uso de livros informativos e de literatura, bem como “parquinhos, areia, brinquedos, papel, tinta, pinceis, espaços físicos dignos das crianças e dos docentes”.

“Não estamos falando de proibição ao livro, muito pelo contrário. O edital PNLP 22 coloca o desenvolvimento de habilidade de preparação para a alfabetização como eixo central para a vida escolar, pessoal e profissional do estudante. Estamos falando de crianças. A criança é um sujeito que aprende nas interações, brincadeiras, relações e práticas do cotidiano. Não podemos admitir que criança seja moldada como um profissional”, explicou.

Cida Pedrosa também disse que a adesão ao Plano criaria uma cartilha única de ensino infantil, sem respeitar a diversidade das culturas brasileiras. “Outro problema é que, quando você tem um edital nacional para esse tipo de livro, não se respeitam as diferenças regionais. É um bloco único. O mesmo livro da criança aprendendo o ‘AEIOU’ no Rio Grande do Sul é o da criança daqui. Mas crianças em idade pré-escolar precisam de estímulos para desabrochar. E, dentre esses estímulos, está o livro de literatura”.

Em 28.09.2021