Liana Cirne defende não adesão ao Programa Nacional do Livro Didático
A adoção de livros didáticos nessa faixa de ensino é promovida na última edição do PNLD pelo Governo Federal e causou reações negativas de estudiosos e profissionais. Por meio do PNLD, é realizada a compra de livros didáticos que serão distribuídos para as escolas brasileiras – em sua última edição, o Programa destinou um investimento de R$ 1,4 bilhão à compra de 172,5 milhões exemplares.
Em seu discurso, Liana Cirne salientou que o uso de livros didáticos na educação infantil destoa do que é previsto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela recuperou, ainda, a discussão feita sobre o requerimento nas reuniões plenárias virtuais da semana passada. “O BNCC estabelece que a brincadeira, a socialização, a interação são as formas de educar crianças nessas idades. Por isso, na semana passada citei a importância de as crianças brincarem com cubos, com livros lúdicos e desenharem”, afirmou. “A vereadora Ana Lúcia (Republicanos) trouxe a questão da escolha dos livros pelos professores em sala de aula. Não sei se entendi, mas essa escolha não ocorre da maneira democrática como entendo que deveria”.
De acordo com Cirne, os professores também já demonstraram não concordar com a nova diretiva do Governo Federal. “É importante ouvirmos os professores. É crucial fazer isso lembrando que, quando falamos de opções metodológicas para a educação infantil que podem violar as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, essa não pode ser uma escolha individual do professor ou professora. Deve ser uma escolha de grupo, e como grupo os professores se posicionaram, por meio de suas associações e entidades, contrariamente a essa escolha. Além disso, as universidades que pesquisam esse assunto também se posicionaram contra”.
A parlamentar não deixou de refletir sobre a possibilidade de influência de interesses econômicos na introdução de livros didáticos no ciclo da educação infantil. “Precisamos entender os interesses do mercado editorial junto ao Ministério da Educação. O MEC é o ministério mais disputado de todos porque tem um dos maiores orçamentos anuais, por causa dos livros didáticos. Foi por isso que Bolsonaro abriu mão de Weintraub, um dos seus piores ministros do ponto de vista do senso comum e um dos melhores para ele, do ponto de vista ideológico: para fazer um acordo com o ‘centrão’. Cedeu o Ministério de Educação para o ‘centrão’ por causa do orçamento, por causa dos livros didáticos”.
Em 05.10.2021