Tadeu Calheiros debate a falta de segurança nas ruas do Recife

Preocupado com a violência urbana, o vereador Tadeu Calheiros (Podemos) promoveu audiência pública na tarde desta quarta-feira (17), de forma remota, para debater o tema “A (In)segurança nas ruas do Recife”. Ele focou os debates nas ocorrências policiais do bairro das Graças, zona Noroeste, em especial nas proximidades dos grandes colégios que se localizam nessa e nas regiões vizinhas, que têm diversos estabelecimentos de ensino. “Esta não é uma busca de responsabilização pelos casos. Sabemos do esforço e da competência da Polícia Militar, mas há cobranças que nos chegam e sabemos que as ocorrências são numerosas. Essas denúncias devem ser postas e a fiscalização é o nosso papel para melhorar a segurança”, justificou. Ele disse que a audiência foi motivada por pais de alunos que fizeram relatos e queixas de roubos que ocorrem nos horários de entrada e saída dos estudantes nos colégios.

No início da audiência pública, o vereador exibiu um vídeo com manchetes de jornais locais que comprovam as ocorrências de crimes diversos, não necessariamente ligados aos colégios. Mostrou notícias de casos violentos e contra o patrimônio, taxas de crimes como homicídio, e um gráfico de ocorrências de crime no Recife feito pela Organização Não Governamental Fogo Cruzado. “O problema é sério e estamos preocupados com eles. Para se ter uma ideia, somente este ano 284 requerimentos foram protocolados pelo conjunto de vereadores desta Câmara, solicitando melhorias na segurança no Recife”, disse. Participaram da audiência pública os vereadores Tadeu Calheiros, Alcides Cardoso (DEM) e Joselito Ferreira (PSB). O vereador Fabiano Ferraz (Avante) fez uma breve participação.

Os convidados foram o assessor da Associação Comercial de Pernambuco, João Guerra; o gerente de Segurança, representante do Colégio Damas, Waldenilson Barros Barbosa; os representantes do Colégio Agnes, Everaldo Trajano; do Colégio São Luiz, Manoel Cláudio Guimarães; e a supervisora pedagógica do Nossa Senhora de Lourdes, Isabelle Santos. Da área de segurança, participaram os coronéis Adalberto Freitas, representante da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã; e o coronel Warren, diretor adjunto da Diretoria Integrada da Polícia Metropolitana, representante da Secretaria de Defesa Social e do Comando Geral da Polícia Militar de Pernambuco.

O vereador Alcides Cardoso considerou que a audiência pública foi o  ponto de partida de uma luta da qual ele compactua. “Terça-feira, com autoria do vereador Fabiano Ferraz, aprovamos aqui na Câmara Municipal do Recife a criação de uma frente parlamentar que vai discutir o treinamento da guarda municipal armada. Isso faz parte de uma mesma questão. Sou defensor de policiais, assim como sou dos médicos e professores”. Ele parabenizou Tadeu Calheiros pelo tema da audiência pública dizendo que é pai de um jovem que hoje tem 27 anos e de outra de 15. “Ambos estudaram no mesmo colégio e, apesar da diferença de 10 anos de um para o outro, são os mesmos problemas de segurança na mesma escola”. Alcides Cardoso e Tadeu Calheiros, juntos,  já apresentaram 50 requerimento buscando melhoras na segurança da cidade.

O vereador Joselito Ferreira parabenizou Tadeu Calheiros “por mais uma iniciativa importante”, mas lembrou que existe um esforço por parte do Governo do Estado, e da Prefeitura do Recife, para combater a violência. Ele reforçou o discurso de que as pessoas vêm sofrendo com os constantes assaltos e roubos, e estão reclamando da insegurança, com crimes a qualquer hora do dia ou da noite. “Vou aproveitar para registrar que ontem à noite, no bairro de Jardim São Paulo, houve uma tentativa de homicídio. Quinta-feira passada, minha filha foi assaltada dentro do ônibus e os ladrões levaram o celular. A falta de segurança é um tema importante e o número de assaltos está aumentando”.

O vereador Fabiano Ferraz disse que é importante a interação com a segurança pública para combater os casos de violência. O primeiro convidado a falar foi Waldenilson Barros Barbosa, do Colégio Damas. Ele disse que, na fase crítica da pandemia, os casos de roubo na região diminuíram, devido ao menor fluxo de estudantes na região. Ele acha que com as rondas policiais eu vêm ocorrendo com frequência, os roubos que eram constantes, também foram reduzidos. O representante do Colégio São Luiz, Manoel Cláudio Guimarães, foi na mesma linha e assegurou que “o apoio do 13º Batalhão, que aumentou as rondas, tem proporcionado mais segurança para todos nós que trabalhamos no entorno”. Já o representante do Colégio Agnes, Everaldo Trajano, disse que os bandidos atuam nas proximidades das escolas, desarmados, mas usam mãos e gritam para intimidar os jovens. Segundo ele muitas abordagens são feitas por bandidos que usam bicicletas.

A supervisora do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, Isabelle Santos, disse que trabalha na instituição há 30 anos e que a questão da violência é permanente. “Os roubos e furto são frequentes e não são um problema de hoje. Sofremos, inclusive, por causa de uma galeria que existe próximo ao colégio. Nós temos visto uma crescente na violência por conta da questão social que vivemos”. A educadora comentou que os ladrões fazem abordagens para tomar os celulares dos jovens e também para atacar os pais que levam as crianças para a escola e que ficam vulneráveis. “Eles sabem que ali têm uma vítima em potencial”, lamentou. Isabelle Santos afirmou que ela, como cidadã, também tem medo de transitar na área.

