Michele Collins pede que governador e prefeito repensem o carnaval

Um apelo para que o governador Paulo Câmara e o prefeito João Campos avaliem a possibilidade de adiarem a realização do Carnaval de 2022, previsto para ocorrer em fins de fevereiro e início de março, para uma outra data, foi feito pela vereadora Michele Collins (PP). “Em requerimento que estou apresentando a esta Casa, não peço a suspensão, mas que eles avaliem a possibilidade de segurarem a festa um pouco mais”, disse a parlamentar, na reunião plenária virtual da Câmara Municipal do Recife, realizada nesta segunda-feira (16). “Faço esse apelo como vereadora, pensando em muitas vidas perdidas, pois nenhuma vida tem preço. E penso ainda nos milhões de reais, do dinheiro público, que foram necessários para montar e desmontar hospitais”.

A vereadora assegurou que muitas pessoas têm procurado o seu gabinete pedindo para que ela pleiteie a suspensão ou transferência do carnaval. O motivo do temor das pessoas é a compreensão de que a pandemia de covid-19 ainda não está sob controle. “Hoje, o Estado de Pernambuco totaliza, ao longo da pandemia, 636 mil infectados e 20.118 mortos. Esses números bastam para refletirmos se é possível realizar uma festa do tamanho do carnaval do Estado”, disse. O coronavírus, disse ela, apresenta variáveis, com novas variantes, “e ainda nos encontramos em surto da variante delta”, alertou. A parlamentar lembrou que, em países da Europa e da Ásia, que tinham sanado a pandemia, está ocorrendo uma terceira onda. Ressaltou que a Europa e a Ásia registraram nas últimas semanas 1,8 milhões de novos casos e cerca de quatro mil novas mortes.

“Mais importante do que realizar o carnaval é fazer o controle total da covid-19 em Pernambuco e no Recife. O carnaval atrai milhares de turistas e as pessoas tanto podem pegar a doença como trazer o vírus”, afirmou. A vereadora ressaltou que o prefeito João Campos, sozinho, não pode decidir pela realização ou não da festa, mas sugeriu que ele escute a população.  “Sugiro que se faça uma pesquisa de opinião para saber se as pessoas concordam com a realização do carnaval em março de 2022 ou mais adiante. Ainda é tempo de a gestão pensar e de procurar saber se população quer e se está realmente preparada”.

A vereadora lembrou que só o desfile do Galo da Madrugada reúne cerca de 2 milhões de pessoas. “Uma reunião de 2 milhões nas ruas é muito perigoso. Se fosse apenas um por cento do Galo já seriam 20 mil. E isso já seria também muita gente numa situação de pandemia”, comparou. Para compensar as perdas financeiras das agremiações e dos artistas que dependem do carnaval, a Prefeitura do Recife distribuiu, este ano, o auxílio AME Carnaval. “É bom já se pensar em uma alternativa como essa, uma proposta para que as pessoas possam se sustentar caso a festa não ocorra; e não terem problemas”, disse.

A vereadora lembrou que a realização do carnaval passou a ser uma possibilidade desde que começou a campanha de vacinação. “Existia uma grande esperança na vacina, mas ela foi frustrada, pois mesmo com a vacina, está ocorrendo a terceira onda em muitos países. E até mesmo aqui a contaminação ainda ocorre com muita frequência”. Ela citou como exemplo casos da família em que o filho dela, que tomou as três doses da vacina, contraiu o vírus e hoje está em recuperação. “Meu filho já estava com a terceira dose, pois ele é de grupo de risco e foi liberado por recomendação médica. Pensei que ele estava super protegido, mas quando menos esperou, pegou a covid-19. Isso nos mostra a fragilidade da vacina”.

O marido e uma filha da vereadora também estão com covid-19. “Todos estavam vacinados”, disse. Ela ressaltou que “nunca foi dito que a vacina impedia de as pessoas terem a doença, mas que ela pode frustrar as expectativas também”.  Michele Collins argumentou ainda que a covid-19 é uma doença ainda desconhecida e que,  após a vacina, um novo modelo de tratamento está sendo adotado. “Muitas coisas mudaram no período pós-vacina. Tudo ainda é muito incerto. Por tudo isso, precisamos nos proteger e cuidar, amar a todos”.

 A vereadora contou, ainda, que no final de semana, enterrou uma grande amiga que morreu de covid-19. “Ontem, estive no cemitério de Paulista, enterrando uma amiga de 22 anos de amizade. E ela tinha se vacinado. Externo o meu carinho a Esmeraldina Santana, uma mulher que dedicou a vida à obra missionária. Ela ficou doente há 15 dias e rapidamente faleceu. O esposo e filho dela também estão com a covid-19, mas estão se recuperando”.

Michele Collins lamentou que há um grande número de pessoas que estão relaxando com as medidas preventivas, pois não usam máscaras, nem álcool 70, e muitos locais já liberaram a aferição de temperatura. “Mesmo antes do carnaval, muita gente está aberta para a doença. Fazem aglomeração. Por isso, trago esse importante questionamento ao nosso prefeito e ao governador.”


Em 16,11.2021.