Prefeitura detalha plano do Complexo do Aeroclube em audiência pública
Ao dar início à audiência, Muniz disse que a Zona Sul do Recife é carente de parques com áreas verdes – uma demanda que pode ser suprida com o parque do Aeroclube. “A Zona Sul tinha uma ‘inveja’ do Parque da Jaqueira. Na gestão do ex-prefeito João Paulo (PT), quando eles pegaram a área do parque Dona Lindu, Boa Viagem, Setúbal e imediações desejaram muito um parque verde. Mas o prefeito seguiu sua ideia inicial”, disse o vereador, referindo-se ao espaço de lazer predominantemente coberto de concreto. “Com o Complexo do Aeroclube, a Zona Sul novamente se deparou com a oportunidade de ter um grande parque verde. O ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) montou uma equipe com mais de 70 pessoas que ouviram os desejos da população e chegaram a um consenso democrático”.
Vice-presidente da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras do Parque do Aeroclube, o vereador Zé Neto (PROS) também comentou sobre o impacto que o novo parque pode representar para a região. “Esta audiência é de grande importância para o que esse parque vai trazer para os moradores do bairro de Boa Viagem e adjacências. Para mim, é uma honra estar na vice-presidência da Comissão”.
Parque do Aeroclube – De acordo com informações apresentadas pela Prefeitura na audiência, o Complexo do Aeroclube contará com 600 unidades de habitação de interesse social, Compaz, creche-escola, e um parque integrado aos demais equipamentos e com quatro hectares de área verde. As quadras centrais do terreno serão destinadas ao mercado imobiliário. Será mantida a pista de pouso e decolagem do antigo aeroclube como um elemento de memória e de estruturação do Complexo.
No parque, serão instalados um Espaço Memória, passarelas de passeio com mirante, anfiteatro, econúcleo, quadra polivalente, campo de areia, academia inclusiva, parques infantis inclusivos, um parque destinado a animais, pistas de skate, patins e de bicicross, dois circuitos de cooper e circuito de bicicleta.
Após iniciadas as obras, que devem ser contratadas neste ano, o parque deverá ficar pronto em até 36 meses. O investimento no parque deve ficar em torno de R$ 85 milhões – quando se contabiliza os custos do Compaz e da creche-escola, esse valor sobe para cerca de R$ 100 milhões.
A chefe de gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, Cinthia Mello, foi a responsável por apresentar os detalhes do parque. Ela recuperou a história da ideia da unidade de lazer e frisou que seu conceito privilegia a integração com os espaços do Complexo e a memória do Aeroclube. “Esse projeto vem sendo pensado desde o final da implantação da Via Mangue. Junto com as demais secretarias da Prefeitura, foram pensadas toda uma pauta de necessidades sociais. Dentre elas, a de trazer à Zona Sul um parque grande, de 12 hectares, com uma variedade de entretenimento e lazer e que revive a história do Aeroclube”.
Segundo o secretário-executivo de Projetos da Prefeitura do Recife, Pedro Plácido, a Prefeitura espera arrecadar os valores para a construção do parque com a venda do miolo do terreno para o setor imobiliário. “As quadras centrais contemplam 12 lotes comerciais. Será realizado um estudo de avaliação da valorização dos terrenos com a Caixa Econômica Federal para fazermos uma parceria público-privada e custear a obra do Complexo. O financiamento virá da venda deles”.
Habitacionais – A Diretora de Integração Urbanística da URB, Tercília Vila Nova, apresentou os projetos dos conjuntos habitacionais Encanta Moça I e II, cada um com 300 unidades habitacionais em uma área de quase 32 mil m², com quadras polivalentes, praças e centros comunitários. “Apesar de haver um parque imenso do Complexo, é uma exigência do Programa Minha Casa Minha Vida que a gente tenha essas áreas de lazer dentro dos habitacionais”.
