Prefeitura detalha plano do Complexo do Aeroclube em audiência pública

A Câmara do Recife promoveu nesta quinta-feira (30) a primeira de uma série de audiências públicas que visam a discutir o planejamento e a execução das obras parque do Aeroclube. O debate, conduzido pelo vereador Paulo Muniz (SD), foi requerido por uma Comissão Especial criada neste mês para acompanhar o andamento das obras, e da qual o parlamentar é presidente. Na ocasião, membros da Prefeitura do Recife detalharam o conceito do novo parque, que será localizado em um complexo de equipamentos públicos na região do antigo terreno de prática de aviação civil localizado no bairro do Pina, na Zona Sul da capital.

Ao dar início à audiência, Muniz disse que a Zona Sul do Recife é carente de parques com áreas verdes – uma demanda que pode ser suprida com o parque do Aeroclube. “A Zona Sul tinha uma ‘inveja’ do Parque da Jaqueira. Na gestão do ex-prefeito João Paulo (PT), quando eles pegaram a área do parque Dona Lindu, Boa Viagem, Setúbal e imediações desejaram muito um parque verde. Mas o prefeito seguiu sua ideia inicial”, disse o vereador, referindo-se ao espaço de lazer predominantemente coberto de concreto. “Com o Complexo do Aeroclube, a Zona Sul novamente se deparou com a oportunidade de ter um grande parque verde. O ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) montou uma equipe com mais de 70 pessoas que ouviram os desejos da população e chegaram a um consenso democrático”.

Vice-presidente da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras do Parque do Aeroclube, o vereador Zé Neto (PROS) também comentou sobre o impacto que o novo parque pode representar para a região. “Esta audiência é de grande importância para o que esse parque vai trazer para os moradores do bairro de Boa Viagem e adjacências. Para mim, é uma honra estar na vice-presidência da Comissão”.

Parque do Aeroclube – De acordo com informações apresentadas pela Prefeitura na audiência, o Complexo do Aeroclube contará com 600 unidades de habitação de interesse social, Compaz, creche-escola, e um parque integrado aos demais equipamentos e com quatro hectares de área verde. As quadras centrais do terreno serão destinadas ao mercado imobiliário. Será mantida a pista de pouso e decolagem do antigo aeroclube como um elemento de memória e de estruturação do Complexo.

No parque, serão instalados um Espaço Memória, passarelas de passeio com mirante, anfiteatro, econúcleo, quadra polivalente, campo de areia, academia inclusiva, parques infantis inclusivos, um parque destinado a animais, pistas de skate, patins e de bicicross, dois circuitos de cooper e circuito de bicicleta.

Após iniciadas as obras, que devem ser contratadas neste ano, o parque deverá ficar pronto em até 36 meses. O investimento no parque deve ficar em torno de R$ 85 milhões – quando se contabiliza os custos do Compaz e da creche-escola, esse valor sobe para cerca de R$ 100 milhões.

A chefe de gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, Cinthia Mello, foi a responsável por apresentar os detalhes do parque. Ela recuperou a história da ideia da unidade de lazer e frisou que seu conceito privilegia a integração com os espaços do Complexo e a memória do Aeroclube. “Esse projeto vem sendo pensado desde o final da implantação da Via Mangue. Junto com as demais secretarias da Prefeitura, foram pensadas toda uma pauta de necessidades sociais. Dentre elas, a de trazer à Zona Sul um parque grande, de 12 hectares, com uma variedade de entretenimento e lazer e que revive a história do Aeroclube”.

Segundo o secretário-executivo de Projetos da Prefeitura do Recife, Pedro Plácido, a Prefeitura espera arrecadar os valores para a construção do parque com a venda do miolo do terreno para o setor imobiliário. “As quadras centrais contemplam 12 lotes comerciais. Será realizado um estudo de avaliação da valorização dos terrenos com a Caixa Econômica Federal para fazermos uma parceria público-privada e custear a obra do Complexo. O financiamento virá da venda deles”.

Habitacionais – A Diretora de Integração Urbanística da URB, Tercília Vila Nova, apresentou os projetos dos conjuntos habitacionais Encanta Moça I e II, cada um com 300 unidades habitacionais em uma área de quase 32 mil m², com quadras polivalentes, praças e centros comunitários. “Apesar de haver um parque imenso do Complexo, é uma exigência do Programa Minha Casa Minha Vida que a gente tenha essas áreas de lazer dentro dos habitacionais”.

