Dani Portela comenta proibição de missões religiosas em terras indígenas na pandemia

“A cruz, muitas vezes, traz a espada e a destruição da autonomia dos povos indígenas e de suas religiosidades”. Com essas palavras, a vereadora Dani Portela (PSOL) fez uma análise da liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, para impedir o acesso a terras indígenas isoladas e de recente contato por conta da pandemia de covid-19, o que tem causado reações por parte de missionários religiosos. A parlamentar abordou o tema na tribuna virtual da Câmara do Recife nesta terça-feira (28), durante a reunião plenária remota.

“Essa decisão foi tomada a partir de pedido feito pelo Partido dos Trabalhadores e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ela veio em um momento em que o Marco Temporal [tese que visa a restringir a demarcação de terras indígenas de acordo com a posse em 1988] tem sido muito discutido e em que, durante a pandemia, esses povos se encontram muito vulneráveis. Sabemos que povos inteiros podem desaparecer. Em 2004, a organização Jovens com uma Missão foi responsável por um surto de malária que dizimou 5% do povo Suruwahá", contextualizou a vereadora.

Dani Portela não deixou de analisar o assunto sob a ótica dos interesses ligados à atual gestão do Governo Federal. "Durante o governo Bolsonaro, há uma lógica diferente. A própria ministra dos Direitos Humanos foi acusada pelo pajé do povo Kamayurá de sequestrar uma criança [indígena]. O que está em jogo não é uma fé, é a vida e os direitos dos povos indígenas. Precisamos entender a importância da decisão que foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal. São mais de 500 anos de vidas sendo ceifadas. E, desde que Bolsonaro assumiu o poder, a violência contra os povos indígenas aumentou em 150%. São mortes, incêndios, estupros e um aumento no número de suicídios. Respeitar essa decisão é urgente e necessário".

Em 28.09.2021