Dia do Idoso é destaque em reunião pública

No dia 1º de outubro, comemora-se o Dia do Idoso, pessoa que possui idade igual ou superior a 60 anos. Essa data marca o dia em que a lei n°10.741 (Estatuto do Idoso) entrou em vigor. E para prestigiar os idosos, a vereadora Liana Cirne (PT) presidiu uma reunião pública virtual, na manhã desta quinta-feira (21), na Câmara Municipal do Recife. “ É preciso chamar a atenção para a existência de desigualdades, geralmente como resultado de uma acumulação de desvantagens ao longo da vida, e entender quais são as necessidades e se os serviços à população idosa estão sendo oferecidos pelo poder público”, justificou a parlamentar.

Segundo o IBGE, a população idosa brasileira é composta por 29.374 milhões de pessoas, totalizando 14,3% da população total do país. A expectativa de vida em 2016, para ambos os sexos, aumentou para 75,72 anos, sendo 79,31 anos para a mulher e 72,18 para o homem. “Esse crescimento representa uma importante conquista social e resulta da melhoria das condições de vida, com ampliação do acesso a serviços médicos preventivos e curativos, avanço da tecnologia médica, ampliação da cobertura de saneamento básico, aumento da escolaridade e da renda, entre outros determinantes”, disse Liana Cirne.

Ao iniciar o evento, Liana Cirne confessou que a pauta dos idosos é extremamente especial. “Essa pauta chegou para mim de modo muito intenso e afetivo porque sou filha de Ziurna Cirne, musicoterapeuta e especialista em gerontologia e ativista pelos direitos da pessoa idosa. Minha mãe concluiu sua quarta especialização aos 70 anos”. Liana Cirne também citou ações na Câmara Municipal do Recife em defesa da pessoa idosa. “Foram emendas ao Plano Plurianual para incentivar a rede de acolhimento de idosos; fomentar profissionalização; fortalecer o Consultório na Rua e a formação continuada dos membros e técnicos do Conselho de idosos. Além das emendas, vários requerimentos foram aprovados como a construção de um abrigo aos idosos em situação de rua; atividades de educação e saúde nas unidades de Saúde da Família do Recife; campanha de conscientização para o combate à discriminação à pessoa idosa; atividades específicas nas Academias da Cidade, entre outros”.  

Margarida Santos, presidente do Instituto de Pesquisas e estudos da terceira idade –IPETI, abordou dados da população idosa e fez uma alerta aos profissionais de saúde. “Recife é terceira capital no processo de envelhecimento e felizmente 90% dos mais de 60 anos estão vacinados contra covid-19. O que nos preocupa são alguns profissionais que não estão preparados para atender casos crônicos. As universidades não tinham conteúdos gerontológicos e foi uma luta da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).  Importante salientar que não temos nenhum centro de convivência pública”.

Aparecida Andrade, fisioterapeuta e especialista em saúde do idoso, citou que, segundo os estudos científicos, o envelhecimento é natural e não uma doença. “Envelhecer é construir valores positivos para a vida e chegar à maturidade é um bônus. O envelhecimento tem que estar atrelado às políticas públicas e a sociedade abraçada com políticas públicas. Marco Túlio Cícero escreveu, em 44 a.C., a obra “Catão, o velho, ou diálogo sobre a velhice”:  Não é à velhice que devemos culpar, mas a nós mesmos, especialmente quando a lamentamos, já que “os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a velhice, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade”.

Antônio Rodrigues Júnior, especialista da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), elogiou o evento e destacou que mais iniciativas como a reunião pública eram necessárias. O especialista, assim como Aparecida Andrade, pontuou que era um retrocesso considerar que a velhice era doença. “Todas as instituições se colocaram contra. Não é um CID ou clínica que diz se eu sou doente ou não. O envelhecimento é saber as suas capacidades físicas e intelectuais. Precisamos incentivar idosos em todas as esferas; criar redes de apoio e construir o significado da potencialidade, além do centro de convivência que ainda não temos”.

Cirlene Silva, doutora e mestra em psicologia clínica especialista em Gerontologia e diretora da Unicap Prata, ressaltou as ações da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). “A Unicap possui serviço de atenção à pessoa idosa; clínica psicológica tanto individual quanto em grupo, estimulação cognitiva e parcerias com a Prefeitura. Temos a Universidade Não Tem Idade com objetivo de fazer com que as esposas com mais de 60 anos retornem ao campus seja com cursos, graduação e especialização. Queremos também trazer pós-graduações, mestrado e doutorado. A procura tem sido muito boa em busca dos cursos”.

A mestra lembrou do estudo sobre a Violência contra idosos com um perfil sociodemográfico dos familiares agressores, tipos de violência e motivações para sua ocorrência. “Estudei o tema e foi um trabalho inédito no mundo todo. Com essa pandemia, houve um aumento da violência. É necessário estudar a possibilidade de se implementar na delegacia, juizado ou vara, uma intervenção aos agressores”.

Cacilda Medeiros, gerente da Pessoa Idosa do Recife, enalteceu a importância de haver a inclusão da pessoa idosa no Plano Plurianual e que o Ministério da Saúde deveria estar engajado. “É ótimo que a Câmara esteja discutindo que a velhice não é doença. O Ministério da Saúde não tem envolvimento com a causa da longevidade. A SBGG já está na luta e é preciso que as associações de Neurologia, Cardiologia e o Cremepe também se unam. Para o Recife, o Compaz do Alto de Santa Terezinha possui um espaço para os idosos com uma sala e semanalmente o grupo se reúne no local”.     

Em 21.10.2021