Aumento de pessoas baleadas dentro de casa está associado à flexibilização das armas, diz Dani Portela
De acordo com Portela, só no primeiro semestre foi registrado um aumento de 47% em relação ao mesmo período de 2020. No Recife, 15% de todas as pessoas baleadas foram atingidas dentro de suas casas.
“Das 200 pessoas baleadas, 79% delas foram mortas e 21% feridas. O Instituto revela que a média de baleados dentro de suas casas é assustadora: 22 por mês. A gente não pode esquecer que ainda estamos tendo que lidar com um momento muito difícil. Estamos falando de uma pandemia. O coronavírus ainda atinge todo o Brasil”, lembrou a vereadora. “A casa deveria ser o lugar da segurança. Mas é assustador quando olhamos para os dados e vemos que nem permanecer em casa é seguro”.
Segundo a parlamentar, o Recife tem sido palco de situações comparáveis – ou até piores – de outros grandes centros urbanos reconhecidos por sua violência. “É importante dar destaque a esse aumento do número de mortes dentro de casa que está se desenhando aqui no Recife. O estudo revela que esse número é elevado até para regiões que consideramos ser regiões com grande violência armada, é o caso da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo. Pasmem, na região metropolitana fluminense, o quantitativo de baleados dentro de casa é 76% menor que o quantitativo do Grande Recife”.
Dani Portela argumentou que como, como os casos da capital pernambucana são mais focalizados que em cidades como o Rio de Janeiro, seus problemas são mais sentidos pela parte mais vulnerável da população recifense. Ou seja, mulheres vítimas da violência doméstica e jovens negros, pobres e periféricos.
A parlamentar também destacou o papel da política de desarmamento que ocorre no país em tempos recentes. Ela se mostrou preocupada com a proliferação de clubes e estandes de tiro na cidade. “O estudo aponta que um elemento importante para pensarmos nesse aumento é a flexibilização no porte de armas. Só em 2020, as solicitações para posse e porte de armas no nosso estado aumentaram em 8 vezes se comparadas a 2018. Se, em 2018, tínhamos 1.171 solicitações, em 2020 foram 10 mil. O resultado dessa política de armamento incentivada pelo Governo Federal começa a ser sentido em nosso Estado”.
Em um aparte, o vereador Ivan Moraes (PSOL) também fez uma reflexão sobre o crescimento de clubes e estandes de tiro no Recife. Ele afirmou que alguns participantes desses clubes têm abusado de suas licenças – que permitem o transporte de armas apenas de suas casas até o local de prática de tiro – para burlar a legislação que limita o porte. O parlamentar adiantou, ainda, que vai cobrar da Prefeitura um detalhamento de seus critérios para a concessão de alvarás para esses estabelecimentos. “Seguiremos lutando para que o uso da arma de fogo seja exclusividade da força coercitiva do Estado e que ele não seja estimulado. O nosso mandato, tem uma audiência pública já aprovada pelo coletivo da Casa para saber, minuciosamente, quais são os critérios da Prefeitura para aprovar estandes de tiro em locais da nossa cidade. A gente acredita que tenha que haver uma regra para que a existência deles não ponha em perigo as redondezas, o bairro em que ele se localiza”.
Em 20.12.2021