O representante da Associação Comercial de Pernambuco, João Guerra, foi o único participante que não era representante de escolas. Mas, ele argumentou que a falta de segurança não é exclusiva de uma área da cidade, mas de todas, e que as ocorrências podem impactar na economia. “Entendo que a falta de segurança exige mais patrulhamento e segurança ostensiva, pois o medo das pessoas termina por dificultar o estímulo ao empreendedorismo”. Ele questionou se a Guarda Municipal não poderia ser inserida nesta discussão? E garantiu que ela pode contribuir para um trabalho mais ostensivo no sentido de garantir a segurança pública.

O coronel Adalberto Freitas, representante da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã disse que “o tema é muito complexo, pois a questão da segurança está na pauta mundial”. E reconheceu que, no Brasil, no atual momento social, a violência, junto coma fome e as desigualdades sociais são temas principais e prioritários. “Os números, no entanto, mostram que o Pacto pela Vida tem baixado os índices de violência, mas a sensação de segurança é peculiar e pessoal”. Ele argumentou que o problemas dos colégios é antigo e que “a bandidagem procura esses colégios porque sabe que os alunos têm dinheiro”. Ele assegurou que a Polícia Militar está fazendo uma operação chamada Alerta Celular, que tem ajudado a recuperar e devolver os equipamentos roubados aos proprietários.

O coronel afirmou ainda que a questão da segurança pública é uma preocupação constate da atual gestão municipal e que a PCR vem ampliando a iluminação pública para ajudar nessa sensação de segurança do cidadão. Quanto à proposta de a Guarda Municipal vir a ser inserida na segurança pública ele afirmou que “temos estudado e conversado sobre a ampliação da Guarda, mas o município precisa fazer um planejamento de aumento do efetivo”. Mesmo assim, a Guarda Municipal, disse ele, já vem fazendo um trabalho de apoio à Polícia Militar em grandes eventos, parques e praças públicas. “Também fazemos um trabalho preventivo no Compaz. A parte orçamentária, no entanto, não é confortável, mas vamos continuar colaborando”.

O diretor adjunto da Diretoria Integrada Metropolitana da Polícia Militar, que na audiência representou a Secretaria de Defesa Social e o Comando Geral da PMPE, coronel Warren, disse que os crimes violentos contra a vida e o patrimônio, em Pernambuco, estão em redução se comparados com 2020. “Isso ocorre em todo o Estado e também na Região Metropolitana. Especificamente no Recife há índices satisfatórios. Nossa problemática, hoje,  no Recife, é que temos 1 milhão e 700 mil habitantes, 101 bairros, e uma densidade populacional grande. E como disse Maquiavel, onde a riqueza chega a miséria chega junto. A miséria, aqui, é o bandido, o criminoso”.

Ele explicou que não só o posto policial da praça da Jaqueira foi desativado, como diversos outros, porque a dinâmica dos postos não funcionavam. “Chegamos à conclusão de que era melhor colocar os policiais em locais onde os crimes eram mais frequentes do que deixá-los estáticos. E colocamos viaturas nos locais. Os postos são bons mas só servem para quem mora perto dele. As viaturas circulando dão mais sensação de segurança”. Ele lembrou que a questão da segurança é histórica na região abordada pela audiência pública. “Tem muitos grandes colégios, mas há outras áreas do Recife que também estão sofrendo com isso. A diferença é que, nessas áreas, há um clamor público maior”.

O coronel Warren lembrou que estão funcionando, nessa e em outras regiões do Recife, a Patrulha da Segurança, Patrulha dos Estudantes e que ultimamente a região dos colégios que são foco da audiência pública foi reforçada com a Operação Visibilidade. Essa operação, disse ele, está em funcionamento desde seis de outubro e consiste em colocar em circulação várias motos, fazendo a ronda, desde o bairro de Casa Forte ao Espinheiro, sempre de segunda a sábado. “Ela vai durar muito tempo”. O oficial também afirmou que a corporação tem deficiência de policiais, pois a PM tem reformulado a previdência e isso tem ocasionado um grande aumento de policiais pedindo aposentadoria e atinge planejamento operacional.

“Vivemos uma defasagem policial, mas estamos esperançosos. O Governo do Estado formará 750 policiais militares em janeiro e 60 oficiais, autorizando aumentar o quantitativo do policiais na Região Metropolitana. Estamos esperançosos de que em 2022 haja uma melhora. A cada dia ‘apagamos incêndio’. Aqui no Recife, temos em funcionamento a Operação Boa Viagem, a Agamenon Magalhães, e a Operação Sede, para atender o centro e o centro estendido. Com a Operação Visibilidade comprovamos que a segurança dos estudantes é prioridade nossa. Mas, a  PM, para defender a sociedade, tem recebido muita carga”, disse.

No final, o vereador Tadeu Calheiros fez alguns questionamentos: “Se temos horários preestabelecidos de entrada e saída dos estudantes nos grandes colégios, não podemos planejar uma maior ostensividade para garantir o fluxo de entrada? A Prefeitura pode melhorar a iluminação da Rua Doutor Malaquias e no entorno dos outros colégios?” Como encaminhamentos ele propôs que representantes do Governo Estado e da PCR possam corroborar nas solicitações de ampliação da iluminação pública, de câmeras de videomonitoramento nas ruas, aumento do efetivo da guarda municipal, aumento da nomeação de novos policiais militares, mais viaturas nas ruas e reativação de postos de policiamento.


Em 17.11.2021.