Liana Cirne alerta para a elitização do carnaval na pandemia
“Compreendo as razões do requerimento da vereadora Michele Collins e entendo que essas razões são de ordem sanitária. Acho que o debate é relevante, mas não posso ficar insensível aos argumentos esposados aqui pelo vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), que é o presidente da Comissão para discutir a retomada dos grandes eventos”, analisou Cirne. “De antemão, antecipo que votarei contra, por entender que cabe à Comissão concluir essa etapa de debates. Votar o requerimento neste momento significaria atropelar os trabalhos da Comissão”.
A vereadora pontuou que, mesmo provocando aglomerações, as festas privadas vão ter uma liberdade que não poderá ser concedida aos festejos de rua. “Compartilho da preocupação sanitária que está por trás do requerimento. E gostaria de acrescentar outras preocupações que me deixam profundamente sensibilizada e que dizem respeito à possibilidade de o nosso Carnaval ser, mais uma vez, elitizado”, disse. “Os empresários já venderam os ingressos todos – e para ter milhares de pessoas dentro desses carnavais ‘camarotizados’. Cultura popular não se faz de pulseirinha em camarote VIP, mas na rua. E é óbvio que ela [a folia de rua] será penalizada”.
Segundo Liana Cirne, é preciso se antecipar para resguardar as expressões populares que caracterizam o Carnaval recifense. “Não se acaba com uma pandemia por decreto e temos que ter responsabilidade sanitária. Não vejo condições sanitárias de termos um Carnaval de rua. É preciso começarmos a discutir o auxílio emergencial do Carnaval e pensarmos a sua ampliação para toda a cadeia produtiva, inclusive para os ambulantes. Há a necessidade de pensarmos em alternativas, como o Carnaval remoto, transmitido por streaming, e um Carnaval gratuito em equipamentos públicos, submetido a controle de público”.
Em 07.12.2021