Ao total, são 14 blocos com cinco pavimentos e oito apartamentos por andar e dois blocos de cinco pavimentos com quatro apartamentos por andar. Cada apartamento mede 45 m² e conta com dois quartos, sala, cozinha e banheiro social. Estima-se que 2100 pessoas sejam atendidas pelos conjuntos.

Também representante da URB, Fabrício Coutinho falou sobre o Projeto Técnico Social dos dois habitacionais. O plano tem como objetivo garantir a melhoria de qualidade de vida das famílias atendidas e sua permanência nos conjuntos. “Esse projeto é um conjunto de estratégias e ações nas dimensões social, econômica, produtiva, ambiental e política voltadas para a população. Vamos tirar famílias das palafitas e levá-las para um novo núcleo. Precisamos trabalhar seu contexto social e suas fontes de renda para introduzi-las nessa nova realidade”.

Urbanização do rio Pina – A gerente geral de Projetos de Infraestrutura da Prefeitura, Dâmaris Tavares, deu informações sobre o projeto de urbanização das margens do rio Pina, localizado nas imediações do Aeroclube. A intervenção, que é parte do Complexo, prevê um parque com pista de cooper e ciclovia, área de esportes, equipamentos de ginástica, parques infantis, áreas de convívio, praça de leitura, quiosque e galpão de mariscos.

“Com toda essa ocupação nas margens do rio, vamos precisar dar um tratamento urbanístico às margens. A ideia é fazer um grande parque linear que traga de volta a comunicação da população com o rio”, explicou. “O projeto está em fase conceitual e tem como diretriz a integração da malha urbana com a ZEIS [Zona Especial de Interesse Social], a conexão da comunidade com a frente d’água, a valorização dos remanescentes de mangue e o respeito às atividades existentes”.

Compaz – O secretário executivo de Segurança Cidadã do Recife, Paulo Moraes, tratou do Compaz que deve se situar no terreno do Aeroclube e junto ao parque. Ele destacou a oferta de serviços do Centro e diferenciais como a presença de uma biblioteca viva (voltada à arte-educação), um laboratório da primeira infância e a integração com o Complexo do Aeroclube.

“Temos um Compaz que tem condições de representar um novo momento no futuro das pessoas que vão conviver no parque. Este Compaz é diferenciado em relação aos demais porque vai ter a parte esportiva no parque e é integrado a ele. Apenas a parte da piscina será do lado do prédio”, enalteceu.

Creche-escola – Além do Compaz, deverá ser construída uma creche-escola na área entre o parque e os habitacionais. A respeito desse equipamento, falou o gerente geral de Infraestrutura da Secretaria de Educação, Eugênio Leicht.

“A creche vai atender crianças de zero a cinco anos. A previsão inicial é trabalhar com 126 crianças em horário integral”, relatou. “O seu conceito tem um grande vão de convívio que vai circundar três módulos: a parte administrativa, a parte de serviços e as salas de aula. Trabalharemos com 12 salas de aula, sala de recursos multifuncional e sala de artes”.

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – Os investimentos do Complexo do Aeroclube também devem contemplar a construção de uma UPA nas imediações. De acordo com a representante da Secretaria de Saúde Juliana Martins, cerca de 10500 pessoas residentes na área devem ser beneficiadas, inclusive os moradores dos conjuntos Encanta Moça I e II.

“A UPA será localizada na praça do Bode, a 1,5 km do Complexo. Ela vai ser contituída de uma unidade de saúde da família com três equipes. O perfil da unidade será a da oferta de consultas odontológicas, médicas e de enfermagem para o acompanhamento pré-natal, puericultura e o planejamento reprodutivo, além do acompanhamento de tuberculose, hanseníase e grupos prioritários”, adiantou.

Ao final da audiência, foram respondidas perguntas enviadas pela imprensa e pelos mandatos dos vereadores Renato Antunes (PSC) e Ivan Moraes (PSOL). Dentre os temas discutidos, estavam o financiamento da obra e as expectativas de discussões sobre o planejamento urbano das áreas que serão destinadas ao setor privado.

Em 30.09.2021