Osmar Ricardo comenta discurso de vereador contra requerimento

A Câmara do Recife aprovou, neste terça-feira (26), um requerimento de autoria da vereadora Dani Portela (PSOL) e do vereador Ivan Moraes (PSOL), que concede voto de aplauso à seccional pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por instalar placas que respeitam a identidade de gênero das pessoas nos banheiros de sua sede. Durante o debate, o vereador Osmar Ricardo (PT) se pronunciou para demonstrar apoio à proposta e criticar expressões usadas pelo vereador Júnior Tércio (Podemos) para se contrapor à proposta. Em outro momento da reunião, o vereador apoiou um requerimento de Liana Cirne (PT) contra notícias falsas em relação ao Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).

As placas instaladas na OAB visam a incluir pessoas trans (transexuais, travestis, transgênero). De acordo com Osmar Ricardo, a medida é apoiada por ambas as correntes que disputam a Ordem. Ele refletiu, ainda, sobre a proliferação de discursos de ódio em alas bolsonaristas e em alguns setores religiosos e políticos. “Tem duas chapas na OAB e as duas defendem essa posição. Deus não quer briga. Não quer ódio no coração de ninguém. E não quer essa conversa desencontrada para fazer política. A democracia é um direito de todos e todas e precisa ser respeitada, até a forma de falar nesta Casa. A vereadora [Dani Portela] e o vereador [Ivan Moraes] estão de parabéns por esse requerimento”.

Em um aparte, Moraes também frisou que há divergência sobre o tema na OAB é mínima. Ele não deixou de fazer pontuações, como o colega, sobre temas de religiosidade e disputa política. “Não é possível que ,em 2021, ainda haja dúvida de que as pessoas precisam ir ao banheiro do gênero que se identificam. Em muitos lugares do mundo, o banheiro é comum a todos os gêneros. Estamos diante de uma fala polêmica gerada por muito poucos advogados, em um universo de mais de 25 mil sócios e sócias da OAB”, disse. “Em nenhum momento, Jesus Cristo falou contra pessoas que amam outras pessoas. Esse mesmo Jesus Cristo, em nenhum momento, exerceu atos de violência física, a não ser contra os vendilhões do templo de Jerusalém. Jamais perdeu a paciência, a não ser com aquelas pessoas que enganavam outras em busca de dinheiro e poder”.

O vereador Rinaldo Junior (PSB) lamentou a escolha de palavras feita por Júnior Tércio na tribuna virtual da Câmara Municipal. “Escutei atentamente o discurso de todos. Não gosto de entrar nessa polêmica criada sobre a sexualidade do próximo. Para mim, não deveria nem ser  debatido, porque é natural. Não quero faltar com o respeito ao vereador que iniciou o debate. Peço que tenha mais responsabilidade com essa tribuna”.

Voto de repúdio a fake news contra o MST – Na reunião plenária remota desta terça-feira, também foi aprovado pela Câmara um voto de repúdio formulado pela vereadora Liana Cirne (PT) a Abimael Santos, integrante de um grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, pela divulgação de notícias falsas contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Durante a discussão, o vereador Osmar Ricardo se pronunciou favoravelmente ao requerimento.

“O MST é uma entidade que, há muito tempo, luta por terras produtivas e vem desenvolvendo atividades importantes no país e no mundo. Nem tudo o que se coloca na mídia e nas redes sociais é verdade. O presidente da república, Jair Bolsonaro, é o chefe das fake news. Inclusive, foi retirado do Facebook e do Instagram por notícias mentirosas e que criaram polêmica. A mentira tem que acabar”, afirmou.

A vereadora Dani Portela também teceu comentários sobre o espalhamento de notícias falsas. Ela criticou, ainda, discursos feitos na tribuna da Câmara contra o MST. “Mais uma vez, quero demonstrar indignação e surpresa com os discursos desinformados, repletos de mentiras, seguindo o presidente da República, que se tornou um verdadeiro pai da mentira. É absurdo o que foi dito aqui sobre um movimento que luta por terra, por justiça e reforma agrária há tantos anos em um país de latifúndios. Um país onde as bancadas da Bala, do Boi e da Bíblia têm retirado direitos, vidas e riquezas do nosso povo”.

Ivan Moraes lembrou que o propósito do requerimento é demonstrar repúdio à divulgação de fake news, mas não deixou de rebater críticas ao MST. “O requerimento não é um julgamento do MST. O que está em discussão é o repúdio a uma mentira. Quem votar a favor, diz que não pode distribuir notícias falsas. Quem votar contra o requerimento não vota contra o MST, mas a favor da mentira”, explicou. “Mas, para falar do MST, você tem que se tornar o maior produtor de alimentos orgânicos da América Latina. Para falar do MST, você tem que assentar 350 mil famílias através do processo de reforma agrária. Tem que construir 2 mil escolas públicas e alfabetizar 200 mil pessoas. Não estamos falando de qualquer movimento, mas de um dos maiores movimentos sociais do campo da América Latina”.

Em 26.10.2021