Ao total, são 14 blocos com cinco pavimentos e oito apartamentos por andar e dois blocos de cinco pavimentos com quatro apartamentos por andar. Cada apartamento mede 45 m² e conta com dois quartos, sala, cozinha e banheiro social. Estima-se que 2100 pessoas sejam atendidas pelos conjuntos.
Também representante da URB, Fabrício Coutinho falou sobre o Projeto Técnico Social dos dois habitacionais. O plano tem como objetivo garantir a melhoria de qualidade de vida das famílias atendidas e sua permanência nos conjuntos. “Esse projeto é um conjunto de estratégias e ações nas dimensões social, econômica, produtiva, ambiental e política voltadas para a população. Vamos tirar famílias das palafitas e levá-las para um novo núcleo. Precisamos trabalhar seu contexto social e suas fontes de renda para introduzi-las nessa nova realidade”.
Urbanização do rio Pina – A gerente geral de Projetos de Infraestrutura da Prefeitura, Dâmaris Tavares, deu informações sobre o projeto de urbanização das margens do rio Pina, localizado nas imediações do Aeroclube. A intervenção, que é parte do Complexo, prevê um parque com pista de cooper e ciclovia, área de esportes, equipamentos de ginástica, parques infantis, áreas de convívio, praça de leitura, quiosque e galpão de mariscos.
“Com toda essa ocupação nas margens do rio, vamos precisar dar um tratamento urbanístico às margens. A ideia é fazer um grande parque linear que traga de volta a comunicação da população com o rio”, explicou. “O projeto está em fase conceitual e tem como diretriz a integração da malha urbana com a ZEIS [Zona Especial de Interesse Social], a conexão da comunidade com a frente d’água, a valorização dos remanescentes de mangue e o respeito às atividades existentes”.
Compaz – O secretário executivo de Segurança Cidadã do Recife, Paulo Moraes, tratou do Compaz que deve se situar no terreno do Aeroclube e junto ao parque. Ele destacou a oferta de serviços do Centro e diferenciais como a presença de uma biblioteca viva (voltada à arte-educação), um laboratório da primeira infância e a integração com o Complexo do Aeroclube.
“Temos um Compaz que tem condições de representar um novo momento no futuro das pessoas que vão conviver no parque. Este Compaz é diferenciado em relação aos demais porque vai ter a parte esportiva no parque e é integrado a ele. Apenas a parte da piscina será do lado do prédio”, enalteceu.
Creche-escola – Além do Compaz, deverá ser construída uma creche-escola na área entre o parque e os habitacionais. A respeito desse equipamento, falou o gerente geral de Infraestrutura da Secretaria de Educação, Eugênio Leicht.
“A creche vai atender crianças de zero a cinco anos. A previsão inicial é trabalhar com 126 crianças em horário integral”, relatou. “O seu conceito tem um grande vão de convívio que vai circundar três módulos: a parte administrativa, a parte de serviços e as salas de aula. Trabalharemos com 12 salas de aula, sala de recursos multifuncional e sala de artes”.
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – Os investimentos do Complexo do Aeroclube também devem contemplar a construção de uma UPA nas imediações. De acordo com a representante da Secretaria de Saúde Juliana Martins, cerca de 10500 pessoas residentes na área devem ser beneficiadas, inclusive os moradores dos conjuntos Encanta Moça I e II.
“A UPA será localizada na praça do Bode, a 1,5 km do Complexo. Ela vai ser contituída de uma unidade de saúde da família com três equipes. O perfil da unidade será a da oferta de consultas odontológicas, médicas e de enfermagem para o acompanhamento pré-natal, puericultura e o planejamento reprodutivo, além do acompanhamento de tuberculose, hanseníase e grupos prioritários”, adiantou.
Ao final da audiência, foram respondidas perguntas enviadas pela imprensa e pelos mandatos dos vereadores Renato Antunes (PSC) e Ivan Moraes (PSOL). Dentre os temas discutidos, estavam o financiamento da obra e as expectativas de discussões sobre o planejamento urbano das áreas que serão destinadas ao setor privado.
Em 30.09.2021