Planejamento Urbano discute Plano Diretor de Drenagem do Recife
Além de lembrar a relevância do tema da drenagem para a cidade, o vereador Zé Neto, reforçou que discutir este assunto faz parte das atribuições da Comissão de Planejamento Urbano e Obras. “A gente sabe de particularidades do Recife, suas questões geográficas e históricas de ocupação. É um desafio para a gestão municipal e, ao mesmo tempo, não é um problema de hoje”.
Para o diretor Executivo de Infraestrutura da Emlurb, Daniel Saboya, o assunto é complexo e envolve esforços de várias áreas, tanto na parte de investimentos, quanto na parte de dedicação e compromisso do pessoal da Autarquia. “É um trabalho cotidiano que vai desde a limpeza de canais e galerias até outras ações. O que é preciso ser dito, também, é que há um compromisso da gestão com o tema”.
Coube ao engenheiro da Emlurb, Pedro Oliveira, fazer uma explanação através de slides sobre “O Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Recife”, fruto de um grande trabalho concluído em 2016 e que deve ser revisto a cada dez anos, ou seja, em 2026. O Plano faz um diagnóstico da cidade, mostrando que é formada por “um meio físico com frágil constituição do território e forte presença da água”.
Tal trabalho contemplou no sistema de macrodrenagem 99 canais, em 132.787 km de extensão, e no que diz respeito a microdrenagem, 1558 km em galerias e canaletas. O Plano prevê a necessidade de cerca de um bilhão de reais em recursos a serem investidos.
Segundo o estudo, a cidade está submetida a questões como erosão, deslizamentos, inundações entre outros problemas, que são acentuados por conta de uma ocupação com aterros, intensificada nos meados do século 20. Um dos desafios, quando se analisa o atual sistema de drenagem do município é modificar o “conceito higienista (que trata de afastar a água), para se trabalhar com o conceito moderno ambientalista (que busca conviver com a água)”.
O engenheiro da Emlurb ressaltou, também, que o Recife sofre influências das marés, que afetam a micro e macro drenagem. “Nós temos áreas da cidade que só com a influência da maré já ficam alagadas, a exemplo da Rua Aurora, Vila São Miguel e Avenida Recife”, disse. Mas, há outros problemas recorrentes no sistema de drenagem, como o uso do sistema para escoamento de dejetos, ocupação de áreas de inundação, obstruções na macrodrenagem em virtude da presença de esgotos e crescimento da vegetação, além de galerias semi-obstruídas e danificadas.
“A ocupação humana ao longo dos rios e canais, bem como nos morros e encostam aumentam as vazões, a formação de sedimentos e põem em risco a vida da população”, destacou Pedro Oliveira.
O vereador Alcides Cardoso questionou “como o Plano de Drenagem aborda a questão da elevação do nível das águas?”. O engenheiro Pedro Oliveira disse que o assunto diz respeito a um cenàrio nacional e que já vem sendo discutido há algum tempo. “Essa questão do nível do mar, passa por uma série de ações onde estudos relatam que ocorrerão o aumento de 30 cm, isso pode variar e chegar até 50 cm”.
Ele lembrou que o Recife já foi alvo de avanço e recuo do mar. “Há dois milhões de anos já chegou a 10 metros, há 5200 anos outro avanço porém menor”. Disse também que o avanço do mar é uma questão nacional e que já foi criado há alguns anos um grupo de discussão encabeçado pela Secretaria de Meio Ambiente.
Em 22.10.2021