Segurança pública de Setúbal é tema de audiência pública

Ao abrir os trabalhos da audiência, Muniz disse que o seu objetivo principal era realizar uma escuta daqueles que trabalham com o enfrentamento à violência e dos moradores que sofrem com o problema diariamente. “Nas redes sociais e andando pelas ruas, temos recebido muitas queixas dos assaltos e roubos que tem acontecido na região de Setúbal. Em setembro, houve uma baixa nos números de crimes contra o patrimônio, mas em outubro e novembro isso voltou a crescer. Queria ouvir dos moradores a angústia do que eles têm passado”.

O parlamentar fez questão de ressaltar que o propósito do debate não é invalidar o trabalho das forças de segurança. O patrulhamento da área é feito pelo 19º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco. “É um pessoal dedicado, esforçado, que está nas ruas muitas vezes com poucas condições de atuar. Toda crítica e sugestão feita aqui não é contra a Polícia Militar de Pernambuco, mas para que a gente possa apoiá-la, em especial o 19º Batalhão”.

Membro do Coletivo Setúbal, entidade civil de moradores da região, Daniel Uchôa relatou que a comunidade tem visto crescer o número de arrombamentos, furtos e roubos. “Encontramos muita dificuldade de trabalhar essas questões, ainda mais em um momento como este, de pandemia, em que vemos o agravamento da desigualdade social do Recife. Esse novo contexto faz com que o morador e o comerciante da Zona Sul fiquem assustado e, muitas vezes, desesperançado. Diariamente, temos visto arrombamentos em comércios, residências, edifícios. Temos até visto a presença da Polícia Militar ser intensificada nos últimos meses, mas isso não tem dado conta do problema. Queremos uma ajuda do poder público”.

Síndico de um prédio da comunidade, André Felipe Nunes disse que é preciso melhorar a segurança ostensiva nas vias menos movimentadas. “Essa insegurança é notada por todos os moradores do bairro. Não temos segurança nem dentro da própria casa. Além de portões, roubam as proteções de esgotos e de águas fluviais. Vemos a presença do policiamento nas avenidas principais, mas nas vias transversais não notamos tanto. Sabemos que o poder público tenta de toda forma melhorar a segurança, mas peço um apoio maior nas ruas transversais, onde os assaltos mais acontecem”.

O Secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife, Adalberto Freitas, refletiu sobre as dificuldades de garantia de segurança nos setores policial e judiciário, mas lembrou que a questão é de fundo estrutural na sociedade. “A gente tem acompanhado essa situação dos arrombamentos na região. O problema de polícia também, mas é principalmente social. Buscamos juntar forças, arrumar uma ocupação para o pessoal. Nem só de polícia se faz segurança. Se faz segurança para resolver esses problemas sociais com convivência”.

Questionado sobre a atuação da Guarda Municipal do Recife, ele lembrou que o órgão tem limitações para atuar no setor de segurança pública. “A atribuição constitucional da Guarda Municipal é fazer a guarda do patrimônio público. O que temos ali em Setúbal é o parque Dona Lindu. Estamos fazendo um trabalho na Via Mangue e, agora, na avenida Boa Viagem. Mas não fazemos um trabalho nas comunidades porque não temos essa atribuição constitucional e nem os equipamentos adequados para essa atividade”.

Subcomandante do 19º Batalhão, o major Sandoval da Silva afirmou que Setúbal é um caso de sucesso do modelo comunitário de policiamento e a Polícia trabalha para levar mais melhorias à área. De acordo com ele, a cooperação tem levado à identificação de pessoas que praticam crimes na localidade.

“Nós estamos sempre em contato com as comunidades. São oito os bairros de responsabilidade do 19º Batalhão e Setúbal é uma das comunidades onde a gente tem o melhor aparato, o sistema Koban de Polícia Comunitária. Eles nos trazem imagens dos indivíduos que estão furtando e temos prendido pelo menos uma pessoa por dia por meio de identificação por imagens”, contou. “Continuamos na perspectiva de melhorar e trazer sensação de segurança para Setúbal. Nossa preocupação principal não são os moradores de rua, mas o bandido infiltrado entre eles”.

Em 16.12.2021