Comissão sobre a Retomada do Carnaval escuta artistas e representantes de agremiações
“Fizemos essa Comissão e vamos entregar um relatório prévio ao prefeito João Campos, no próximo dia 22. Precisamos ouvir a cadeia produtiva do Carnaval para construir esse relatório. A palavra de ordem da Comissão é cautela. Na próxima segunda-feira será contemplado o eixo econômico e, na quinta-feira, a Comissão entrará em contato com as Câmaras Municipais de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza mostrando que as Casas Legislativas estão preocupadas”, enfatizou o vereador Marco Aurélio Filho.
O vereador Ivan Moraes (PSOL) destacou que existem festas fechadas e que soluções precisam ser estudadas. “Fica complicado dizer ao carnaval que o rico vai brincar e o pobre, não. Estamos vivendo um governo Federal negacionista que não cobra passaporte sanitário, mas tenho certeza de que encontraremos soluções. Não adianta fechar os olhos para o que está acontecendo. Se você for para vários lugares da cidade, vai ter orquestra de frevo tocando porque as pessoas ali estão vacinadas. Vamos discutir à luz da ciência para entender qual o carnaval podemos ter e quais soluções sanitárias poderão ser adotadas”.
O vereador Chico Kiko (PP) falou que era carnavalesco e que o prefeito João Campos se preocupa em fazer uma festa dentro da responsabilidade. “Sou carnavalesco há 27 anos, com o bloco Forte Folia, na Avenida do Forte, e eu me sinto feliz quando uma multidão brinca naquele momento, mas temos que pensar em fazer um carnaval que não prejudique a saúde. Temos um prefeito que se preocupa com as pessoas, desde o artista até a pessoa que vai vender uma água e trazer o sustento para a sua casa. Formamos essa Comissão para trocar ideias”.
O vereador Tadeu Calheiros (Podemos) explicou que era médico e que quanto maior a cobertura vacinal, melhor para a população. “Atuo na linha de frente da pandemia, estou com minhas três doses, um ávido defensor da vacinação. A vacina salva vidas, e quanto mais avançar a cobertura vacinal, mais será a facilidade para a liberação da vida pré-pandêmica. Temos que trabalhar muito forte, ampliando os postos de vacinação. Não podemos ter uma postura para um público e outra para outro público. Que contemple a cidade como um todo, e não guetos. Montaremos a temática sanitária e teremos um parecer temporário na decisão que vamos tomar”.
O vereador Marcos di Bria Junior (PSB) enfatizou a importância da Comissão para o Recife. “Esse colegiado vem para debater e levar o nosso parecer do que será o melhor para a capital pernambucana. Vamos em frente”. Já o vereador Alcides Cardoso (DEM) falou do valor em coletar pensamentos e propostas. “Vamos somar as ideias e fazer um carnaval de uma maneira diferente. Se não puder ter, o próprio carnaval é quem vai dizer”.
De forma remota, a vereadora Ana Lúcia (Republicanos), que também faz parte do colegiado, falou da necessidade de discutir o formato do evento “de tanta grandeza para o povo. Essa luta é desde o início da pandemia. As pessoas que sobrevivem da cultura precisam saber quais serão as alternativas sanitariamente possíveis, se não houver carnaval. E lembro que quando se falava em flexibilização, as igrejas não foram permitidas e não fomos ouvidos. A escuta é essencial”.
Presidente da Comissão de Saúde, a vereadora Natália de Menudo (PSB) enalteceu que sugestões positivas sairão dos encontros da Comissão. “É um momento de responsabilidade e precisamos saber quais serão os protocolos aplicados. Sabemos que o setor artístico foi o primeiro a parar e o último a retornar. Podem contar com esse time aqui”.
A deputada estadual Carol Virgolino anunciou que haverá uma audiência pública dia 9, às 16h, de forma virtual promovida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, para também tratar do tema. “Vamos debater quais são os formatos que podem surgir para que se tenha um carnaval da forma que puder ter. A desigualdade social existe hoje porque não tem vacina na África. E não podemos ter desigualdade no carnaval, nem festas pagas somente para quem pode pagar. Tem que ter festa para quem não pode pagar também”.
Fabiano Santos, da União dos Afoxés de Pernambuco, ressaltou que era preciso repensar a desigualdade da cultura popular. “Repensar um carnaval é repensar na requalificação econômica de cada brincante. O auxílio ofertado no carnaval anterior foi de extrema marginalidade para os presidentes de instituições e pessoas de referência de banda, porque não atendeu à cadeia produtiva da cultura. Teve entidade que recebeu R$ 980 reais com 50 brincantes, e orquestra que recebeu R$ 640 reais com 50 músicos. Como garantir uma cadeia produtiva na sua totalidade sem repensar nessa requalificação?”
Jadion Helena, do Acorde Levanta pela Música de Pernambuco, confessou que artistas sobrevivem o ano inteiro com os recursos do carnaval. “Estamos falando de vidas. O Acorde pensou propostas para um carnaval seguro e não cabe um auxílio com um valor da metade de um show”. O Maestro Formiga, também presente no plenarinho, se sentiu contemplado com as falas. “Vamos unir os tambores e alfaias que beneficiam a nossa saúde e não o som dos trios elétricos. O Recife não é feito para anunciar 30 trios e, sim, 30 orquestras de frevo”.
Rodrigo Menezes, do Galo da Madrugada, citou pesquisas que fez com dados da pandemia e anunciou a sugestão de uma pulseira aos participantes da festa. “Chegaremos com a dose de reforço antes do carnaval. Diversas manifestações aconteceram ultimamente, e não houve alteração no quadro pandêmico. No Portal G1, em outubro, por exemplo, foi publicado que oito das 14 cidades do Estado não apresentam mortes desde o dia 29 de setembro. Segundo dados da Prefeitura, veiculados em 29 de outubro, eram oito dias sem nenhuma morte no Recife. Então vamos penalizar os 93% da população que aderiram à vacinação em prol dos 7% que tiveram essa irresponsabilidade? Como sugestão, seria a distribuição de uma pulseira única de vacinados, como acontece com os shows fechados. Vamos fazer o carnaval dos vacinados”.
Dudu Alves, do Quinteto Violado, também fez uma sugestão em relação a uma campanha de divulgação, com artistas locais, em prol da vacinação. “A vacinação, por sinal, é a grande saída para essa pandemia”. A cantora Gerlane Lopes também enalteceu a vacinação e destacou conhecer profissionais que sofreram necessidades durante a pandemia. “A gente precisa ter uma força direta com as pessoas porque muita gente morreu, não só do vírus, como pela falta de alimentos. Recebi vários pedidos de músicos e artistas que estavam precisando alimentar a família. Se não tiver carnaval, vamos fechar as portas das agremiações”.
Em 02.12.2021